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Jamile Lima, a empresária que usa a linguagem como ferramenta de inclusão

Jovem criou a Interpres, primeira empresa de tradutores negros de Libras (Língua Brasileira de Sinais)

Por Joana Oliveira
9 dez 2022, 09h35
Jamile Lima, criadora da Interpres, empresa de interpretação em Libras com pessoas negras.
Jamile Lima, criadora da Interpres, empresa de interpretação em Libras com pessoas negras.  (Wendy Andrade/Reprodução)
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Tem gente que escolhe a profissão. E tem gente que é escolhido por ela. Foi o que aconteceu com Jamile Lima, de 29 anos. Natural de Valença, no interior da Bahia, e católica praticante, Jamile participava do grupo de jovens da igreja, onde entrou em contato com muitas pessoas com deficiência auditiva. Com elas, aprendeu a Língua Brasileira de Sinais (Libras). “Aí, volta e meia o pessoal me chamava para fazer tradução, eu ia como voluntária mesmo. Até que ficou tão recorrente que as empresas queriam me contratar”, conta ela a CLAUDIA. Jamile não tinha, no entanto, uma formação na área. Só a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) oferecia o bacharelado em Letras-Libras. “Como eu não tinha nada a perder, arrumei as malas e vim para Florianópolis.” Lá, junto com três amigas, começou a pensar em abrir um negócio na área e, assim, em 2018, nasceu a Interpres, uma empresa de tradução e interpretação de Libras focada em profissionais negros. “Em todos os lugares, só víamos intérpretes brancos. Era preciso mudar isso”, conta ela, que é mais uma empreendedora incrível que você conhece no projeto Potencializadoras, uma parceria especial entre CLAUDIA, PretaHub e Meta.

“Ganhamos, de fato, o mercado, em 2019, quando levantamos a bandeira racial, ao percebermos que mesmo os tradutores e intérpretes de Libras negros tinham formação e experiência, não eram valorizados no mercado de trabalho. Assim, além de rompermos a barreira da comunicação, promovendo acessibilidade ao público surdo, lutamos por mais espaços para profissionais afrodescendentes nesse setor”, conta Jamile.

Quando chegou a pandemia de Covid-19, as contratações caíram, mas logo veio o boom de lives de todos os tipos e, com elas, a necessidade de tradutores e intérpretes de Libras para fazer o conteúdo chegar ao maior número de pessoas possível. Foi quando movimentos negros Brasil afora descobriram a Interpres e passaram a contratar seus profissionais. Com o boca a boca, a empresa foi crescendo. “Hoje, temos intérpretes que conseguiram voltar a estudar, que compraram a casa própria, um carro… Todo mundo que trabalha lá, trabalha por prazer e sabe que o que faz contribui para uma sociedade mais inclusiva. Vai além do dinheiro, mas é uma alegria saber que esse negócio ajuda as pessoas a realizar sonhos”, celebra Jamile.

Ela acredita que a junção de acessibilidade com representatividade é um caminho sem volta e cada vez mais necessário. “Não queremos ser lembrados apenas em novembro [Mês da Consciência Negra]”, afirma. “O mercado tem entendido que se um evento é voltado, por exemplo, para um público negro, os intérpretes de Libras têm que ser negros. E que já não é aceitável fazer eventos de quaisquer tipo apenas com profissionais brancos.” Jamile conta que o fato de a Interpres ter trabalhado com a Feira Preta foi um divisor de águas. “Ali, vimos que estamos no caminho certo. Porque não adianta falar de afroempreendedorismo se os tradutores e intérpretes de Libra/Português desse evento não são negros.”

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O maior objetivo da empresária é tonar a Interpres cada vez mais uma referência nos serviços de acessibilidade em todo o Brasil, contribuindo especialmente para a empregabilidade de profissionais afrodescendentes. É assim, Jamile sabe, que se vai mudando o mundo.

O projeto Potencializadoras é uma parceria do PretaHub, da CLAUDIA e da Meta para contar histórias de mulheres negras empreendedoras. A fotógrafa baiana Helen Salomão e Wendy Andrade se uniram para retratar 15 mulheres que fazem parte da Aceleração de Negócios de Empreendedoras Negras, iniciativa idealizada pela Meta e pela PretaHub.

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