Pressão baixa na gravidez é natural! Veja dicas de como aliviar as crises na gestação
Mal-estar, fraqueza, pele pálida e visão escurecida. Sim, está aberta a temporada de pressão baixa. Mas não se assuste. Os especialistas garantem: esses sintomas são passageiros, simples de reverter e não trazem risco para sua gravidez
Grávidas devem evitar lugares abafados e aglomerações
Foto: Getty Images
Quando o assunto é pressão, os obstetras são unânimes: melhor baixa do que alta. Mesmo porque a hipotensão tende a aparecer naturalmente conforme a gravidez evolui. E nem de longe ela está associada aos riscos que a hipertensão impõe à saúde da mãe e do bebê, como eclâmpsia, prematuridade e baixo peso no nascimento.
Mesmo sem motivos para se preocupar, vamos combinar que não é nada agradável lidar com os sintomas que acompanham essas quedas. Mal-estar, moleza, suor frio, palidez, escurecimento da visão e formigamento nos lábios dão o alerta. Nos casos mais severos, também podem ocorrer desmaios. “Mas esses incômodos desaparecem rapidamente sem nenhum prejuízo. Só é preciso cuidado com os desmaios, pois a queda pode causar traumatismos, como o descolamento prematuro da placenta, que ameaçam a gestação”, diz o obstetra Alexandre Pupo Nogueira, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Então, se você já passou por isso, fale com o médico. Talvez ele resolva indicar um medicamento para elevar ligeiramente a pressão.
Aquecimento global
O cuidado é ainda mais importante no calor, que funciona como um agravante para as quedas de pressão. É fácil entender: o calor faz o corpo disparar um mecanismo de refrigeração interna. Os vasos sanguíneos se dilatam para permitir que o sangue atinja uma camada mais superficial da pele e perca o excesso de calor para o ambiente. Com os vasos dilatados, essa passagem fica facilitada e o fluxo perde a força. Daí, a pressão cai. “Por isso, grávidas devem evitar lugares abafados e aglomerações, que fazem o corpo se aquecer muito”, avisa Soubhi Kahhale, professor de obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Também a prática de atividade física pode elevar a temperatura corporal. Ou seja, nos dias muito quentes, é preciso diminuir o ritmo. Se você já teve episódios anteriores de queda de pressão, converse com o educador físico que a acompanha para que ele adeque o nível de esforço dos seus treinamentos. Procure se exercitar sempre em ambientes bem ventilados e, se pratica alguma modalidade ao ar livre, evite os horários de sol intenso.”Bem dosado, o exercício é benéfico, pois melhora a condição do sistema cardiovascular e ajuda a manter a pressão em níveis adequados”, diz Nogueira.
Sal: mocinho e vilão
É verdade que ingerir algo salgado faz a pressão subir. Isso acontece porque o sódio retém os líquidos e, assim, provoca o aumento do volume de sangue nos vasos. “Mas o ideal é manter estáveis os níveis desse mineral, presente também em frutas e vegetais. Um lanche saudável a cada três horas é suficiente para prevenir as quedas”, diz o nutrólogo João César Castro, da Universidade Federal de São Paulo. Outra recomendação é não descuidar dos líquidos. Além de ter sempre à mão uma garrafinha de água, capriche nos sucos e no leite.
Algumas mulheres costumam colocar uma pitadinha de sal sob a língua ao primeiro sinal de que a pressão está caindo. O truque funciona, mas não é seguro. “O efeito do sal é instantâneo e pode causar uma subida perigosa”, alerta Castro. Além disso, a sensação de pressão baixa pode ser enganosa. Nas hipertensas, quando a pressão se estabiliza (devido ao medicamento ou à própria gravidez), é comum um certo mal-estar enquanto o corpo se adapta à nova condição. A melhor atitude é ligar para o médico e relatar os sintomas.
Na hora do sufoco
E quando a pressão despenca e você não tem nenhum alimento por perto nem está em condições de buscar um sem correr o risco de sofrer um apagão no caminho? Calma nessa hora. Respire fundo e recorra a alguns truques que ajudam a reverter o quadro. Experimente, por exemplo, sentar e posicionar a cabeça entre os joelhos por alguns minutos. Se o tamanho da barriga não permitir, deitar e elevar as pernas também ajuda a normalizar o fluxo sanguíneo.
Evitar movimentos bruscos ao mudar de uma posição para outra é mais uma medida necessária nessa fase. “Se a mulher fica sentada ou deitada por algum tempo, o corpo se adequa para distribuir o sangue nessa posição. Quando ela levanta, essa dinâmica de circulação se altera, e o organismo precisa de um tempo para se readaptar. É questão de segundos, mas pode ser suficiente para a visão escurecer e a grávida sofrer uma queda”, alerta Nogueira. Então, nada de pressa.
As meias de compressão também são aliadas de quem sofre com a hipotensão. “Elas exercem pressão sobre as pernas e fazem o sangue retornar, circulando corretamente”, explica Kahhale. Tudo bem: é duro encará-las no calor, mas lembre que elas também contribuem para diminuir o inchaço nos pés. Antes de comprar a sua, porém, peça ao médico que indique o grau de compressão correto para o seu perfil. Com esses cuidados, você vence a temporada de pressão baixa com um mínimo de incômodos.
Caiu por quê?
A queda de pressão na gravidez está ligada às mudanças pelas quais o corpo está passando. A principal é a formação da placenta, responsável pela troca de nutrientes e oxigênio entre mãe e bebê. “Ela aumenta o perímetro de circulação sanguínea e, no primeiro momento, o organismo materno ainda não produziu sangue extra suficiente para suprir essa demanda. O sangue se espalha por uma área maior, diminuindo a pressão exercida sobre os vasos. Daí a queda”, ensina o obstetra Alexandre Pupo Nogueira, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. É como ligar uma mangueira comprida a uma torneira: o jato chega fininho e quase sem força na outra ponta. “Esse quadro se estabiliza à medida que o volume de sangue aumenta. Até o final da gravidez, ele estará de 30% a 50% maior, e a pressão retornará ao normal”, completa o médico.