Ela criou um negócio digital que conecta o investidor com o projeto social
Nadia Léauté Legrix quer fazer o dinheiro chegar em projetos que impactam a comunidade e, assim, promover uma transformação social
A internet tem muitos defeitos, mas é inegável que ela nos deu o benefício de eliminar distâncias e permitir encontros antes quase impossíveis. Isso acontece na seara amorosa, claro, com todos os aplicativos de relacionamento. Mas, cada vez mais, essas conexões inesperadas têm se dado com objetivos profissionais. Uma das empresas que tem promovido essa ideia é a Blend Inspire. Fundada pela francesa Nadia Léauté Legrix, a startup cresceu ainda mais durante a pandemia.
O que Nadia faz é romper com as bolhas sociais. Ela junta no mesmo ambiente virtual CEOs, diretores de ONGs e de movimentos sociais e artísticos. “A responsabilidade social é uma obrigatoriedade para empresas hoje e nós ajudamos as companhias a encontrar projetos para investir que combinem com seus valores”, explica ela em entrevista a CLAUDIA.
Nadia mora no Brasil há muitos anos. Já teve passagens por empresas como Rolex, LVMH, Pernod Ricard e L’Oréal. Com um rico e vasto networking e grande interesse por arte, ela decidiu juntar esses ingredientes em um negócio que causa impacto social. “Começamos com ações físicas. Juntamos em uma loja um pessoal de grande capacidade de investimento com um grupo de samba da periferia e o projeto lavanderia social, que oferece lavagem de roupas para moradores de ruas”, lembra-se. Para Nadia, a arte e a filantropia elevam a mente e, por esse motivo, os eventos são sucesso garantido.
Com a chegada da pandemia, Nadia, assim como a maioria dos empreendedores, precisou se adaptar. E se surpreendeu com o novo modelo, que virou ainda mais necessário e eficiente. “Já fizemos três edições. Promovemos visitas virtuais ao ateliê de um artista, que fez as vezes de guia num passeio exclusivo. Também fizemos campanhas de crowdfunding para projetos durante o evento virtual. Com o sucesso, as empresas começaram a pedir para que fizéssemos as ações para os funcionários, já que cada um está na sua casa e a relação está mais esfriada”, conta Nadia.
A ideia, entretanto, não é que as ligações se encerrem na hora que câmera e microfone forem desligados. O intuito de Nadia e continuar a promover conexões posteriores, então todo evento tem algum tipo de acordo para continuidade do relacionamento. Em um dos exemplos, ela conseguiu uma mentoria para garotas de um projeto de empoderamento de jovens de periferia. “Não tenho interesse em quem só quer doar e oferecer algo durante a pandemia, mas em quem acredita em mudança a longo prazo, para realmente transformar a sociedade brasileira. A missão é levar a diversidade para dentro da corporação”, afirma.
E mesmo que o isolamento termine em breve, Nadia tem certeza que o modelo virtual continuará a ser muito procurado. “Descobrimos essa ferramenta e esse método que funciona superbem para essa função, permite encontrar pessoas de todo o país, não só da cidade. Isso dá outra amplitude ao negócio”, justifica. Nos planos a curto prazo para a Blend estão a organização de um coletivo de mulheres interessadas em arte, para conectá-las a artistas que estão produzindo com diferentes técnicas por todo o território nacional e também um modelo de grupo focado em bem-estar, técnicas meditativas. O contato pode ser feito através do Instagram da marca.
Em tempos de isolamento, não se cobre tanto a ser produtiva