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O filho é meu! A escolha pela maternidade solo

Por meio da reprodução assistida, cada vez mais mulheres estão optando pela maternidade solo, criando famílias planejadas, desejadas e completas

Por Lorraine Moreira
13 fev 2024, 08h19

Num misto de cansaço e êxtase, a mãe descansa com o recém nascido no colo em um quarto de hospital. Entre o turbilhão de emoções que permeia o ambiente, há um vazio palpável, pelo menos aos olhos alheios: onde está o pai? Antes que enfermeiros, médicos ou alguém pergunte, a mulher adianta a conversa explicando que, nessa história, ele não existe. Não por abandono ou desconhecimento, mas por uma decisão tomada meses antes da gravidez ser concebida: a de ser mãe sem ter um parceiro. Nem sempre compreendida, a maternidade solo é uma escolha não só válida e comum, mas de muita beleza. 

Amar-casar-procriar. A sociedade enxerga nesse roteiro o ideal para a formação de uma família há séculos. A possibilidade de reprodução assistida e os graduais avanços da igualdade de gênero, entretanto, têm permitido às mulheres uma nova opção. 

É o que prova um dos maiores bancos de esperma do mundo, o Cryos International: um levantamento descobriu que, nos mais de 100 países onde atuam, cerca de 50% das pacientes que usam doadores para engravidar pretendem criar seus filhos sozinhas.

Ilustração de uma mãe arrumando o cabelo de sua filha
“Esse grupo entende que não é preciso um parceiro para vivenciar a maternidade”, pontua Karen Rocha de Pauw, médica especializada em reprodução humana pela USP (Getty Images/Reprodução)

A atriz e apresentadora Mariana Kupfer foi uma delas. Aos 34 anos, optou pela maternidade solo depois da morte de seu pai.

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“Meu sonho era entrar na sinagoga com meu pai quando me casasse. Por causa de um câncer, ele faleceu, e o sonho de encontrar um príncipe e me casar desmoronou. Ainda assim, desejava ter um filho”, relembra.

Em 2009, durante uma consulta de rotina com seu ginecologista, Mariana revelou sua vontade de engravidar a partir da inseminação artificial.

Decisão tomada, fez uma série de exames pré-gestacionais e partiu para analisar os perfis dos doadores e encontrar aquele que mais a agradasse.

Mulheres de carreira e a maternidade solo

A apresentadora tem o perfil das mulheres que procuram tratamentos para se tornar mães solo: elas estão na faixa dos 30 aos 45 anos, possuem uma trajetória profissional de sucesso e têm elevado nível de escolaridade.

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“Esse grupo entende que não é preciso um parceiro para vivenciar a maternidade”, explica Karen Rocha de Pauw, médica especializada em reprodução humana pela Universidade de São Paulo.

Maternidade solo: diferença entre inseminação intrauterina e fertilização in vitro

Uma das maneiras de realizar a reprodução assistida é a partir da inseminação intrauterina. Nessa técnica, os espermatozoides são escolhidos e enviados ao útero da mulher durante seu período de ovulação. 

Outra opção é a fertilização in vitro, que consiste na mulher usar medicamentos hormonais e, após isso, haver uma coleta de óvulos para que eles sejam fertilizados em ambiente laboratorial. Eles geram embriões, que são inseridos no útero.

Qual método escolher para engravidar?

Um fator importante para escolher o método mais adequado para cada pessoa é a idade da mulher, pois a melhor qualidade ovulatória está entre 25 e 35 anos.

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“Nascemos com todos os nossos óvulos, eles têm a nossa idade. Depois dos 35 anos, as chances de engravidar começam a cair”, pontua a médica. 

Uma estratégia utilizada pelas pacientes é o congelamento de óvulos quando ainda são jovens. No caso de quem passou pela menopausa, a ovodoação, que é a doação de um óvulo mais jovem, é uma alternativa, uma vez que o útero segue podendo gestar uma criança.

Karen aconselha o acompanhamento psicológico, qualquer que seja o processo elegido. “Nem sempre as mulheres conseguem engravidar, e independentemente do resultado as pacientes podem enfrentar situações delicadas”, diz a médica.

Família feliz

Mariana precisou de terapia e rede de apoio para lidar com alguns problemas vividos durante a gravidez. “Não existe um manual, e eu sentia medo do desconhecido”, lembra. Na gestação, ela perdeu um dos gêmeos que esperava e ainda sofreu com uma doença física. 

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“Enfrentei a hiperemese gravídica, uma condição que acomete 10% das mulheres no mundo por uma rejeição ao hormônio da gravidez. Passei metade da gestação no hospital, vomitava todos os dias, e perdi um dos bebês.”

Embora cada maternidade seja única, existem sentimentos compartilhados por todas que vivem esse processo. “O medo de não dar conta de todas as demandas da maternidade e, portanto, não ser ‘uma boa mãe’ é comum entre esse público. Além disso, algumas pessoas podem experienciar uma insegurança em relação à vivência do próprio filho, que terá um modelo familiar não entendido como o padrão”, explica a psicóloga especializada em mulheres Lara Marques.

Ilustração de mulher segurando no colo o seu filho
“Quando alguém te ataca porque você não possui uma família, no modelo tradicional, não é você que essa pessoa está atacando, mas sim o que você e sua família representam”, declara Lara Marques, psicóloga especializada em mulheres (Getty Images/Reprodução)

Para a profissional, muitos dos medos que essas mulheres enfrentam vêm de crenças sobre família e educação parental que partem de conceitos culturais e até religiosos.

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“A ideia de que crianças criadas fora do molde da família tradicional, composta por homem, mulher e filhos, estariam fadadas a ter problemas emocionais e até sociais permanece no imaginário coletivo, embora empiricamente já existam pesquisas provando que a família tradicional não necessariamente garante a saúde mental das crianças. O que faz diferença é a dinâmica familiar.” 

Nesse sentido, uma mulher que decide ter um filho sozinha não terá uma configuração de família diferente de uma viúva ou de uma mulher que tem um ex-companheiro que se recusa a participar da criação dos filhos, duas situações extremamente comuns na sociedade.

De fato, estudos da Universidade de Cambridge sobre maternidade solo por opção e ajustamento psicológico dos filhos não apontam para diferenças negativas no bem-estar mental das crianças de famílias compostas por pai e mãe e de crianças com mães solo. 

 

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