Vídeos ajudam a explicar a diferença entre carinho e abuso sexual
Campanhas apostam em vídeos lúdicos para combater ação de pedófilos
A confiança é a principal arma de pedófilos para praticar o abuso sexual. Camuflados como carinhos e manifestações de afeto, os atos libidinosos passam despercebidos pelas crianças e muitas vezes ficam ocultos aos olhos dos responsáveis.
Os números assustam. Segundo dados levantados em pesquisas do IPEA e do Ministério da Saúde, 70% das vítimas de estupro são crianças e adolescentes de até 17 anos. E o pior: 68% foram cometidos por pessoas próximas, como familiares e amigos. As estatísticas alarmantes chamam nossa atenção para a necessidade de instruir as crianças sobre a diferença entre carinho e abuso sexual.
A estratégia visual é a aposta da campanha Defenda-se para alcançar as crianças. De maneira lúdica, o vídeo da campanha incentiva o diálogo com os pais acerca de possíveis abusos. A campanha promove a autodefesa de meninos e meninas contra o abuso e a exploração sexual por meio de vídeos educativos que ilustram situações cotidianas em que a criança pode se defender, agindo preventivamente e relatando a violência para alguém de confiança.
Assista o vídeo da campanha com o seu filho:
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=vjwSPkguQxc%5D
Outras ONGs e instituições também prepararam vídeos para alertar as crianças sobre os possíveis abusos sexuais.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=Sc6yp863EE0%5D
Os vídeos servem como ponto de partida para o diálogo, mas como explicar para a criança que ela pode ser assediada? O psicólogo e psicanalista Luca Loccoman, especializado em atendimento infantil, explica: “Os pequenos têm o direito de saber que isso é proibido, contra a cultura, e que essa lei rege todos os humanos. Um jeito de fazer isso é explicar o vocabulário do parentesco, o lugar da mãe, do pai, do irmão, do filho. Essa interdição permite a diferenciação dos papéis dentro da família e vai se refletir nas relações fora de casa também. Quando se tratar de estranhos, a tendência da criança será se afastar, evitar os toques que incomodam. Longe dos olhos dos pais, uma alternativa é ajudar os pequenos a identificar uma figura de confiança a quem possam recorrer (como a professora), caso se sintam ameaçados.”
O psicólogo aconselha que até os 5 anos o assunto não seja abordado com a criança. A única maneira de se proteger é ficar sempre de olho e manter um diálogo aberto com a criança para que ela sinta-se segura para relatar qualquer contato diferente. “Depois disso, é nosso dever prevenir as crianças, dizendo que esse tipo de interação pode ser perigoso. Sem alardes ou repreensões”, explica.
O grande desafio é instruir os pequenos a diferenciar carinho de abuso sexual. Ouvir a criança e manter canais abertos de diálogo são atitudes fundamentais para criar um ambiente de segurança dentro de casa. Na internet, os pais devem manter o mesmo controle que exercem na vida real. “Dicas básicas: manter o computador em área comum, acompanhar o histórico, navegar ao lado da criança, optar por programas que filtram e bloqueiam determinados conteúdos, ensinar a não divulgar dados pela internet, conhecer os amigos virtuais, monitorar contas telefônicas e cartões de crédito”, lista o especialista.