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Com a ajuda das redes sociais, mães empreendedoras se reinventam na crise

Criativas, três empreendedoras contam como usam as redes sociais para ampliar a clientela em tempos de distanciamento social

Por Júlia Warken
Atualizado em 30 jun 2021, 13h33 - Publicado em 9 Maio 2020, 19h00

A pandemia da Covid-19 tem representado um enorme desafio para todo mundo, em menor ou maior grau. Em meio à crise, inúmeros empreendedores buscam alternativas para pagar as contas no fim do mês e não existe receita de bolo para isso, mas algumas ideias são inspiradoras.

As redes sociais, por exemplo, podem ser grandes aliadas de quem toca pequenos negócios. CLAUDIA conversou com três mulheres que são mães e microempreendedoras e que estão recorrendo, mais do que nunca, ao marketing digital e à comunicação online com seus clientes. Conheça aqui as histórias delas.

O pulo do gato

Keilla Colombo tem três filhos, entre um e sete anos, e encontrou na paixão por gatos uma fonte de renda. Em 2017, ela criou junto com o marido Maycon a marca Dona Gatolina, especializada em moveis sob medida para felinos.

“Aos 20 anos eu tive minha primeira filha e, logo na sequência, engravidei do segundo. Isso me tirou do mercado de trabalho e não consegui voltar a estudar. Então eu tive que, dentro de casa, desenvolver alguma coisa para que eu pudesse ganhar dinheiro”, conta ela. Keilla é artesã e começou a costurar caminhas para gatos e cachorros. Em São Carlos (SP), onde mora, ela é conhecida por resgatar gatos abandonados e, por conta disso, não teve dificuldade de achar clientes.

A ideia dos móveis acabou surgindo quando o marido de Keilla perdeu o emprego, no final de 2016. Ele é projetista e tem conhecimento em marcenaria, o que fez com que o casal tivesse a ideia de mergulhar fundo no mercado pet. Mesmo assim, a marca representava apenas uma renda complementar, pois Keilla trabalhava fazendo faxinas.

De 2016 a 2019, ela conseguiu terminar o ensino médio, entrou para a faculdade de psicologia e teve o terceiro filho. Em meio a tudo isso, o negócio cresceu e acabou se tornando a única fonte de renda da família. Com a chegada da crise, surgiu a necessidade de turbinar a divulgação virtual da Dona Gatolina, pois o bom e velho esquema de boca a boca está prejudicado pelo distanciamento social. “Antes eu fazia uma postagem por semana no Instagram, hoje faço no mínimo uma postagem a cada dois dias. E de cinco a dez stories por dia”.

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Keilla também conta que, ao longo do tempo, modificou o estilo dos posts. Nas redes sociais da Dona Gatolina, ela posta fotos de seus gatos e até da família, em tom descontraído, e também compartilha histórias referentes ao resgate de animais. “Mais do que ver nossos móveis e nossas instalações, os clientes queriam saber quem nós éramos. E eles queriam saber se eu realmente gostava de gatos”, aponta.

A empreendedora passou a entender o valor da conexão com os clientes e diz que essa descoberta foi como “a abertura do mar vermelho”. Através do Facebook e do Instagram pessoas do Brasil inteiro passaram a saber que Keilla tem 15 gatos e que já foi responsável por achar um lar para diversos outros bichos – e isso faz toda a diferença para os amantes de felinos, que são seu público alvo. Hoje, a marca vende 120% a mais do que no mesmo período de 2019.

E como faz para tocar os negócios e ter três crianças em tempo integral dentro de casa? “Tivemos que reprogramar toda a rotina. Montar cardápio para alimentação, separar o tempo de trabalho de cada um para o outro ficar com as crianças e projetar nas madrugadas – quando as crianças dormem e conseguimos trabalhar juntos. Mas as postagens diárias e o atendimento ao cliente, vou fazendo o dia todo, conforme dá”, revela.

Keilla com o marido Maycon, os filhos Rafael, Matheus e Malu e a gatinha Branca
Keilla com o marido Maycon, os filhos Rafael, Matheus e Malu e a gatinha Branca (Jhessica Viana/Arquivo pessoal)

Comida na mesa

Com muito suor e quase duas décadas guardando dinheiro, Vicentina Mangini tornou-se dona de um restaurante em 2018. O Estação da Joaquim atende quem trabalha nos escritórios do Itaim Bibi, um importante polo empresarial de São Paulo. Veio a Covid-19 e Tina precisou fechar as portas pelo período da quarentena, mas agora faz marmitas para vender no centro da capital paulistana, onde mora. 

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Ela prepara as refeições na cozinha de casa e atende os clientes de segunda a segunda. Dessa forma, além de conseguir pagar as contas, Tina também aproveita os insumos que já havia estocado no restaurante. “Vendo bastante para quem continua trabalhando e também para idosos, que têm dificuldade maior que jovens e adultos, pelo fato de estarem no grupo de risco”. 

Tina tem uma filha de 24 anos e um filho de sete. O pequeno foi passar as férias escolares em Minas Gerais, com a avó, e é a mais velha quem ajuda a empreendedora nessa nova fase. Rafaela entrega as marmitas na vizinhança e divulga o trabalho da mãe pela internet, enquanto não está ocupada com a faculdade.

A filha Rafaela ajuda Tina com a divulgação e as entregas
A filha Rafaela ajuda Tina com a divulgação e as entregas (Tina Mangini/Arquivo pessoal)

No Facebook, grupos de moradores do bairro de Santa Cecília e arredores têm sido um bom canal de divulgação para as marmitas que Tina prepara diariamente. Ela confessa que não é muito familiarizada com as redes sociais e que também não tem tempo para dedicar-se às postagens. Por isso, a ajuda da filha é essencial. 

O WhatsApp também virou canal de divulgação e ajuda Tina a se comunicar com os clientes. “Às vezes eu estou ali cozinhando, aí o WhatsApp toca e você dá aquela paradinha para poder digitar. Se você parar para atender o telefone e conversar, acaba se atrapalhando. Por mensagem é mais prático”.  

Tina comemora o sucesso da nova empreitada. O rendimento não é o mesmo do restaurante, mas ela consegue dar conta das despesas. Mesmo assim, apesar da boa clientela no bairro onde mora, ela diz que não terá como manter o serviço de entrega de marmitas depois da quarentena, por falta de tempo. Atualmente, Tina prepara sozinha todas as refeições e consegue atender a cerca de 20 pedidos por dia. “Eu queria continuar, mas vou ter que estudar isso”, aponta.

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Para o Dia das Mães, ela bolou um cardápio especial, mas nem divulgou isso na internet. “Já tenho encomendas e, se eu colocar nas redes, acho que não consigo atender todo mundo. Está dando certo, graças a Deus”.

Tina com o marido Dagmar e o filho Davi
Tina com o marido Dagmar e o filho Davi (Tina Mangini/Arquivo pessoal)

Renovando ideias

Mãe de três crianças, Caroline Mandotti resolveu se aventurar no mercado dos acessórios infantis. A ideia surgiu porque ela não encontrava faixas, bandanas e laços feitos com tecidos básicos. “Tudo tinha muito brilho. Não sei explicar, mas não fazia o meu estilo”, revela.

Além disso, Carol sempre preocupou-se com sustentabilidade e começou a costurar acessórias para a bebê com tecidos de roupas que já não usava mais. “Era um hobbie. Eu trabalhei por 14 anos na área da saúde, mas sempre gostei de moda. E também sempre gostei muito de transformar os móveis na minha casa, usando caixotes de feira e coisas do tipo. Na minha casa tudo é assim, reciclado”.

A ideia transformou-se em empreendimento e também em projeto social. Hoje, Carol é dona marca #Mamãeqfez e coordena um projeto de capacitação e ressocialização de presidiárias e ex-presidiárias. “Quando eu busquei essas meninas, eu vi a sustentabilidade através de vidas também, sabe? Eu acredito que as pessoas também precisam ter uma segunda chance. Falar de reciclagem, de sustentabilidade, de renovação… é desde peças de roupa até pessoas”. 

Frente à pandemia, Carol se viu preocupada com o negócio, já que inúmeras pessoas estão tendo que cortar gastos. Por outro lado, entendeu que tinha nas mãos um bom modelo de vendas, através de delivery. Funciona assim: ela monta uma “cestinha” com diversos acessórios e um motoboy entrega os produtos a domicílio. Assim, o cliente pode escolher as peças que quer comprar e devolve o restante.

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A #Mamãeqfez já disponibilizava o serviço de delivery antes da pandemia, mas ele foi ampliado. O marketing nas redes sociais também aumentou, segundo Carol. Além do maior número de posts, ela lançou a promoção “me indique e ganhe uma peça” – o que gerou ótimos resultados.

A empreendedora diz que está muito satisfeita com o volume de vendas e que, por enquanto, só atende clientes de São Paulo e Guarulhos. “Não sei se estou certa, mas eu busco fomentar aqui na região. Quero deixar bem consolidado aqui e, aí sim, ir aumentando conforme a gente for fazendo o melhor aqui. E aos poucos a gente vai entendendo todos os processos também”.

Carol diz que também se preocupa em passar segurança aos clientes em relação à higienização dos produtos que entrega, já que está todo mundo preocupado com a contaminação do coronavírus. “As redes sociais nos ajudam bastante nesse aspecto. A gente consegue falar disso nos stories, por exemplo”. Além de mostrar que a empresa está tomando as precauções necessárias, Carol aconselha que os clientes higienizem o pacote do produto. Outra mudança adotada é o uso de embalagens plásticas. Como todas as pessoas preocupadas com sustentabilidade, ela evitava usar o material, mas entendeu que é preciso se cercar de cuidados nesse momento.

Assim como Keilla, Carol também encontrou outro desafio: conciliar os negócios com o fato de que os três filhos estão em casa 24h por dia. “O escritório acaba virando cantinho de brincar. Lanço produtos, promoções e faço itinerário… tudo ao som de Lucas Neto e Playstation”, entrega, bem humorada. “Me policio para terminar como se fosse CLT [o horário de trabalho], mas quase sempre é impossível, pois durante o dia sempre dou uma paradinha para organizar algo com eles e até mesmo para rolar uma baguncinha entre nós”, finaliza.

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Carol com os filhos Sophia, Helena e Miguel
Carol com os filhos Sophia, Helena e Miguel (Caroline Mandotti/Arquivo pessoal)

Redes sociais e vendas: por onde começar?

Já faz algum tempo que o Facebook incentiva pequenos empreendedores a turbinarem as vendas através das redes sociais. A empresa disponibiliza cursos gratuitos para que as pessoas consigam usar melhor o Facebook, o Instagram e o WhatsApp nos negócios. Há também tutoriais no site do Facebook para Empresas e do Instagram para Empresas.

“Pequenos negócios são um dos principais pilares das nossas comunidades, e estão sofrendo diretamente com essa crise. Milhões desses negócios já estão usando o Facebook, Instagram e o WhatsApp, que agora são ferramentas essenciais para manter os negócios funcionando durante essa pandemia”, diz Maren Lau, vice-presidente do Facebook na América Latina.

Muitos empreendedores, como a Tina, ainda não dominam as ferramentas. Se esse é o seu caso, o primeiro passo é fazer uma página no Facebook e um perfil comercial no Instagram. É importante ter em mente que a página do Facebook vai ter uma série de recursos para alcançar clientes que um perfil não tem.

Criar uma identidade é bem importante. Você tem uma história por trás do produto que vende ou do serviço que presta? Faça como a Keilla e comunique isso aos clientes. Além disso, é interessante que você fale quem é você.

O próximo passo é construir uma comunidade de pessoas interessadas no seu produto ou serviço. Os grupos do Facebook são uma ótima alternativa, pois eles agrupam um monte de gente com interesses em comum. 

Feito isso, é muito importante abastecer as redes sociais com posts frequentes e responder os possíveis clientes com agilidade. Faça um documento com perguntas frequentes e prepare respostas para agilizar o processo. A interação com os clientes cria conexão e isso agrega valor à marca.

Além disso, conectar-se com os clientes pode ajuda-la a compreender quais são os produtos e serviços que as pessoas estão buscando. Nos stories, por exemplo, há funcionalidades especificas para fazer perguntas aos seguidores.

Também é importante ter algumas noções básicas de fotografia e vídeo. Calma, não é um bicho de sete cabeças! O Facebook disponibiliza o Mobile Studio, um site com dicas simples e gratuitas para a fazer conteúdos criativos e de qualidade usando apenas o celular.

“A disrupção causada pela pandemia está forçando as pessoas a mudar hábitos – do jeito que elas se comunicam a como elas compram. Esses hábitos muito possivelmente devem se manter, mesmo quando  a economia reabrir. Existe oportunidade para empreendedores levarem os seus negócios para o mundo digital”, aponta Maren.

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