Qual é o momento certo para contar às crianças que Papai Noel não existe?
Dica: não precisa se preparar para um anúncio oficial que acabe de uma hora para outra com o faz de conta.
Há duas semanas, uma mãe australiana desabafou em suas redes sociais, indignada, que a professora substituta da escola de sua filha contou aos alunos que Papai Noel não existe. Era uma sala com 22 crianças, e as revelações incluíram o fato de renas não voarem e de os presentes que aparecem sob as árvores de Natal serem comprados pelos pais.
A menina tem seis anos de idade e, na repercussão do assunto nos comentários, muitas pessoas questionaram: até que idade é interessante que as crianças acreditem em Papai Noel? Qual é o momento para contar a elas que ele não existe?
Pois então: não existe um momento específico, uma regra de idade que defina isso. O que importa é a maturidade da criança.
É o que conta a neuropsicóloga Deborah Moss, mestre em psicologia do desenvolvimento humano e especialista em comportamento infantil: “Na maioria das vezes, não é preciso chegar a um anúncio, pois a própria criança vai tirando suas conclusões a partir de questionamentos, de trocas de ideias com os amigos, e deixa de acreditar por conta própria.”
André Assunção, psicólogo do Hapvida Saúde, complementa que o fato de entrarem em contato com a tecnologia e terem acesso à internet cada vez mais cedo colabora com a descoberta. “Sobra aos pais a função de confirmar”, diz.
Mas tem uma idade limite para acreditar em Papai Noel?
Enquanto a criança conseguir levar essa crença com tranquilidade e em sintonia com os amigos, está tudo bem. “Mas se ela fica grande e ninguém ao redor acredita mais, entra-se no campo da ilusão”, explica Deborah. “Aos 10 anos, espera-se que uma criança não acredite mais em Papai Noel.”
Caso seu filho ou sua filha persista na crença, a dica é que você vá desfazendo o mito aos poucos. “Mostre que algumas coisas são irreais, como um trenó que voa. Pergunte se a criança já viu um trenó voador, por exemplo. Ela chegará sozinha à conclusão de que é um personagem fantasiado”, orienta a neuropsicóloga.
Ok, mesmo assim não deu certo? Então busque ajuda especializada com um especialista em psicologia infantil. Muitas vezes, a voz de fora funciona melhor do que a dos pais, ainda que estejam falando exatamente a mesma coisa.
Papai Noel não é mentira, é magia – e faz bem
Não há uma comprovação científica de que acreditar ou não no Papai Noel interfira no amadurecimento das crianças, mas personagens como ele são importantes para a imaginação, a fantasia, o encantamento. “A criatividade se desenvolve ao acreditar em histórias. Não se trata de uma mentira, mas de uma construção mágica”, afirma André.
O psicólogo opina, ainda, que desconstruir essa magia muito cedo e forçadamente pode gerar frustração e angústia na criança, que continuará convivendo com a fantasia dos amigos na escola, na TV, nos shoppings e em tantos outros ambientes.
Para mães e pais que temem que os filhos achem que eles estavam mentindo esse tempo todo ao deixá-los acreditar em Papai Noel, uma mensagem de conforto: os especialistas garantem que isso dificilmente acontece e que o normal é que eles simplesmente tenham um ‘estalo’ de que aquele personagem era o pai, o tio ou alguma outra pessoa vestindo uma fantasia. Com muita naturalidade. Siga essa vibe das crianças e lide com a transição numa boa.