Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Prorrogamos a Black: Claudia por apenas 5,99

Ana Maria Gonçalves vence o Prêmio CLAUDIA 2025 na categoria Cultura

Ao entrar para a Academia Brasileira de Letras, Ana Maria Gonçalves reafirma que mulheres negras também escrevem a história do país

Por Laura Ming
9 dez 2025, 22h12 • Atualizado em 9 dez 2025, 22h26
Imagem da escritora Ana Maria Gonçalves.
A escritora renomada é uma das vencedoras do Prêmio CLAUDIA 2025.  (ABL/ Dani Paiva/Agência Brasil)
Continua após publicidade
  • Popularizar uma das instituições mais tradicionais do Brasil. É com essa missão que a mineira Ana Maria Gonçalves, de 55 anos, assume sua vaga na Academia Brasileira de Letras, que, pela primeira vez em 128 anos de história, passa a ter uma mulher negra entre seus imortais. Por esse e outros feitos históricos, tornou-se vencedora do Prêmio CLAUDIA 2025 na categoria Cultura

    “A literatura tem que estar em contato com quem está lendo”, acredita. O primeiro passo nesse sentido foi dado por Conceição Evaristo, que se candidatou em 2018, mas acabou perdendo para o cineasta Cacá Diegues. “Foi um movimento importante, porque ela mostrou que a gente devia disputar esse espaço também”, avalia Ana Maria.

    Um defeito de cor

    Essa lógica também orientou a escrita de seu livro mais conhecido, Um defeito de cor, lançado em 2006, que já vendeu 180 mil exemplares, recebeu prêmios e foi tema do samba-enredo da Portela no ano passado. “Escrevi o livro que queria ter encontrado para ler e que não existia”, afirma.

    O romance de quase mil páginas conta a história de uma ex-escravizada africana em busca de um filho perdido e reflete sobre a trajetória dos negros no Brasil. Na época, Ana Maria havia publicado apenas um livro de forma independente, e a pauta identitária ainda não estava em voga.

    Ainda assim, conseguiu convencer uma grande editora como a Record a abraçar a empreitada com um empurrãozinho de Millôr Fernandes, que abriu as portas da editora por estar encantado com o projeto.

    “Eram tempos em que o mercado editorial era muito fechado. Não sei se teria conseguido publicar sem essa indicação. O que é uma pena, porque faz a gente pensar em quantos outros livros não poderiam ter tido a mesma trajetória de Um defeito de cor, se houvesse mais abertura no mercado.”

    Continua após a publicidade

    O outro lado da escritora

    Ana Maria sempre foi uma leitora voraz. Quando criança, esgotou os livros da biblioteca da escola e passou a explorar as prateleiras da mãe, costureira, que fazia os afazeres de casa com uma vassoura em uma mão e um livro na outra.

    “Escrevo para agradar minha mãe. Ela é a leitora em quem eu confio, porque ela não vai me deixar passar vergonha”, conta a escritora, que até hoje mostra seus textos para ela antes de publicar.

    Publicitária de formação, Ana Maria deixou a casa, o casamento e a agência que tinha em São Paulo para se mudar para a Bahia, aos 29 anos, e se dedicar ao romance, publicado após cinco anos de pesquisas e reescritas em busca de sua ancestralidade africana e de sua identidade. Caminho que continuou a trilhar quando se mudou para os Estados Unidos para dar aulas de literatura. “Lá o racismo é tratado de forma mais aberta, enquanto no Brasil, por muito tempo, era tabu.”

    A comunidade negra nos EUA

    A consequência foi que rapidamente foi abraçada pela comunidade negra. “Fui acolhida por uma sociedade negra norte-americana de uma maneira que eu nunca tinha me sentido acolhida por nenhum movimento aqui no Brasil. Eu digo que a identidade negra, no Brasil, se revela para pessoas negras, principalmente as retintas, de uma maneira muito violenta, por meio do racismo.

    Continua após a publicidade

    Eu sou uma mulher de muita sorte por entender que, nos Estados Unidos, a solidificação da minha identidade negra aconteceu por meio do acolhimento. Então, acho que ainda há muito a lutar aqui para que isso também aconteça.”

    Uma reflexão que também atravessa a experiência de ser mulher. E se a identidade feminina pudesse se formar a partir da força entre iguais, e não como resposta às violências machistas? Que a luta de Ana se estenda a todas as minorias do Brasil.

    O Prêmio CLAUDIA 2025

    O Prêmio CLAUDIA chegou a sua 25ª edição, celebrando mulheres que transformam o Brasil em diferentes áreas. A edição 2025 foi realizada em 9 de dezembro, às 20h, no Roxy Dinner Show, Rio de Janeiro, e destacou finalistas que se tornaram referência em cultura, educação, negócios, direitos da mulher, saúde, inovação, sustentabilidade, trabalho social, influência digital e impacto do ano.

    O júri desta edição reuniu nomes influentes e plurais, como Zezé Motta, Maria da Penha, Luiza Helena Trajano, Ana Fontes e a jornalista Aline Midlej, além das representantes da Editora Abril: Karin Hueck (editora-chefe de CLAUDIA), Helena Galante (diretora de núcleo da Abril) e Andrea Abelleira (VP de Publishing da Editora Abril).

    Continua após a publicidade

    Assine a newsletter de CLAUDIA

    Receba seleções especiais de receitas, além das melhores dicas de amor & sexo. E o melhor: sem pagar nada. Inscreva-se abaixo para receber as nossas newsletters: 

    Acompanhe o nosso WhatsApp

    Continua após a publicidade

    Quer receber as últimas notícias, receitas e matérias incríveis de CLAUDIA direto no seu celular? É só se inscrever aqui, no nosso canal no WhatsApp

    Acesse as notícias através de nosso app 

    Com o aplicativo de CLAUDIA, disponível para iOS e Android, você confere as edições impressas na íntegra, e ainda ganha acesso ilimitado ao conteúdo dos apps de todos os títulos Abril, como Veja e Superinteressante.

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    PRORROGAMOS BLACK FRIDAY

    Digital Completo

    Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!
    De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
    PRORROGAMOS BLACK FRIDAY

    Revista em Casa + Digital Completo

    Receba Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
    De: R$ 26,90/mês
    A partir de R$ 9,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.