Ando com medo. De escuro, de bala perdida, de perder a memória. Medinhos e medões. Não sei se foi a pneumonia recente que me fez tomar zil remédios, cair de cama, tirar pressão e temperatura. Não sei se foi o pranto lavado que desaguei face à imagem da Nossa Senhora da Paz em seu centenário. Não sei se é a maturidade e a noção do finito.
Também contribui para isso a constatação que se poupa pouco para a velhice. Que aos 55 anos, o endividamento – sobretudo feminino – é altíssimo. Custos exorbitantes com plano de saúde, aluguel, secretária do lar, grana que se esvai em manicure, vinho, cineminha; filhos trintões que moram em casa mesmo tendo dois braços, duas pernas, um cérebro, sem falar no custo dos remedinhos, da maconha praquele tapinha ou algum aqué para poupar para os dias mais sombrios.
Nós mulheres temos um chip da dor de cabeça, que remói e faz pensar “e se… e se… e se….” atraindo milhões de zikas com pensamentos negativos. Tento fazer a livre, leve e boba. Sim, bobinha. Porque em tempos de maturidade, há que se amolecer e fazer a egípcia, mas eu insisto em ser a controladora, a senhora do meu castelo de sapê, a dona da porra toda, mas quando me dou conta, os boletos estão na minha frente, o medo ronda e penso: Vou ligar pra Marcia, assessora do Crivella, e garantir, pelo menos, a cirurgia grátis de catarata. Ah, meus 30 anos!