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Ex-modelo carioca cria entidade para promover a igualdade racial

Cansada de sofrer preconceitos pela cor de sua pele, ela luta contra a desigualdade e promove a mobilização da sociedade a favor da causa racial.

Por Priscila Doneda
Atualizado em 21 jan 2020, 11h20 - Publicado em 19 abr 2016, 14h32
Alexandre Cassiano (/)
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Aos 27 anos, Luana Génot dedica o seu tempo ao combate do preconceito racial e é a idealizadora e diretora do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) e da campanha “Sim à Igualdade Racial”. No entanto, a sua batalha não é recente e a sua história precisa, sim, ser contada.

Luana era modelo e estava na Europa quando procurou uma agência que a representasse em Paris. Um dos agentes a elogiou, mas ressaltou que a cor de sua pele seria um problema para a sua carreira. E este foi o estopim para que a bela se reconhecesse como vítima deste tipo de preconceito. “Foi aí que eu percebi que fazia parte de um grupo que sofre racismo e o fato de não poder estar nas revistas era parte de um regime racial que excluía o negro”, conta. “Isso também me despertou para alguns casos da minha infância, como quando tinha nove anos e cheguei a me desenhar loira de olhos azuis. A ficha realmente caiu aos 18 anos, mas, ao longo de toda a minha vida, eu sofri racismo e não me dava conta da gravidade de tudo isso“, pontua.

Mas a vontade de dar a volta por cima sempre foi mais forte que a de desistir. “Sobretudo, desde que recebi desse booker uma mensagem dizendo: ‘você é bonita, mas você tem um problema, porque você é negra‘. Eu fiquei pensando que isso não poderia ser um problema, eu não poderia permitir que isso fosse um problema. Então, a partir desse momento, considero que comecei a dedicar a minha vida para mudar essa perspectiva, tentar achar uma solução para que o ser negra não seja mais um problema”, explica.

Ao perceber que ganhava menos e trabalhava mais que suas colegas brancas, depois de dois anos e meio no ramo da moda, Luana decidiu abandonar carreira e ingressou no curso de Publicidade da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Em 2012, ela conquistou uma bolsa para estudar marketing e temas relacionados a raça, etnia e mídia na University of Wisconsin, em Madison, nos Estados Unidos. Lá, ela foi voluntária na campanha do Presidente Obama e trabalhou em uma agência de publicidade específica para afro-americanos, que era parte de uma grande agência internacional, na qual faziam muitos programas para empoderar a imagem dos negros e falar sobre a temática racial do país.

Mario Epanya
Mario Epanya ()

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Apaixonada por esse novo mundo, no ano seguinte, Luana criou a ONG Identidades do Brasil. “Quando voltei, fiquei com muita vontade de começar uma iniciativa desse tipo. Passei a pesquisar e, como moro no Rio de Janeiro, não encontrei nada exatamente neste viés, que falasse, com um teor publicitário atraente, sobre a questão da igualdade racial e fizesse com que as pessoas da sociedade civil pudessem, como um todo, se mobilizar em torno dessa causa”, relembra.

Para isso, é claro que a jovem tinha mulheres incríveis que a inspiraram a entrar, cada vez mais, nesta luta. “A primeira foi a minha mãe. Eu me lembro que, por conta dos casos de racismo que eu sofria em sala de aula, cheguei a mudar de escola. Minha mãe foi conversar com o diretor sobre esse problema e ele disse que era brincadeira de criança. Ela sabia que não era só isso, que ele deveria ter sido mais incisivo e que a sua reação tinha sido inadmissível”, considera. “Hoje, encontro algumas inspirações através de autores como Stuart Hall, Lélia Gonzalez, Munanga Kabengele e Dilma de Melo Silva. Essas pessoas me fornecem fortes aprendizados e também base acadêmica, para que eu possa ter embasamento para produzir o conteúdo da campanha e das minhas palestras”, comemora.

A missão do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) é mobilizar a sociedade civil a favor da igualdade racial. “Por meio da campanha ‘Sim à Igualdade Racial’, queremos mostrar que a luta pelas ações afirmativas e contra o racismo não é uma causa só do negro, mas de toda a sociedade, de maneira geral“, expõe. Assim, a entidade faz isso com conteúdos produzidos com a finalidade de explicar para as pessoas o que é o racismo, como ele se propaga e o que ele causa, por exemplo. Para isso, Luana, que agora é mestranda em relações étnico-raciais, conta com a colaboração de um corpo de professores e acadêmicos. Ademais, o Instituto também produz eventos, promove corridas, organiza palestras e visa o licenciamento de empresas para a arrecadação de fundos – estes, por sua vez, são distribuídos para outras ONGs que também trabalham com o empoderamento social.

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A ideia é que o símbolo do Instituto, um coração estilizado, formado a partir de quatro tons de pele, unifique ações afirmativas. “Sabemos que existem vários movimentos e entidades lutando por isso. Então, criamos um símbolo que possa, justamente, potencializar a arrecadação de fundos e empoderar essas outras entidades que estão lutando, além de criar uma empatia com a sociedade, em geral”. Segundo Luana, o ID_BR está em negociação com 20 empresas que demonstraram interesse no licenciamento da marca. Além disso, o Instituto está em contato com 15 ONGs espalhadas por Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Salvador, a fim de montar sua rede de atuação.

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