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Pesquisa comprova: dividir escritório com o marido ajuda na vida pessoal dos dois

Além de ajudar nas aspirações profissionais dos casais, confira!

Por Simone Costa (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 11h44 - Publicado em 28 jun 2016, 18h15
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Se a relação longa pode levar a uma rotina de desgastes e pôr fim ao romance, imagine quando o casal passa o dia respirando o mesmo ar também no escritório. É preciso malabarismo para preservar a vitalidade do casamento e dos negócios. Quem consegue apresenta o dobro de benefícios ligados à satisfação profissional e ao equilíbrio familiar, segundo uma pesquisa com 639 casais publicada em agosto de 2015 no americano Journal of Occupational Health Psychology. Dos entrevistados, 136 eram colegas, sócios ou tinham o mesmo ofício – e eles revelaram os melhores índices de realização. “A dupla entende com clareza as perspectivas de cada um sobre aumento e promoção e até as dificuldades laborais”, diz o terapeuta de casais Luciano Passianotto, de São Paulo.

Veja também: Estudo revela que ter um marido cria sete horas adicionais de trabalho doméstico para uma mulher.

Como ambos estão crescendo, sentem-se importantes e tendem a ter menos inveja do sucesso do parceiro. Para a boa convivência, Passianotto recomenda atividades comuns de lazer (para que os encontros não sejam só profissionais), além do respeito à individualidade (por exemplo, cada um sair só com os próprios amigos). A sugestão de Joseph Teperman, da paulista Inniti, especializada em governança corporativa, é definir quanto da vida doméstica pode ser permeada pelo trabalho. O desafio maior, acredita, recai sobre sócios, já que a empresa acaba encontrando na casa sua extensão. Ali é preciso estabelecer lugares sagrados, como a cama, em que não se fala do escritório. No Brasil, não há dados sobre empresas criadas exclusivamente por marido e mulher. Mas 90% são familiares (envolvem pais e filhos, irmãos, casais) e só 30% delas permanecem ativas até a segunda geração. Sinal de que misturar parentesco e produção nem sempre dá certo. “A sobrevivência depende da divisão de papéis e de evitar disputas”, diz Teperman. Seis duplas, entre elas um ex-casal, contam como gerenciam a vida privada e a comercial.

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Sem abraço na empresa

Por dois anos, Denise Nakaoshi Pimentel, 30, e Denis Pimentel, 31, foram apenas bons amigos na multinacional francesa de gás industrial Air Liquide, em São Paulo. Ela é analista de comunicação; ele, de desenvolvimento de recursos humanos. Quando Denis decidiu investir em uma relação amorosa, Denise resistiu: “Estávamos contratados havia pouco tempo. Eu não sabia como os namoros eram vistos ali e tinha medo de que pudesse nos prejudicar”. A paixão cresceu, ela cedeu. A primeira atitude foi contar aos chefes. “Eles confiaram que saberíamos separar as coisas; cada um manteria a confidencialidade em sua área”, diz Denis. Casaram-se em 2015 e, no ninho, não se lembram de assuntos corporativos. “Só no trajeto para o escritório falamos sobre isso”, conta ele. Na empresa, mantêm postura formal. “Lá, não tem abraço. Nunca tocamos em assuntos pessoais, sentamos separados no restaurante e almoçamos com colegas”, garante Denise. Algumas vezes, ela interage com o marido em ações conjuntas: “Os e-mails e as ligações são protocolares”. Não ensaiaram um comportamento. “Foi natural, bastou seguirmos a boa conduta profissional”, afirma ela.

Denis e Denise: Nada de vida pessoal no escritório. Almoço, só com colegas.

Discussão com hora para acabar

Há quase 20 anos, Jacques Veloso de Melo, 40, virou chefe em um escritório de advocacia, em Brasília, e sua então namorada, a secretária Thatiana Del Aguila, 39 anos, se demitiu: “Quando há diferença hierárquica, colegas desconfiam de protecionismo”. Em 2011, formada em direito, ela foi trabalhar no escritório que ele abriu. “Eu precisava de alguém da minha confiança”, afirma o marido. “Agora somos sócios, estamos no mesmo nível”, lembra ela, que é gestora financeira do escritório Veloso de Melo. Thatiana tem olhar crítico sobre as decisões. “Cobro muito dele e dos demais, mas as discussões profissionais se restringem ao expediente. No fim do dia, acabou”, conta. “É uma utopia querer separar trabalho e família, mas equilibramos, porque, em casa, os filhos pequenos querem falar de outras coisas.”

Jacques e Thatiana: Igualdade de direitos e poderes na sociedade.

Alguém tem que ceder

Certa vez, a produtora editorial Denise Yumi Chinem, 38 anos, pediu autorização para terceirizar uma etapa do projeto de um livro sob sua responsabilidade. Recebeu um doloroso “não” e ficou chateada. O veto, baseado em custos, partiu do editor-gestor Walter Coutinho, 37 anos, seu marido. “Isso provocou stress entre nós, me deixou de mau humor. Fora do trabalho, eu lembrava daquilo e tentava convencê-lo do contrário”, lembra Denise, que se considera passional e explosiva. “Como Walter é zen e compreensivo, acabava falando de algo que me divertia”, afirma. Ele conta que também aprova projetos dela: “Sempre com transparência. Deixo claro os motivos e, às vezes, divido a decisão com um par”. Os dois são funcionários da Editora Manole, em São Paulo, onde se conheceram há 16 anos. Estão casados há dez. “O nascimento do nosso bebê, em 2015, ajudou a falar menos de trabalho”, garante ela. O que os mantém na mesma vibração são os interesses comuns, entre eles os livros. “Fazemos algo que amamos. Passar tanto tempo grudado não cansa. Adoramos ser um casal 24 horas por dia.”

Denise e Walter: Decisões transparentes e sem favorecimentos. 

Junto se vai mais longe

O médico Sandro Sabino, 45 anos, e a embrióloga Bernadette Veado, 44, se atraíram em 2001 por gostar do mesmo tema: reprodução assistida. Dois anos depois, estavam vivendo juntos e, em 2009, criaram em Belo Horizonte a Clínica Vilara. “Sem a parceria, o projeto não existiria”, diz Sandro. “Trabalhar com ela permitiu que fôssemos construindo um sonho. E continua facilitando a aprendizagem e a troca de conhecimentos.” Outra vantagem é entender a carga horária pesada e as obrigações. “É comum ir ao laboratório no fim de semana para checar os embriões. Seguimos para lá os dois juntos”, afirma o marido. Bernadette acredita que a proximidade faz com que os problemas sejam resolvidos rapidamente. E proporciona inteira afinação. “Lidamos com a expectativa dos casais que querem engravidar. É algo que não pode ter erros”, explica ela. “Precisamos evitar rusgas e nos entender para exercer bem uma atividade de natureza complexa, que exige muita concentração.” Nas horas de folga, Bernadette se policia para não falar da clínica: “A sorte é que os embriões não podem ser trazidos para casa. Isso nos ajuda”.

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Sandro e Bernadette: Troca de saber científico e cumplicidade nas jornadas longas.

Cada um no seu quadrado

Grace Zolko, 55 anos, não queria se mudar de São Paulo com o marido, Michel Zolko, 56 anos, que é engenheiro de petróleo e certamente atuaria em plataformas no mar. Assim, levou-o a integrar o negócio da família dela, na área de confecção. Logo abriram a própria fábrica de roupas infantis. Pouco depois, em 1989, o empreendimento deu lugar à marca de moda feminina TVZ. Grace é diretora de estilo e Michel diretor-geral. “Dá certo exatamente porque um não se mete no que o outro faz”, revela Grace. Não foi sempre assim. “No começo, éramos só nós, e um acabava dando muito palpite e atrapalhando o outro. Com o crescimento, ocorreram a separação das áreas e a montagem de equipes distintas”, conta o engenheiro. “A qualquer hora falamos da TVZ, porque gostamos dela e por satisfação em acompanhar seu crescimento”, diz ela. Da empreitada, já participam os dois filhos do casal, de 30 e 27 anos. “Brigas podem acontec er, mas, no outro dia, tudo fica bem de novo. A vantagem de estar em família é não guardar mágoas”, afirma a estilista.

Michel e Grace: Respeito pela competência do outro.

Negócios à parte

No mesmo dia em que se casou, em 1993, o arquiteto Gustavo Schneider, 51 anos, comprou uma pequena fábrica de luminárias, que daria origem à Vértice Iluminação, em Porto Alegre. Dois anos mais tarde, levou a esposa, a administradora Viviane Treméa, 45, para a empresa. Ficaram casados até 2002. “Na manhã seguinte à separação, ela chegou normalmente para trabalhar. Conversamos e decidimos continuar com o negócio, que ia bem e dependia dos dois”, lembra o sócio. “Nunca achei que o trabalho afetou a relação”, explica ela. Para Viviane, se ele fosse o responsável pelo fim, tudo teria desandado, não sobraria energia para dirigir o empreendimento, que até cresceu depois. “O fato é que o amor havia se transformado em amizade”, diz ela. Na visão do ex, as personalidades muito diferentes funcionam bem nos negócios: “Eu sou sonhador; ela, pé no chão”. O arquiteto responde pela gestão geral e pelos projetos, e Viviane toca o comercial. A administradora se casou de novo; Gustavo tem um relacionamento firme. Os parceiros de ambos não se intrometem, entendem o companheirismo deles. Para a Vértice, isso tem sido ótimo, admite a dupla. “De alguma maneira, o destino achou que tínhamos que continuar perto”, resume ele.

Gustavo e Viviane Separar não azedou o empreendimento, que até deu mais frutos.

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Na foto de destaque, Tarcísio Meira e Glória Menezes: a relação de 53 anos mistura-se com a história da TV brasileira.

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