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Uma nova mulher

Fazia dez anos que Virgínia vivia uma tortura silenciosa. Desde que se casou nunca mais soube o que era prazer... até conhecer Ernani

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 21 jan 2020, 12h42 - Publicado em 27 out 2008, 21h00
Carminha Nunes (/)
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Ilustração: Dreamstime 

Era sempre assim. Quando o relógio de parede do quarto marcava mais ou menos 10 da noite, ouvia o barulho da porta de casa. Ele batia com força. Não estava nem um pouco preocupado se ia me acordar ou despertar as crianças. Andava fazendo barulho. Entrava no banheiro e deixava a porta aberta. Eu tinha que ouvir seu gargarejo, o som da descarga. Há dez anos vivia daquele jeito. Era a esposa quieta e devotada, pronta para recebê-lo da farra. Ele vinha da rua, mas eu sabia que não era do trabalho. Ninguém fica trabalhando até tarde da noite e chega cheirando a cachaça. Eu olhava para a parede, de costas para a porta do quarto, até ouvir sua voz resmungando: “Virgínia, está acordada?” Já sabia o que significava aquilo. Continuava de costas para ele, ouvindo.

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Rodney tirava a roupa e a jogava de qualquer jeito no chão. Depois, mexia no maldito despertador e pulava na cama. Nosso colchão velho de molas parecia que ia estourar com a grossura dele. Aos poucos, suas mãos me pegavam pela cintura. O bafo de pinga invadia minhas narinas. Ele achava que apertar uma mulher e arrancar sua calcinha com força fosse uma gentileza. Eu nem precisava encará-lo para transar com ele. Ele sempre mantinha os olhos fechados. Não fazia diferença se quem estava debaixo dele era uma mulher ou uma boneca, dessas infláveis. Ele subia em cima de mim pelado e me penetrava. Ficava alguns minutos nisso. De olhos bem fechados. Eu quieta. 
Às vezes, virando o rosto para evitar o mau hálito. Ele gemia baixinho e continuava os movimentos de vaivém.

Eu, muda, só sentia um pouco de dor. Ficava olhando o teto por cima dos ombros dele, imaginando até quando suportaria aquilo. Me via chegando aos 40, 50 ainda com aquele homem. Rodney pagava as contas, dava o leite dos meninos e umas roupas para mim, vez ou outra. Mas será que tudo isso valia a pena? Seus dedos fortes me apertavam as coxas sem a menor delicadeza. 
Me tocava como um animal, ficavam marcas roxas. Sua saliva escorria e eu tinha nojo. Muito nojo. Desde que assinei a certidão de casamento, dizendo que Rodney Santos seria meu esposo, nunca mais soube o que era prazer. 
Daquele dia em diante, o tesão minguou. Sozinha, às vezes, eu me excitava. Fazia tudo escondida, não tinha coragem de falar nem para minha mãe. Podia ouvir dona Joyce me repreendendo:

“Está louca, menina? Tem marido pra quê?” E ele continuava ali. Gozando em mim. Sempre com os olhos fechados, até virar de lado e começar a roncar. 
Só então eu dormia e sonhava que aquela tortura podia acabar um dia.

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