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Perigos na balada: informações sobre álcool e drogas para os pais de adolescente

Agito, curtição, música eletrônica. Para ampliar as sensações e garantir o pique, a moçada usa na balada álcool e drogas sintéticas. Conheça os efeitos dessas substâncias e saiba como tocar no assunto com seu filho.

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 28 out 2016, 04h19 - Publicado em 27 jul 2014, 22h00
Christina Nabuco
Christina Nabuco (/)
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Foto: Getty Images

“Quer uma bala aí? Um doce?” Bala e doce são gírias para as duas drogas de maior sucesso nas baladas – respectivamente, ecstasy e LSD. “Elas deixam a pessoa agitada e eufórica. É comum falar mais rápido, querer se levantar e dançar muito. As ideias brotam como salvas de canhão e os sentidos se aguçam”, explica o psiquiatra Arthur Guerra de Andrade, coordenador do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo e presidente do Centro de Informações sobre Álcool e Drogas. Entendeu por que atraem tanto a moçada? Pior: o álcool, muitas vezes consumido em conjunto, potencializa os efeitos e aumenta os riscos, incluindo o de ocorrer uma falha fatal do coração. Não fosse perigo suficiente, essas e outras drogas têm tido o conteúdo adulterado, o que faz com que os usuários consumam versões ainda mais nocivas – e sem saber.

Pais que acham cedo para pensar nisso talvez desconheçam uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com adolescentes entre 13 e 15 anos: 70% já experimentaram bebida alcoólica e 10% (o que dá 312 mil jovens) já usaram substâncias ilícitas. “Reconheça que o risco de seu filho ter contato com drogas é alto. Invista em prevenção”, orienta o pediatra e toxicologista Anthony Wong, chefe do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da USP. Isso significa aproveitar qualquer oportunidade – um personagem de novela, uma notícia de jornal, um anúncio na TV – para introduzir o assunto. E não deixar para conversar só às vésperas da próxima festa.

Muitas vezes os pais são permissivos em relação ao álcool: não se importam que o filho beba e chegam a oferecer, eles mesmos, os drinques. “Os adolescentes entendem isso como autorização para beber com os amigos e, como o álcool aumenta a desinibição e reduz o senso crítico, ficam mais propensos a provar outras drogas. Não há justificativa para o consumo de álcool por adolescentes. Os pais não devem tolerar”, recomenda Wong.

Quanto às substâncias ilegais, ele alerta que o discurso de que faz mal pode não funcionar: “Se o jovem experimentar e sentir prazer, irá ignorar o que os pais falaram”. Nas conversas, é preciso focar nos prejuízos que a droga pode trazer no futuro. Portanto, o melhor caminho para os pais é manterem-se informados sobre os efeitos comprovados e as novidades. Por exemplo, para você, a maconha ainda é aquela droga que causa sonolência e, por isso, tem menos apelo com frequentadores da noite? Saiba que uma nova versão “turbinada” em laboratório vem invadindo as pistas. Mais potente, não só não tem efeito calmante como mantém o usuário ligado na voltagem máxima. A ela é misturado um composto químico de grupo chamado JWH, desenvolvido nos anos 1990 para combater o câncer (e ainda em testes). Ele eleva a pressão arterial, provoca taquicardia, agressividade, dependência e depressão.

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A maconha sintética é só um exemplo capaz de ilustrar um fenômeno que vem reforçando o tom sombrio desse cenário. Com o surgimento de versões mais fortes, mais baratas e, em geral, mais nocivas, é cada vez maior a oferta de entorpecentes. Resultado: o perigo aumenta e tudo se complica. O ecstasy e o LSD têm ganhado falsificações. Com o nome do primeiro são vendidos comprimidos coloridos com figuras em baixo-relevo de golfinho, caveira, coração, átomo, alienígena. O original contém MDMA, derivado da anfetamina que eleva a serotonina, deixando o usuário feliz e sociável. Entre os efeitos indesejáveis, que duram até uma semana, estão depressão, ansiedade, irritabilidade, distúrbios do sono, náuseas, perda da concentração, alterações da visão, aumento da pressão arterial e arritmia.

Mas diversas opções foram apreendidas como ecstasy nas baladas paulistanas, a exemplo dos comprimidos Super-Homem Verde, Peace Sign (também verde e com o símbolo da paz), Red Diamond (diamante vermelho) e Adam-Eva (nas cores verde ou pink). Espécie de Wikipedia das pílulas, o site australiano Pillreports.com, que identifica e detalha o que está em circulação no mundo por meio de relatos e testes próprios, concluiu que só a versão Super-Homem Verde realmente possuía MDMA. As demais traziam outros compostos ou tinham conteúdo desconhecido (caso da Adam-Eva Pink). Até pílulas com anestésico para cavalo (ketamina) já foram encontradas. “Como não há controle de qualidade, não dá para saber a composição, a concentração do princípio ativo e a intensidade do efeito”, alerta Guerra. “Consumir essas balas é um mergulho no escuro.”

Já o doce, ácido ou LSD é vendido no formato de um microsselo colorido para colocar sob a língua. Além de agitação e amplificação dos sentidos, pode causar alucinações e ter efeito residual anos depois. O LSD também traz risco da chamada bad trip, que se manifesta como ansiedade e tristeza, podendo desembocar em ataque de pânico. Há também versões falsas. O custo é ainda mais alto. “Prejudica o coração, os rins, o fígado, além de tornar os jovens violentos”, avisa Wong. A pureza e a concentração da droga afetam sua resposta, mas a reação, a vulnerabilidade à dependência e à overdose variam conforme o organismo e o grau de angústia e depressão do usuário.

Como detectar se seu filho faz uso dessas substâncias quando vai a uma baladinha? Observe se no dia seguinte ele fica inquieto e irritado. “Antes de atribuir esses sintomas à adolescência, verifique se vêm acompanhados de alterações no sono e na alimentação”, recomenda Guerra. E note se o comportamento mudou, não só em casa. Ele trocou de turma? O rendimento na escola caiu? Tem faltado ao treino esportivo? Pergunte aos amigos, às mães dos amigos e aos professores. Visite o clube, a academia. Wong adverte, porém, que é comum a descoberta ser tardia: quando o jovem emite sinais que são percebidos pelos pais, já está intensamente envolvido – e, por isso, não consegue disfarçar. Dada a dificuldade para lidar com a situação, não hesite em procurar quanto antes um especialista em dependências químicas. Ele saberá ajudar.
 

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