Sexo de reconciliação é saudável? Sexóloga esclarece
Apesar de prazeroso, transar para escapar dos problemas pode indicar uma falta de capacidade em lidar com conflitos
Todo mundo já ouviu falar que o sexo após uma briga (o famoso sexo de reconciliação) tende a ser extremamente prazeroso. O calor da situação, misturado à raiva e necessidade de corrigir os problemas, acabam dando uma atmosfera no mínimo intensa para a transa. Aliás, tem gente que, ao invés de discutir o relacionamento, prefere resolver os problemas na cama. Mas será que isso é saudável? A seguir, a sexóloga Julia Lima responde essa e outras dúvidas:
Por que o sexo de reconciliação acontece?
De acordo com Júlia, após uma briga intensa, o casal experimenta uma sensação de afastamento. Com isso, é comum que as pessoas recorram a atitudes que possam provocar uma aproximação.
“Como a reaproximação emocional é muito mais complicada de ser resgatada imediatamente, o lado físico da dinâmica (o sexo) acaba sendo bastante atrativo, já que é uma maneira muito mais tangível de se sentir conectada, literalmente, ao parceiro”, explica.
A química e o tesão, em níveis grandiosos, são uma resposta da psiquê humana à ameaça que a briga proporcionou à estabilidade do casal. “É como se precisássemos compensar aquele estresse com o prazer sexual”, acrescenta.
Sexo de reconciliação é saudável?
Segundo a sexóloga, tudo depende do ponto de vista: “Se o casal conseguir resolver os problemas e, apenas depois, transar para aliviar a tensão, pode ser bastante positivo”, afirma.
Para ela, a relação sexual após a resolução de conflitos pode ser benéfica até mesmo para alimentar o nosso sistema de recompensa, que associa (de maneira inconsciente) a solução de problemas com o prazer. Nada melhor, certo?
Todavia, caso a dupla use o sexo como válvula de escape para driblar os conflitos, o cenário se torna estritamente negativo. “Isso é prejudicial em muitos níveis. Em primeiro lugar, você está tirando a transa daquele lugar de prazer, e a colocando em um lugar de escapismo, fuga, o que torna a dinâmica rasa e desprendida de qualquer desejo genuíno”, alerta.
Ela continua: “Além disso, usar o sexo de reconciliação como ferramenta para escapar de uma D.R empobrece o diálogo no relacionamento, o que, a longo prazo, gera o afastamento definitivo do casal.”
Para Júlia, por mais clichê que soe, o diálogo ainda é um dos principais pilares de uma relação saudável.
“Sem ele, entendemos cada vez menos as questões e demandas do outro, o que nos faz entrar em uma espiral egóica e imatura em que, acima de tudo, buscamos apenas aliviar qualquer desconforto.”
Ela dispara: “Precisamos ser capazes de encarar os problemas de frente. Não podemos nortear uma relação pelo medo de perdê-la. Está tudo bem em transar após uma briga, inclusive, isso pode ser muito gostoso. Mas se certifique de que não está envenenando o que lhe faz realmente sentir tesão ao lado de quem ama”, aconselha.
Reprimir desconforto pode aumentar as brigas
Júlia Lima reitera que, usar o sexo de reconciliação como escapismo não só afasta o casal, como também aumenta o número de brigas futuras.
“As questões tendem a virar uma bola de neve. Quanto antes resolvê-las, mais fácil será lidar com elas, evitando mágoas e ressentimentos.”
Por fim, a sexóloga dá um recado importante: jamais transe por se sentir culpada após uma discussão, como uma maneira de recompensar o parceiro.
“Isso é um traço clássico de uma relação tóxica ou até mesmo abusiva. Se a pessoa com quem você está faz uso de chantagem emocional após uma briga para te submeter a fetiches e fantasias, busque uma rede de apoio imediatamente.”