Viagem dos sonhos: descubra o que há de melhor em Ouro Preto
Confira dicas de restaurantes, onde ficar e o que fazer na cidade histórica mineira
Maria Fumaçã que faz o passeio entre as Cidades de Ouro Preto e Mariana
Foto: Divulgação
Ouro Preto (MG) não é lugar para caminhadas apressadas. Tampouco combina com visitas-relâmpago às igrejas, aos museus e às construções do século 18, que lhe garantem o título de Patrimônio da Humanidade.
Na cidade histórica, cheia de ladeiras e calçadas de pedra, o maior conjunto arquitetônico do barroco brasileiro merece contemplação. Observar a beleza do casario colonial e a riqueza dos altares barrocos é o passaporte para uma inesquecível viagem aos tempos do Ciclo do Ouro e da Inconfidência Mineira. As igrejas Matriz de Nossa Senhora do Pilar, com incrível quantidade de entalhes dourados, e São Francisco de Assis, uma maravilha de origem portuguesa, são visitas imperdíveis. Nesse clima nostálgico, um passeio de Maria Fumaça leva à vizinha Mariana, que guarda a Catedral Basílica da Sé.
No feriado da Páscoa, a pequena cidade é movimentada pela encenação da Paixão de Cristo (quinta e sexta-feira) e pelas ruas cobertas por tapetes coloridos de serragem (domingo). Um espetáculo!
Onde ficar
· Hotel do Teatro
Funciona em um casarão do século 19, em frente ao Teatro Municipal, no Centro Histórico. A mobília foi garimpada em antiquários e o hotel mantém uma pequena exposição permanente de pinturas do mineiro Carlos Bracher. Dica: os quartos 4, 5, 7 e 8 têm varanda voltada para a Igreja Nossa Senhora do Carmo (1767). 3551-7000, hoteldoteatro.com.br
· Pousada do Ouvidor
Janelões de estilo colonial, paredes de pedra e até um piano de 1905 compõem a decoração. A localização também é podemos dizer de época: no Centro Histórico, perto da Matriz Nossa Senhora da Conceição e da Mina do Chico Rei. A pousada possui um café aberto ao público, o Ville D’or (2ª/sáb 18h/23h). 3551-1164, pousadadoouvidor.com.br
· Pousada Solar Senhora das Mercês
Próximo à Matriz Nossa Senhora da Conceição, conserva à vista algumas paredes originais de pau-a-pique. Os quartos seguem o mesmo padrão estético e reúnem bons colchões, TV e frigobar novos. Tem estacionamento próprio. 3551-2405, solarsenhoradasmerces.com.br
Onde comer
· Senhora do Rosário
R. Getúlio Vargas, 270 (Centro Histórico), 31/3551-5200. Cc: A, D, M, V; Cd: M, R, V. 2ª/dom 12h/15h e 19h/23h. Variada. Dentro do melhor hotel da cidade (Solar do Rosário), tem salão elegante, com vista para a rua. Lustres de cristal e peças de artesanato barroco compõem a decoração. O cardápio abrange receitas de base clássica, como carnes, risotos e pratos com bacalhau. Nas noites de quinta-feira vigora ainda um menu com opções de massas.
· Bené da Flauta
R. S. Francisco de Assis, 32 (Centro Histórico), 31/3551-1036. Cc: A, D, M, V; Cd: M, R, V. 2ª/dom 12h/23h. Variada. Fica em um sobrado do século 18 que serviu de residência e ateliê de Mestre Athaíde (1762-1830), o maior pintor do período colonial brasileiro. Receitas de salmão e bacalhau dividem espaço no cardápio com pratos da cozinha mineira. Curiosidade: Bené da Flauta foi um andarilho popular na cidade nos anos 60 e 70, contador de causos e artesão.
· Chafariz
R. S. José, 167 (Centro Histórico), 31/3551-2828. Cc: A, M, V; Cd: M, R, V. 3ª/dom 11h30/16h. Mineira. O poeta Alphonsus de Guimaraens (1870-1921) nasceu e viveu neste sobrado do século 18. Tradicional, o restaurante existe desde 1960. O bufê self-service inclui aproximadamente 15 saladas, 20 pratos quentes (entre as receitas típicas, tem tutu, feijão tropeiro, frango com quiabo e frango ao molho pardo), além de cachaça e, de sobremesa, doces caseiros.
O que fazer
Compras
· Feira do Largo de Coimbra
Comum na região, a pedra-sabão substituiu o mármore europeu nas esculturas e ornamentos das igrejas de Ouro Preto no século 18. Hoje, é o material preferido dos artesãos que produzem os suvenires da cidade. Na feirinha, em frente à Igreja de São Francisco de Assis, há porta-joias, xícaras, jarras e até jogos de tabuleiro a preços baixos. 2ª/dom 9h/19h.
· Gemas e pedras preciosas
Mais de 30 lojas comercializam pedras preciosas nas ruas do Centro Histórico. Nas vitrines, chama a atenção o topázio imperial (a cidade é o principal polo produtor da gema no mundo), mas também há águas-marinhas, esmeraldas e turmalinas. A CALX, anexa ao Hotel do Teatro (R. Costa Sena, 307), vende peças com design mais apurado, moldadas em cristal bicolor; a Brasil Gemas (Pça. Tiradentes, 74) e a Ita Gemas (R. Conde de Bobadela, 40) têm boa variedade de modelos. No ateliê de Gilberto Reis (R. Bernardo de Vasconcelos, 143), dá para conhecer um pouco sobre o processo de lapidação. Ao fazer uma compra, verifique se a loja está ligada à AJOP (Associação de Joalheiros de Ouro Preto), que emite certificado de autenticidade.
· Armazém Saramenha
As prateleiras têm vasos, pratos, castiçais e compoteiras de aspecto vitrificado, característico da cerâmica tipo saramenha. Peças a partir de R$ 35. Rod. dos Inconfidentes, km 85 (saída para Belo Horizonte), 8 km. 9675-0701. 2ª/6ª 8h/17h, sáb/dom 9h/16h.
· Cachaçaria Milagre de Minas
A loja tem mais de cem rótulos de cachaça, entre as de fabricação própria e as tradicionais do Estado – preços a partir de R$ 18. Como suvenir, as sugestões são os licores (a garrafinha de 50 ml custa R$ 5) e o conjunto com licor e copinho de pedra sabão (R$ 12). A degustação é livre. Filial na Rua Antônio de Albuquerque, 14, pertinho da igreja Matriz Nossa Senhora do Pilar.
Pça. Tiradentes, 132 (Centro Histórico). 3551-5531. 2ª/dom 9h30/20h.
· Feira Casa de Tomás Antônio Gonzaga
A antiga casa do poeta e inconfidente abriga uma feira com artigos produzidos por diversas associações de artesãs. Os produtos são diferentes dos encontrados nas lojas e na tradicional feirinha do Largo da Ordem (em frente à Igreja São Francisco de Assis), onde predominam os objetos de pedra-sabão. Aqui, colchas, bolsas e colares, entre outras peças, dividem espaço nas prateleiras com guloseimas como goiabada cascão e doce de leite produzidos na zona rural.
Rua Cláudio Manoel, 61 (Centro Histórico). Sáb/dom 9h/17h.
Evento
· Semana Santa
A encenação da Paixão de Cristo, que ocorre na noite de sexta-feira, é o primeiro evento da Semana Santa na cidade. O sábado é reservado à Procissão do Encontro, quando fiéis partem, às 15h, das duas igrejas matrizes, Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora do Pilar, e encontram-se na Praça Tiradentes, onde há uma missa. Durante a noite, a cidade se mobiliza para confeccionar o extenso tapete de flores e serragem que forra as ruas do Centro Histórico e serve de passarela para a procissão da Ressurreição, a partir das 8h no domingo de Páscoa. A malhação do Judas movimenta a tarde – em frente à Matriz do Pilar, um boneco recheado de palha ou trapos é enforcado e despedaçado a pauladas. 3559-3341 (Secretaria de Cultura e Turismo).
Construções Históricas
· Casa dos Contos (1782/1784)
Antiga casa de pesagem e fundição do ouro extraído na região. Aqui, o minério era transformado em barra, reconhecido pelo Império (que cunhava seu brasão) e devolvido ao dono. Neste processo, um quinto do valor era descontado na forma de impostos – daí a expressão “quinto dos infernos”. O local também serviu de prisão aos inconfidentes e foi o local de morte de Cláudio Manuel da Costa. Além do forno que transformava o ouro em barras, a casa expõe mobiliário dos séculos 18 e 19 e, no mirante, documentos e livros antigos (um deles, o Livro de Ouro, registra a primeira visita de Dom Pedro I à cidade). No subsolo, onde ficava a senzala, há algemas e outros instrumentos usados para torturar escravos. R. São José, 12 (Centro Histórico). 3551-1444. 2ª 14h/18h, 3ª/sáb 10h/18h, dom 10h/16h. R$
· Teatro Municipal (1770)
Conhecido também como Casa da Ópera, o pequeno teatro é considerado como o mais antigo do Brasil em funcionamento. Os imperadores Dom Pedro I e Dom Pedro II chegaram a ocupar o camarote destinado à Família Real, bem de frente para o palco. R. Brig. Musqueira (Centro Histórico). 3559-3224. 2ª/sáb 12h/18h, dom 12h/16h. Grátis.
Igrejas
· Matriz Nossa Senhora do Pilar (1711/1733)
A incrível quantidade de ouro de seus altares e a riqueza de detalhes de seus retábulos são os exemplos máximos do barroco brasileiro (reúne entalhes das três fases do barroco mineiro e está entre as capelas com maior quantidade de ouro do Brasil, com mais de 400 kg). Nos seis altares laterais estão representadas cada uma das irmandades e grupos sociais da época. O Museu de Arte Sacra, no subsolo da sacristia, exibe imagens de Nossa Senhora do Pilar, Santa Bárbara e Nossa Senhora da Conceição. Pça. Mons. Castilho Barbosa (Centro Histórico). 3551-4735. 3ª/dom 9h/10h45 e 12h/16h45. R$ 7. O mesmo ingresso vale para o Museu de Arte Sacra.
· São Francisco de Assis (1765/1810)
Projetada por Aleijadinho, que também desenhou o medalhão da fachada e o lavabo da sacristia – peça de pedra-sabão que impressiona pela riqueza de detalhes e pela perfeição -, foi declarada em 2009 uma das sete maravilhas de origem portuguesa no mundo. O forro da nave, que Mestre Athaíde levou mais de dez anos para pintar, é uma de suas maiores obras. No altar-mor, os painéis e quadros laterais também são de sua autoria. Lg. de Coimbra (Centro Histórico), 3551-4661, 3ª/dom 8h30/11h50 e 13h30/17h. R$ 7. O mesmo ingresso vale também para o Museu Aleijadinho (leia em Museus), na Igreja Matriz N.S. da Conceição.
· Matriz Nossa Senhora da Conceição (1727/1770)
O projeto e a execução são de Manuel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho. As sepulturas de ambos estão na igreja, embaixo do piso – a de Aleijadinho fica junto ao altar de Nossa Senhora da Boa Morte. Nos oito altares laterais, ricamente ornamentados, observa-se menos douramento e mais pinturas. Na sacristia encontra-se o Museu Aleijadinho (leia em Museus), cujo ingresso, R$ 7, vale também para a Igreja São Francisco de Assis. Pça. Antônio Dias (Centro Histórico). 3551-3282. 3ª/sáb 8h30/12h e 13h30/17h, dom 12h/17h. Grátis.
Museus
· Museu da Inconfidência
Visita fundamental para entender o desenvolvimento da cidade, seus principais personagens e sua importância na história do país. Instalado no prédio da antiga Casa de Câmara e Cadeia, tem rico acervo distribuído por 16 salas temáticas. No Panteão da Inconfidência, principal ala do museu, estão os restos mortais de 16 inconfidentes. Na sala ao lado ficam as supostas traves de madeira da forca de Tiradentes e o livro original com a declaração de sua condenação. Há também uma coleção de arte sacra dos séculos 18 e 19, uma sala com esculturas de Aleijadinho e outra com pinturas de Mestre Athaíde. Vale fazer o passeio com o audioguia (R$ 8), com boas explicações sobre a exposição. Visita virtual: eravirtual.org. Pça. Tiradentes, 139 (Centro Histórico), 3551-1121. 3ª/dom 12h/17h30. R$ 6.
· Museu do Oratório
Os mais de 160 oratórios dos séculos 17 ao 20 encantam pela diversidade de modelos e formatos. Tem oratório de viagem (portáteis), de esmoler (usados pelos mendicantes), de ermida (capelas domésticas) e afro-brasileiro, além daqueles feitos com conchas. A imagem de São José de Botas, em um oratório de salão, é atribuída a Aleijadinho. Visita virtual: eravirtual.org. Casa Capitular da Ordem Terceira do Carmo (Igreja N.S. do Carmo) – R. Brig. Musqueira (Centro Histórico), 3551-5369. 2ª/dom 9h30/17h30. R$ 4.
Passeios
· Passeio de maria-fumaça até Mariana
No prédio da estação, uma maquete e recursos audiovisuais contam um pouco sobre a ferrovia, o funcionamento das máquinas e as técnicas de construção. Durante a viagem, de 18 km (cerca de uma hora), é melhor sentar do lado direito para ver cachoeiras, montanhas, cânions e o Ribeirão do Carmo. Outra dica: do primeiro ou do último vagão, durante as curvas, o trem sai bem na foto. O passeio completo (ida e volta) custa R$ 35 (só ida, R$ 22; volta de ônibus, R$ 3); no vagão panorâmico, climatizado e com janelas maiores, R$ 60 o passeio completo e R$ 35 só ida. A estação abre de 3ª/dom (9h/17h), mas há passeios apenas de 6ª/dom, 10h e 15h30 (retorno de trem somente às 14h). Trem da Vale, Pça. Cesário Alvim (Estação Ferroviária), 3551-7705.
· Minas de Ouro
É enorme a quantidade de minas de ouro abertas no subsolo de Ouro Preto. Muitos anos após o auge da atividade mineradora, que ocorreu entre os séculos 17 e 18, muitas delas podem ser visitadas – os lugares mostram como era o cotidiano dos escravos que retiravam o metal precioso do interior das montanhas. A Mina Felipe dos Santos (R. 13 de Maio, 637, Alto da Cruz, 8679-6467, R$ 15, 8h30/17h30) tem 170 metros de percurso cheio de ramificações, e trechos onde é preciso agachar para passar. Na Mina Jeje (R. Chico Rei, 371, Alto da Cruz, 3551-4007/8591-8375, R$ 15, 9h/17h30), o guia Deivid conta, ao longo dos 160 metros do túnel, qual era o biotipo ideal de escravo para trabalhar ali, e como eles conseguiam desviar parte do ouro extraído. Na Mina de Santa Rita (R. Sta. Rita, 171, Padre Faria, 3552-3363, R$ 15, 9h/18h), detalhes sobre a cota que os escravos deveriam recolher e os duros castigos que sofriam são contados pelo guia Jefferson, que usa boa dose de humor para interpretar personagens pelos circuito de 120 metros. A Mina do Chico Rei (R. D. Silvério, 108, Centro Histórico, 3551-1749, R$ 10, 8h/17h) com dois pequenos percursos, não oferece guia – contrate um para enriquecer a visita.
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* Conteúdo MÁXIMA/ GUIA QUATRO RODAS