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Mulheres negras são as mais vulneráveis também no empreendedorismo

Estudo #CoisaDePreto aponta como as disparidades de gênero e raça no Brasil afetam diretamente as possibilidades de crescimento dos negócios próprios

Por Da Redação
29 jun 2023, 08h19
Mulheres negras e empreendedorismo no Brasil
 (Christina Morillo/Pexels)
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Quem já ouviu falar da solidão da mulher negra? A expressão é usada, inclusive academicamente, para descrever o detrimento emocional e afetivo que mulheres pretas enfrentam não só no Brasil, mas em muitos países. Essa solidão se manifesta, no entanto, em outras áreas da vida, inclusive no empreendedorismo. É o que mostra o estudo #CoisaDePreto: Uma pesquisa sobre a real jornada dos afroempreendedores brasileiros, encomendado pelo Google à Offerwise e à Box 1824. O levantamento ouviu mil empreendedores de todo o país (500 brancos e 500 negros), entre julho e outubro de 2022, e mostrou que as mulheres negras enfrentam as maiores dificuldades nessa jornada. 

Quando se compara com a realidade do homem branco, as mulheres pretas são as mais solitárias quando o assunto é a gestão do negócio: 55% delas não têm ninguém que as ajuda, mesmo que esporadicamente ou de maneira informal nessa tarefa – uma diferença de 10% em relação ao homem branco. 

Segundo Christiane Silva Pinto, gerente de Marketing para Pequenas e Médias Empresas no Google e fundadora do AfroGooglers, “com a realização da pesquisa, ficou evidente que no caso dos afroempreendedores, principalmente as mulheres, tudo está nas mãos de uma pessoa só. Os planos de sustentabilidade do negócio passam pela dura constatação que seu crescimento depende de uma única pessoa: o eupreendedor. De forma solitária, essa mulher tenta dar conta não só da gestão do seu negócio, mas também quebra a cabeça pensando em como o seu empreendimento pode apoiar financeiramente sua família”.

Mulheres negras e empreendedorismo no Brasil
(Christina Morillo/Pexels)
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O estudo mostra ainda que as empreendedoras negras são o grupo com menor faturamento: 34% das entrevistadas pretas faturam até R$ 12 mil por ano, além de serem a minoria (14%) dentre os empreendedores que faturam acima de R$ 81 mil – enquanto homens brancos são a maioria (29%). “Acredito que para fortalecer o afroempreendedorismo feminino é preciso que tanto o setor público quanto o privado tenham iniciativas focadas, principalmente, em capacitação, fortalecimento das comunidades e geração de oportunidades para as mulheres empreendedoras”, diz Christiane.

Segundo ela, no cenário brasileiro, empreender não é uma conversa apenas sobre negócios, mas sobre como os negócios são um meio para garantir a existência das pessoas. Principalmente as negras, que têm oportunidades e origens tão distintas das brancas, fato que também pudemos comprovar na pesquisa.O estudo apontou que 41% dos entrevistados negros cresceram em lares onde o chefe de família tinha estudado apenas até o nível fundamental – cenário que só 27% dos brancos conhecem. Já entre os brancos, 38% cresceram em lares com chefes de família com nível superior completo ou mais, em comparação com 26% dos negros. Assim, os empreendedores negros acabam tendo menos acesso à conhecimentos sobre finanças, gestão de negócios.

E a situação é ainda pior para as empreendedoras negras. Muitas delas são chefes de família e a única fonte de renda da casa”, reforça Christiane. “Segundo o nosso estudo #CoisaDePreto, embora metade dos entrevistados não tenham ajuda de alguém, mesmo que de forma esporádica ou informal, são as mulheres que sofrem mais com o sentimento de solidão no negócio. Nos dados, 39% das empreendedoras entrevistadas deram notas de 1 a 6 – para 1 significando “me sinto totalmente sozinho e 10 “não me sinto nada sozinho. Entre os homens, 38% deram notas 9 ou 10.

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Além disso, os homens estão mais conectados aos grupos que fazem parte e do bairro ou região onde vivem, sendo que 40% dos homens negros têm funcionários que são pessoas que moram na mesma região ou bairro deles e 28% têm funcionários que são amigos ou foram indicados por amigos. Então, a criação e o fortalecimento de grupos e redes de apoio de mulheres empreendedoras pode ajudá-las não só a prosperar seus negócios, como também dividir as dores e experiências do empreendedorismo”, aponta Christiane Silva Pinto.

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