Chega de mimimi: como a mentalidade errada pode afastar o sucesso
O sucesso depende menos de nossas habilidades e talentos e mais do tipo de mentalidade que adotamos
Como algumas pessoas conseguem obter sucesso profissional? Ou ainda terem êxito nos estudos? O segredo parece estar na mentalidade certa. Ou seja, na visão de mundo que adotam, no modo como compreendem a si próprias e o mundo ao redor.
Essa sacada da mentalidade não é minha (e nem é nova). A descoberta foi de Carol Dweck, renomada psicóloga da Universidade de Stanford. Foram décadas de pesquisas sérias com centenas de estudantes e profissionais para chegar a tal conclusão.
Ela percebeu que indivíduos bem-sucedidos aprendem com os erros. E, da próxima vez, fazem melhor. Acreditam piamente que são livres para traçar suas rotas e desenvolver novas habilidades ao longo da jornada.
O livro da pesquisadora o qual apresenta essa tese – intitulado “Mindset: The New Psychology of Success” – foi lançado há oito anos e ainda hoje é bastante comentado.
Recupero aqui porque ela trabalha com conceitos que valem muito para os profissionais da comunicação (sobretudo aqueles que trabalham em projetos digitais, em ambientes que demandam constante aprendizado).
Podemos resumir assim: o sucesso depende menos de nossas habilidades e talentos e mais do tipo de mentalidade que adotamos.
Qual tipo de mentalidade? Dweck cravou duas categorias: a mentalidade do crescimento e a mentalidade fixa (eu chamaria de aberta e fechada, para simplificar).
Dweck explica que, dependendo da mentalidade adotada, os profissionais podem ou não alcançar seus objetivos pessoais e profissionais e ainda ajudar aos outros (motivar os filhos a tirarem boas notas da escola, por exemplo).
Como funcionam essas duas mentalidades?
As pessoas que possuem uma mentalidade fixa tendem a acreditar no seguinte:
A inteligência é algo estático: há pessoas inteligentes e outras nem tanto.
O mesmo acontece com a criatividade.
O sucesso é um fenômeno quase genético: as pessoas que nasceram talentosas têm sucesso. Outras, não.
O importante é parecer inteligente (mesmo que não seja). Afinal, ninguém quer ganhar a pecha de perdedor.
Críticas ruins não servem para nada.
O sucesso dos outros é uma ameaça.
O sucesso acontece em condições ideais (no emprego mais desejado do mundo, com o chefe mais bacana do universo e com um salário imbatível).
Resultado desse mindset? A visão determinista de mundo faz com que esses indivíduos evitem desafios e desistam facilmente frente aos obstáculos. Deixam, portanto, de atingir seu potencial máximo.
Lembra do “Lippy and Hardy”, aquele desenho da Hanna-Barbera com uma hiena chamada Hardy? Aquela que vivia em lamúrias, dizendo “Ó vida, ó azar”? Pois bem… É mais ou menos isso, como se nada pudesse ser mudado ou melhorado neste mundo.
Agora, a lógica dos indivíduos que cultivam a mentalidade de crescimento. No que eles crêem:
Inteligência e criatividade podem ser estimuladas.
É possível construir novos conhecimentos e habilidades.
Nada substitui o trabalho duro.
Abraçar os desafios é importante para aprender coisas novas.
Persistir frente aos obstáculos faz parte do processo.
Ouvir críticas negativas ajuda a melhorar.
O sucesso dos outros é uma inspiração.
Aqui, o resultado é diferente: o êxito. Para esses indivíduos, nada os impede de crescer e alcançar seus objetivos. Eles se sentem muito mais livres para conquistar o que querem.
E será que somos capazes de mudar de mentalidade ao longo do tempo? A psicóloga escreve que sim (ainda bem). Inclusive da melhor visão de mundo para a pior (ok, nem tão bacana assim). E vai além: podemos adotar ambas as mentalidades para distintas áreas da vida.
O infográfico a seguir ajuda a compreender a diferença entre essas duas visões de mundo. A mentalidade fixa está à esquerda, em azul. À direta, em verde, observamos a lógica mentalidade de crescimento.
A mim não me parece que o verdadeiro debate seja “como ter sucesso na vida”. A questão é outra: sucesso mesmo é conquistar essa mentalidade evoluída. É não se sentir preso à crença de que não somos bons o bastante. É saber seguir em frente após os tombos (que não são poucos). É ser um sujeito que mantém sua auto-estima lá em cima e se esforça para evitar preconceitos bestas e ideias caducas. Sucesso é saber focar no que realmente importa.
Pensemos juntos: isso, por si só (mesmo sem um tostão no bolso), já não seria sinônimo de um belíssimo sucesso?
Matéria publicada em Brasil Post.