Por que minha filha nunca é convidada para as festinhas da turma?
Especialista explica como os pais devem lidar com crianças que sentem dificuldade para se relacionar com os amigos.
Minha filha, de 10 anos, não é convidada para as festas da turma. Vi no Facebook mães comentando do aniversário de uma colega, mas ela não foi chamada. Respeito o fato de ela ser reservada? (Pergunta enviada por leitora)
Em primeiro lugar, reflita se essa situação é nova ou se ocorre com frequência. Quando menor, sua filha era chamada para as festinhas? Houve uma mudança de colégio recentemente? Um grupo de amigas vai à sua casa ou a convida para passear? “Caso as respostas sejam negativas, tenha consciência de que essa situação é prejudicial à criança e precisa ser contornada”, afirma Leila Tardivo, professora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. “Está acontecendo algo no grupo dela, pois isso configura uma exclusão.” Converse com sua filha. Pergunte se gosta dos colegas, se ela se sente bem entre eles. Se circula com facilidade em outras turmas, como a do condomínio ou a do clube, é sinal de que o problema está restrito ao ambiente escolar. Após essa conversa, marque uma reunião com o colégio. Os professores devem saber se o estudante fica sozinho no intervalo ou “sobra” nos trabalhos em grupo. Pode ser que isso aconteça não porque sua filha seja introvertida, mas por problemas de relacionamento. “Se for esse o caso, você pode marcar uma consulta para ela com um psicólogo”, sugere Leila.
Conversar com a mãe de uma colega de classe com quem você tem mais intimidade pode ajudar a entender o que se passa. Investigue se existe algum tipo de embate na sala e como outros pais vêm agindo. Só não deixe de dar importância à história. “Nessa idade, as crianças já fazem as próprias escolhas, decidem do que participar, o que vestir e ouvir. Se alguém não se identifica com nenhuma ‘tribo’, não deve ser convocado. Da mesma forma, agora não são mais os pais que fazem a lista de convidados para as festas, as opções já partem das crianças”, diz Paula Birchal, especialista em psicologia escolar e professora de psicologia do desenvolvimento da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Outro alerta: não culpe a criança pelo comportamento antissocial. “Formamos turmas pela empatia, e esse pode ser um caso de falta de encaixe. Quem sabe nas próximas experiências escolares ela terá vários amigos. Nem sempre aqueles não socializados em uma situação serão assim em outras”, lembra Amone Inácia Alves, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás. Se for esse o caso da sua filha, talvez valha a pena mudá-la de escola ou de período. “O que nos marca como seres humanos é a capacidade de interagir em momentos distintos com pessoas diferentes”, lembra Inácia Alves.
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