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Uma mãe para dois: como agir na chegada do segundo filho

A chegada do segundo filho movimenta a sua rotina e a da família toda

Por Karina Hollo (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 12h40 - Publicado em 10 mar 2015, 19h29

A chegada do segundo filho deixa a vida mais intensa, dinâmica, cheia de alegria e amor em dobro. Mas não é apenas reprise de melhores momentos. Se você pensa em ser mãe novamente, prepare-se para noites agitadas, manha, chorinho, tempo pela metade… É o que mostra a experiência da jornalista Karina Hollo, 39 anos, mãe de Maya, 3 anos, e de Luisa, 7 meses

Sempre quis dois filhos. Talvez por adorar minha irmã, talvez por ouvir minha mãe, filha única, contar que se sentia muito só na infância. Quando temos o primeiro bebê, estamos focadas em nós mesmas e na experiência de ser mãe. Mas, ao encomendar o segundo, pensamos também no primeiro filho e em dar a ele um amigo para a vida toda. Comigo foi assim. E a Luisa nasceu três semanas depois de a Maya completar 3 anos.

A chegada em casa

Meu marido, Alessandro, estava louco para deixar a maternidade. Eu não tinha tanta pressa. Para o pobrezinho, realmente não devia ser nada confortável dormir no sofá. Já eu me sentia agradecida por levarem a Luisa para trocar a fralda, trazerem comida e até por a cama levantar sempre que eu apertava um botão. Em casa, a mamata ia acabar. Mas, enfim, recebemos alta. E foi aí que minha vida de mãe de duas garotinhas começou.

Ao sair, eu continuava com aquele charmoso rebolado de patinha, típico do final da gravidez e meu cabelo, que não caia fazia nove meses, começou a desabar. Também continuava com uma barriguinha nada sexy (e olha que ganhei só 10 quilos). Estava longe dos meus 100%: caminhava devagar, achava difícil levantar da cama, por causa do corte da cesárea, e tinha pouquíssimo tempo para me arrumar. O máximo que conseguia fazer pelo meu lado vaidoso era combinar calcinhas pós-parto com sutiãs de amamentação. É nessas horas que você tem certeza de que o marido ama seu “eu interior”, porque o exterior…

Apesar de ser a segunda vez, eu tinha esquecido do pós-parto. A cicatriz dói, os peitos doem. Falando neles, pensei que amamentar seria tranquilo. Com a Maya, tinha sido realmente um ato de amor: os bicos racharam, sangraram Meu marido acordava no meio da noite para me dar a mão, de tanta dor que eu sentia. Com a Luisa tudo ia bem, até que, lá pelo terceiro dia, minha pele sensível rachou de novo. Ai, ai, ai… Foi aí que uma prima, amamentadora de carteirinha, disse que isso aconteceu com ela quando amamentou os dois filhos. Outra, mãe de sete (sim, cinco meninos e duas meninas, a corajosa!), contou que teve rachaduras todas as vezes. O que eu estava esperando?

Amor que se multiplica?

Uma amiga de infância, Bia, mãe de duas menininhas, havia me dito que o amor se multiplica. No entanto, eu me peguei maneirando nos elogios para a Luisa, para não ferir os sentimentos da mais velha. Ao mesmo tempo, me sentia culpada, porque, afinal, não era justo com a Luli… Levou bem uns dois meses para eu me permitir simplesmente ser louca pelo meu bebê, a coisa mais fofa, risonha e gostosa desse mundo. E continuar maluca pela Maya, linda, esperta, criativa, curiosa.

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O trabalho quadruplica

Meu marido é que percebeu: o trabalho não duplica, ele quadruplica. Perdi a conta das noites que passei em claro, ora dando de mamar para a Luisa, ora atendendo a Maya, que começou a ter pesadelos e me chamar. Mesmo de dia, ela me monopoliza loucamente, implora colo, pede carinho. É só eu começar a amamentar e ela quer fazer xixi, cocô…

Sem falar no pingue-pongue de vírus. A Maya teve o primeiro resfriado aos 6 meses, quando voltei ao trabalho e trouxe os espirros para casa. Já a Luisa ficou com o nariz entupido com apenas 20 dias. Pânico. A irmã foi a primeira a se contagiar, o pai pegou, eu também… É muito mais difícil isolar o segundo filho. E aí, além da preocupação com a doença, você tem dois para cuidar. Liguei para a pediatra, mandei e-mails para uma prima e uma amiga que já tinham passado por isso e tudo acabou bem. Mas as visitas ao consultório duplicam.

Exorcizando fantasmas

Amamentei exclusivamente minha mais velha só até os 2 meses e meio. Então, passei (com muita culpa) a complementar com mamadeira, porque não tinha leite suficiente. O medo de isso acontecer de novo só passou quando a Luisa estava às vésperas do terceiro mês. Aí me dei conta de que as coisas não precisavam se repetir, porque, afinal, além de as meninas serem diferentes, eu também era outra, muito mais experiente e segura. Acontece que comparações são inevitáveis: de tamanho, de peso… A Maya teve muita cólica, a Luisa sofreu menos. A mais velha custou a dormir a noite toda. A caçulinha, com 2 meses, já sonhava por sete horas seguidas. Aliás, salvo o caso de uma ex-chefe que garantiu que o primeiro filho fez propaganda enganosa (ele era calminho, e o segundo veio um capeta), dizem que os segundos nascem mais bonzinhos. E vão, aos poucos, mostrando seu jeitinho e sua personalidade.

Quase um passeio no parque

Pena que não dá para começar pelo segundo. Você já sabe trocar fralda, dar banho, limpar o umbigo, colocar para arrotar. Identifica o motivo do choro e tem maturidade para se preocupar apenas com as coisas importantes. Mas como lidar com a tristeza do outro?

O pai de uma coleguinha da Maya resume bem o dilema. Ele diz que a chegada de um irmão funciona como se o marido um dia falasse para você: “Vem aí uma nova esposa, mas não se preocupe que vou amar as duas igualmente…” Vamos combinar, socorro! Comecei a ver nos olhos da Maya uma tristeza de cortar o coração por ter perdido o colo. Quando eu e o Ale íamos dar banho na Lulu ela perguntava: “E quem vai ficar comigo?”

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Ela recebeu a irmã de um jeito supercarinhoso, depois começou a querer provar para mamãe e papai que era tão ou mais interessante do que aquela bebezinha que estava roubando os holofotes. Acontece que não dá para multiplicar a atenção. Ela precisa ser dividida.

Também é demais ver as duas se conhecendo e se entendendo. Outro dia a Maya ficou conversando com a Luisa, e a caçulinha sorria, balbuciava, mexia os bracinhos. Uma coisa! Mais gostoso ainda é observar as duas dormindo, lindas, uma pertinho da outra. Fora a emoção de ter aqueles dois pares de olhinhos me observando, cheios de amor, admiração, carinho.

A última chupeta do pacote

Tem hora, porém, que, em vez de inflar minha autoestima, quando as duas me querem (e só a mim) ao mesmo tempo, fico quase maluca. Assim que voltamos para casa, a Maya, apesar de ter só 3 anos, dava a impressão de ser uma adolescente perto da Luisa. Sorte que logo me dei conta de que não podia exigir atitudes maduras dela. Ainda hoje, por exemplo, ela faz o impossível para acordar a caçula dos seus cochilos. Eu explico que, se a Luisa acordar, ela perde a brincadeira com a mamãe, mas a minha princesa não se convence.

Faz de conta para ficar tudo bem

Algumas amigas mais experientes me aconselharam a reservar um tempo só para nós duas. O problema é que a Maya sempre pede mais (claro!). Ela já deixou escapar várias vezes que vai ficar com a mamãe para sempre. Pede carinho, diz que quer me fazer feliz, reclama que sempre digo que está errada, e isso me deixa de coração partido. Tentei mostrar que jamais perderia meus cuidados, pois a pediatra disse que esse é o grande medo do mais velho. Ela também avisou que as limitações seriam um capítulo complicado: explicar que ela não podia pegar na mão da irmãzinha, fazer barulho… A quantidade de “não pode” cresce consideravelmente.

Por fim, resolvi seguir o conselho de uma colega de trabalho: jogar limpo. Perguntei francamente se ela estava gostando de ter uma irmã. A resposta foi sim, mas ela continuou amuada num canto. Aí, tive a ideia de contar a história de uma menininha linda que ganhou uma irmã e sentia medo, mas que a mamãe dela jamais deixaria de ser louca por ela, de dormir com ela, de cuidar dela… Funcionou. Minha pisciana se acalmou. Bem na hora, porque agora é a Luli que está me chamando para dar uns golinhos de leite e ficar com as bochechas ainda mais beijocáveis. Lá vou eu! 

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