Uma amiga, quase cinquentona, levou um toco de um gringo, terminando um tórrido namoro. Juntos havia um ano, ela remoçou dez. Triste? Não! Ela até agradeceu a Nossa Senhora do Estrogênio todo o vigor recuperado na relação. Havia tempos que andava morna mas desde que ele a reencontrou no face e se viram pelo mundo – seu corpo virou labareda. Viajaram pelo globo fazendo do avião um cordão umbilical.
Passado o momento rala e rola, pensou nos motivos e descobriu: ela transou com ela mesma. Sacou que os suores, porras, tapas e beijos foram uma maneira – deliciosa – de se amar e o italiano do passado apenas um vetor.
Ele invocou nela a lembrança de um coração ardente, de uma pólvora estopim, de um caldeirão transbordante. Imaginou que fossem viver de conchinha (tolinha) mas descobriu que a chama acesa em sua alma valia muito mais.
Separada porém linda, magra, reluzente – voltou para si mesma – agradecida, sem lamúrias, mimimis, tristezas. Passada uma semana já estava até alegre com o rompimento do bofe. Sobraria mais tempo para os filhos, livros, viagens, cremes e sobretudo para nada fazer.
Na maturidade, menos é mais. A menopausa – terror da mulherada – para a minha amiga se transformou em colega. Rebatizada de momento ageless, não fez cara feia para a insônia, para o ressecamento, para os fogachos. Colocou seu look hippie, meio rock’n’roll e seguiu em busca de vida. Com certeza vai achar!
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