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14 mulheres negras que quebraram barreiras no universo da beleza

Modelos, miss e a criadora da primeira linha de produtos para cabelos afro dos EUA são exemplos empoderadores

Por Raquel Drehmer
Atualizado em 15 abr 2024, 15h17 - Publicado em 23 jun 2017, 11h05

Se ser mulher já não é um mar de rosas na maior parte do tempo – o assédio nas ruas corre solto e no trabalho também, e os homens têm salários em média 24% mais altos –, ser uma mulher negra é ainda mais difícil. Além do racismo que existe no dia a dia, a violência é alarmante: no último ano, 65,3% das mulheres assassinadas no Brasil eram negras, e o número de mortes de negras aumentou 22% (enquanto o de não-negras diminuiu 7,4%).

Diante deste cenário desanimador, luta e resistência são necessárias e todo exemplo empoderador é bem-vindo. Aqui selecionamos 14 casos de mulheres negras que quebraram barreiras no universo da beleza. Onde parecia não haver espaço para negras, elas abriram uma fresta e entraram, deixando o caminho aberto para outras se animarem e as seguirem.

Conheça estas histórias.

Luana de Noailles – primeira modelo brasileira negra a fazer carreira internacional

Luana de Noailles na revista francesa Collections Femme Chic, anos 1970 (Collections Femme Chic/Reprodução)

Esta história parece um conto de fadas, mas é vida real.

No começo dos anos 1970, quando seu RG ainda trazia o nome Raimunda Nonata do Sacramento, Luana foi descoberta como modelo. Apesar de fazer vários desfiles pelo Brasil, não era assim tãããão valorizada no mercado nacional. Tudo mudou quando Paco Rabanne – o próprio, ele mesmo, em carne e osso – ficou maravilhado com sua beleza e a incentivou a tentar a sorte na Europa.

Ela topou, virou Luana, desfilou para Paco Rabanne, Chanel, Yves Saint Laurent e Christian Dior, fez dezenas de editoriais de moda em revistas badaladas, encantou a todos por anos e acabou virando condessa ao casar com o conde francês Gilles de Noailles. Hoje, eles vivem em Paris.

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Deise Nunes – primeira Miss Brasil negra

(Reprodução/Reprodução)

Em 1986, o país viu pela primeira vez uma negra ser coroada Miss Brasil. Veja bem: já fazia 32 anos que o concurso existia e nunca uma negra havia recebido a coroa, a faixa e o manto de representante da nossa beleza – o que simplesmente não fazia sentido! A honra coube à gaúcha Deise Nunes, que se apresentou com seus cabelos naturais e um sorriso maravilhoso, além do porte e da elegância indispensáveis para uma Miss.

Coincidentemente, a atual Miss Brasil também é negra – é a paranaense Raissa Santana.

Tais Araújo – primeira negra na capa da Capricho

(Capricho/Reprodução)

Antes de ser esta baita atriz e mulher forte, Tais Araújo foi modelo adolescente. E das boas. Estrelou vários editoriais em diversas revistas e, em novembro de 1995, fez história ao ser a primeira negra em uma capa da Capricho – *A* capa desejada por dez entre dez modelos teen do Brasil. A edição era comemorativa do fim do apartheid na África do Sul.

Gracie Carvalho e Emanuela de Paula – primeiras brasileiras negras a desfilar para a Victoria’s Secret

Gracie Carvalho (esq.) e Emanuela de Paula (dir.) desfilam para a Victoria’s Secret (Dimitrios Kambouris e Jamie McCarthy/ThinkStock)

Brasileiras brancas a Victoria’s Secret já vinha tendo aos montes – Gisele Bündchen, Adriana Lima e Alessandra Ambrósio, entre outras –, até que em 2008 as negras Emanuela de Paula e Gracie Carvalho subiram à passarela da grife de lingerie para tornar justa a representatividade do nosso país.

Ana Flávia Santos – primeira negra a vencer o Super Model of the World Brasil

(Instagram @anaflaviacfs/Reprodução)

A baiana de 20 anos venceu o concurso da Ford Models em dezembro do ano passado e já dá seus primeiros passos na carreira de modelo. Esta foi a 24ª edição da etapa brasileira e nenhuma negra havia ficado em primeiro lugar até então. D-e-m-o-r-o-u!

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Em edições anteriores, o Super Model of the World revelou a top Adriana Lima e a modelo e atriz Camila Queiroz, entre outros talentos.

Maraisa Fidelis – blogueira de beleza negra pioneira no Brasil

(Instagram @blzinterior/Reprodução)

Quando Maraisa chegou ao mundo dos blogs de beleza, tudo era mato. O ano era 2012 e ela se jogou na internet com o Beleza Interior?, primeiro blog dedicado à beleza negra a fazer sucesso e ter repercussão no Brasil. Foi conquistando seu público fiel e hoje é influenciadora digital com 108 mil seguidores no Instagram. Todo mundo quer uma dica de Maraisa sobre maquiagem ou coloração para cabelos de negras.

Madam C. J. Walker – criadora da primeira linha de produtos para cabelos afro dos EUA

(Reprodução/Reprodução)

Cansada de não encontrar nenhum produto que tratasse seus cabelos com o respeito que eles mereciam, Sarah Breedlove – o nome profissional foi escolhido por ela ser casada com Charles Joseph Walker e, logo, ser a Senhora C. J. Walker – decidiu resolver o problema com as próprias mãos. Com os conhecimentos sobre cabelos que tinha aprendido com os irmãos barbeiros, em 1905 ela lançou sua primeira linha de xampus e cremes de tratamento para cabelos afro. Ela tinha 37 anos e uma filha pequena.

Aos poucos, Madam C. J. Walker construiu um império da beleza negra e hoje é reconhecida como a primeira mulher milionária self-made, ou seja, não herdeira dos EUA. E se hoje vemos tantos cabelos afro lindos e maravilhosos por aí, devemos muito a ela.

Helen Williams Jackson – primeira garota-propaganda negra dos EUA

(Reprodução/Reprodução)

Os EUA dos anos 1950 não davam muita importância para representatividade na publicidade, o que significa que negros simplesmente não apareciam nas propagandas. Quem quebrou esse tabu foi Helen, que bolou o plano de passar um ano em Paris “fazendo nome” como modelo para ser valorizada na volta para casa.

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Só que o plano não foi bem sucedido logo de cara. Mesmo com desfiles para a Christian Dior no portfólio, as agências norte-americanas a ignoravam. Ela não teve dúvida: chamou a imprensa para falar sobre o racismo na publicidade. Os jornalistas compraram a briga e o mercado entendeu o recado. Depois disso, Helen estrelou propagandas da Budweiser, da Kodak e da Bulova e abriu caminho para as outras negras que sonhavam em aparecer na publicidade.

Naomi Sims – primeira top negra dos EUA

(Revista Life/Reprodução)

Pode-se dizer que Naomi Sims foi, na virada dos anos 1960 para os 1970, o rosto. Ela foi escolhida o rosto do movimento Black Is Beautiful, foi a primeira negra a assinar contrato para ser o rosto da Revlon e a Life, revista mais prestigiada da época, deu um close de seu rosto na capa da edição sobre a ascensão dos modelos negros. E isso é só um pedacinho de tudo que ela fez durante a carreira.

Naomi foi a primeira top negra dos EUA porque insistiu muito para ser modelo: até cair nas graças do fotógrafo Gosta Peterson, que a colocou na capa do suplemento de moda do New York Times, ela ouviu redondos NÃOS de muitas agências, que alegavam na cara dura que ela não tinha futuro porque consideravam sua pele muito escura. Quantos bookers devem ter chorado de arrependimento…

Naomi Campbell – única negra do time das supermodelos dos anos 1990

(Karl Prouse/Getty Images)

Sims já havia se aposentado da vida de modelo quando outra Naomi, a Campbell, surgiu no mundo da moda. Ali pelo final dos anos 1980, a britânica foi descoberta e começou a se destacar.

No começo dos anos 1990, quando resolveram inventar um time de supermodel0s para agitar um pouco as passarelas, Naomi Campbell foi a única negra escolhida para a turminha. Suas colegas de time foram Cindy Crawford, Christy Turlington, Linda Evangelista, Tatjana Patitz – isso mesmo, as protagonistas do clipe de “Freedom ‘90”, do George Michael – e Claudia Schiffer.

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Alek Wek – primeira top negra com traços afro

(Elle USA/Reprodução)

Tudo muito bom, tudo muito bem, mas vamos e venhamos: o mercado da moda deu preferência às modelos negras com traços ~delicados~ (leia-se: mais próximos do padrão branco) por muito tempo. Quem quebrou essa hegemonia foi a sul-sudanesa Alek Wek. Rosto redondo, nariz largo, bocão e sorriso enorme são suas marcas registradas. Que mulher linda!

Alek foi descoberta na Inglaterra, onde era refugiada. Fez muitos e muitos e mais alguns trabalhos menores até estourar no mundo da moda ao ser capa da Elle norte-americana em abril de 1998. Sua carreira decolou e ela nunca mais parou.

Chanel Iman – primeira angel negra da Victoria’s Secret

(Theo Wargo/Getty Images)

Muitas negras já desfilavam pela Victoria’s Secret, mas foi só em 2010 que uma delas, Chanel Iman, ganhou o cobiçado título de Angel da grife de lingerie. Angels, para quem não acompanha esse movimento, são as modelos principais dos desfiles, as que ganham as grandes asas e podem usar o Fantasy Bra, peça máxima de cada Victoria’s Secret Fashion Show.

Além disso, Chanel faz todas as semanas de moda do Hemisfério Norte.

Maria Borges – primeira modelo a desfilar com cabelo afro para a Victoria’s Secret

(Pascal Le Segretain/Getty Images)

Não importa a cor da pele, uma característica sempre foi marcante nos desfiles da Victoria’s Secret: os cabelões enormes e lisos ou ondulados das modelos. A angolana Maria Borges quebrou o protocolo em 2015, quando entrou na passarela do Victoria’s Secret Fashion Show com seu cabelo afro curtíssimo, sem apliques, sem extensões, sem alisamento. Graças a ela, no ano passado mais modelos desfilaram com looks parecidos.

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Reza a lenda que Maria insistiu por aaanos até a grife concordar. Arrasou na valorização da beleza negra natural!

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