Filtro solar químico, físico e mineral: qual a diferença?
Os filtros podem ser químicos ou físicos, e até conter minerais. Confira o que muda de um para o outro
É um fato, mais do que comprovado cientificamente, que a luz solar em exposição excessiva é muito prejudicial para a saúde da pele, especialmente quando falamos em câncer. Por isso, a proteção com o uso de filtro solar é imprescindível. No entanto, no mercado da beleza, existem diversas opções de protetores solares, com filtros químicos, físicos e minerais. Vamos aprender as diferenças entre eles para fazer a melhor escolha?
“A luz solar leva à degradação do colágeno da pele, contribuindo para aumento da flacidez e linhas de expressão, as famosas rugas, induz o aparecimento de manchas, tanto escuras (acastanhadas ou pretas), quanto claras (esbranquiçadas), e, principalmente, a alteração em nível celular com aparecimento de câncer de pele”, comenta Ana Carina Junqueira, dermatologista especialista em tricologia.
Com os diferentes tipos de proteção disponíveis, fica a dúvida quanto ao melhor filtro para cada tipo de pele, e até a recomendação ou não do uso, como, por exemplo, para as grávidas e crianças menores de dois anos.
Conversamos com alguns especialistas para tirar as principais dúvidas e entender quais são os melhores protetores solares para cada pessoa. Confira!
Raios UVA, UVB, UVC…o que significam?
Na escola, a gente aprende que a luz solar possui diversos tipos de radiação, não só as visíveis, mas também radiações que não conseguimos enxergar, que são os raios infravermelho (IV) e os raios ultravioleta (UV).
Os raios UV são ondas eletromagnéticas que podem causar danos, sobretudo pela alta capacidade de penetração na pele e efeito cumulativo.
Eles podem ser subdivididos, de acordo com sua faixa de energia, em UVA, UVB e UVC, sendo este último absorvido totalmente pela camada de ozônio.
Ana Carina comenta que os raios UVA possuem maior comprimento de onda, penetrando mais profundamente na pele. São os principais responsáveis pelos sinais de envelhecimento, como rugas e flacidez.
Já os raios UVB causam queimaduras e vermelhidão, e possuem um poder maior de alterar DNA das células, levando ao desenvolvimento de câncer de pele. Para lembrar a diferença, pense no A de ‘aging’, ou envelhecendo, em inglês; e B de ‘burn’, queimar, em inglês também!
Diferenças entre filtro solar químico e físico
De acordo com Marina Lewinski, gerente de produto da ISDIN, o filtro químico é composto por substâncias orgânicas, naturais ou sintéticas, como o octocrileno e o metoxicinamato.
Eles penetram totalmente na pele e agem absorvendo a radiação ultravioleta, altamente energética, transformando-a em radiação inofensiva, ou seja, de baixa energia.
Já o filtro solar físico é composto de substâncias inorgânicas extraídas de minerais, como, por exemplo, o dióxido de titânio e óxido de zinco, que fazem uma barreira protetora na pele e refletem a luz solar, como se fossem ‘espelhos’.
São os mais indicados para pacientes muito alérgicos ou com pele hipersensível, além das gestantes e crianças menores.
“A molécula do filtro químico é muito complexa, pois ela interage com a radiação, transformando uma energia muito poderosa, que são os raios UVA e UVB, em uma energia mais fraca, esta que entra em contato com a pele, deixando a radiação quase inofensiva”, diz José Euzébio Gonçalves Júnior, gerente de Expertise Científica L’Oréal Beleza Dermatológica.
Existe diferença no fator de proteção solar (FPS)?
Ele explica que, quanto à questão da proteção e fator de FPS e PPD, os especialistas falam que um protetor solar químico com FPS 30 tem a mesma capacidade de proteção de um protetor solar físico com FPS 30, eles são equivalentes.
“O FPS e o PPD têm mais relação com a formulação como um todo, pois existem formulações mistas”, comenta José. A indicação de retocar o filtro solar a cada 2 horas, e quando entrar no mar e na piscina.
Além dessa questão de pele, Joyce Quenca, farmacêutica e diretora de P&D da Biodiversité, faz questão de pontuar que os filtros químicos são muito prejudiciais para o meio ambiente e são os grandes poluentes dos oceanos.
“Inclusive, os principais índices de alergias relacionados aos cosméticos estão relacionados com filtros químicos que, inclusive, podem estar presentes até no leite materno. Por isso, a não indicação deste tipo para gestantes e lactantes”, explica Joyce.
E o que são os filtros solares minerais?
Dentro dos filtros físicos, as versões minerais estão se destacando cada vez mais no universo da beleza. “Geralmente, os filtros físicos, que fazem barreira de proteção, são derivados minerais, por isso o nome. Desconheço outra origem de filtros físicos, mas é possível que existam. Atualmente, os principais e mais avançados minerais utilizados são óxido de zinco, dióxido de titânio, hidroxiapatita.”, explica Ana Carina.
Com o crescimento e aumento da procura por produtos naturais, a indústria cosmética tem olhado para os insumos plant-based, ou seja, a base de plantas.
“Hoje em dia, o consumidor precisa ficar ligado nisso, pois as fórmulas que não são plant-based podem conter metais pesados, que também ajudam na aceleração do envelhecimento da pele”, fala Joyce.
Posso misturar os dois tipos de proteção?
A mistura dos dois mecanismos acontece e potencializa a proteção, porém, geralmente, quem utiliza o protetor físico possui uma pele hipersensível, correndo o risco de ser sensibilizada com o uso do protetor químico.
Além disso, o aspecto cosmético dos dois protetores juntos não ficará muito agradável, se transformando em uma camada grossa com aspecto de ‘pesado’, algo pouco procurado pelos consumidores.
“Peles mais oleosas se adaptam melhor aos protetores químicos anti-oleosidade. Peles mais sensíveis, como, por exemplo, de quem possui rosácea ou alergias frequentes, além de crianças e gestantes, são boas candidatas aos filtros físicos, já que esses possuem menor risco de irritar a pele e não possuem ativos químicos possivelmente tóxicos para alguns indivíduos”, informa Ana Carina.
Para a dermatologista Samara Veras, o protetor solar com cor e filtro físico podem ser uma boa opção para proteger e trazer mais praticidade ao dia a dia.
“Como consumidores, precisamos entender qual é esse produto e se ele está protegendo como deveria. A maioria das maquiagens que dizem ter proteção solar tendem a proteger a pele em partes. Ela vai ser efetiva quando ela tiver um FPS igual ou maior que 30. Caso seja menor, não aconselhamos abrir mão do filtro solar por uma base com proteção, por exemplo”, ressalta ela, que dá como dica de reaplicação o pó com filtro solar, para não estragar a maquiagem feita anteriormente.