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Os pais devem ajudar os filhos com a lição de casa?

Ajudar as crianças com as tarefas, na verdade, pode atrapalhar: a primeira lição de casa é incentivar a autonomia

Por Larissa Purvinni (colaboradora)
Atualizado em 22 out 2016, 22h51 - Publicado em 4 Maio 2015, 12h55
Getty Images
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É semana de provas e você já sabe o que a espera: terá de estudar. Todo esse esforço não é para acrescentar um MBA ao seu currículo, mas para que seu filho passe de ano. A cena, comum nas casas brasileiras, mostra que tem alguém fazendo mal a lição de casa. E não são as crianças. Somos nós, mães e pais. Estudo realizado por sociólogos da Universidade do Texas e da Universidade Duke, nos Estados Unidos, e publicado no livro The Broken Compass: Parental Involvement with Children’s Education (A bússola quebrada: envolvimento dos pais com a educação das crianças, em tradução livre) avaliou 63 formas de envolvimento dos pais com a escola e concluiu que ajudar na lição de casa pode piorar o desempenho do aluno.

Talvez você se pergunte: então, qual o segredo daquela amiga que parece nunca ter se preocupado e cujos filhos exibem um boletim recheado de notas boas? Uma parte dele é que, provavelmente, ela se preocupe muito, sim, mas demonstre isso de um jeito diferente.

No livro As Crianças Mais Inteligentes do Mundo – E Como Elas Chegaram Lá (Três Estrelas), a jornalista norte-americana Amanda Ripley mostra o que os países com melhor desempenho no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) têm em comum: além de darem importância ao aprendizado, exigem mais das crianças e acreditam que elas são capazes de se superar.

O Pisa mede o conhecimento e a habilidade em leitura, matemática e ciências de estudantes com 15 anos, tanto de países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) como de países convidados, caso do Brasil. Em alguns aspectos, seus resultados refletem um caminho iniciado desde muito cedo, ainda naeducação infantil. Em 2012, o Brasil ficou na 55ª posição em leitura, na58ª em matemática e em 59º em ciências entre 65 nações.

Ajudar, sim, fazer por eles, não

A participação dos pais na vida escolar é importante, mas depende de como acontece. Então, se você faz as tarefas não “com”, mas “por” seu filho, pare de fazer. “Isso até garante notas, mas prejudica o aprendizado, tendo em vista que uma determinada dificuldade pode deixar de ser diagnosticada pelo professor, e o aluno ficar sem o apoio necessário para superar o desafio”, diz Alejandra Velasco, coordenadora-geral do movimento Todos Pela Educação, que lançou a campanha Todos Somos Educadores e propõe cinco atitudes (5atitudes.org.br) para ajudar criançase jovens a aprender cada vez mais e por toda a vida.

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Levar uma tarefa com o resultado incorreto para a escola deveria ser parte do processo. Mas algo nos impede de permitir que isso aconteça. “Existe um receio dos pais de que os filhos não correspondam a expectativas que são mais deles que dos professores ou do próprio aluno”, diz a psicóloga e psicopedagoga clínica Ana Cássia Maturano, de São Paulo. Mais importante do que receber elogios por uma lição que a criança sabe que não fez é que ela tenha apoio para superar suas dificuldades. Ensinar o filho a ser autônomo é bem mais trabalhoso do que dizer “parabéns” o tempo todo. Acontece no dia a dia, mostrando para a criança, paulatinamente e de acordo com a sua capacidade de compreensão, que ela é, e será, cada vez mais autora e responsável por sua vida. Você pode começar deixando-a se vestir sozinha, arrumar a lancheira, guardar os brinquedos. “E não a subestime. Em geral, a criançapode muito mais do que imaginamos”, diz Lígia Pacheco, palestrante e pesquisadora de educação, autora do blog FILHOsofar (filhosofar.blogspot.com.br).

Ninguém espera que uma criança pequena, ainda na educação infantil, aprenda a se organizar sem algum apoio. “Não dar nenhum suporte não é bom. As crianças precisam”, diz Ana Cássia. Ela conta que a filha, Alice, 10 anos, apresentou dificuldades no início da alfabetização com o traçado de algumas letras. Juntas, ela e a menina criaram as “lições da mamãe”. “Num caderno, trabalhamos a escrita de palavras envolvendo tais letras. Rapidamente, ela as superou”, comemora.

As primeiras tarefas irão servir de base para as futuras, mais complexas, e a presença dos pais é fundamental no primeiro momento para ajudar a criança a criar uma rotina de estudo em casa. “Ela precisa aprender a aprender. E esse é o grande papel dos pais. É como andar de bicicleta: seguramos, depois empurramos e, então, soltamos de uma vez”, diz Lígia.

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Quanto à dificuldade da tarefa, funciona como a lógica dos games: é importante que seu filho se sinta desafiado, mas não a ponto de achar que não vai dar conta. Agora, se o filho se recusa a fazer a tarefa, é importante observar se está cansado ou indisposto. Nesse caso, proponha outro horário para retomarem. Se o problema persistir, pode ser que a criança esteja dando um sinal de que tem dificuldade com um determinado conteúdo. É importante informar à escola para que possaajudar, explicam as pedagogas Patrícia Brun, especialista em alfabetização e gerente de formação de consultores, e Rebeca Oliveira, psicopedagoga e coordenadora de consultoria educacional, ambas do Sistema Ari de Sá, conhecido pelos índices de aprovação em centros de excelência, como Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e Massachusetts Institute of Technology (MIT).

É preciso estar sempre atenta ao processo de aprendizagem dos filhos. Aline Kelly de Almeida, mãe de Clara, 8 anos, Julia, 9, e Gabriel, 15, autora do blog Inspiração Sustentável 2.0 (sustentavel.blog.br), nunca liberou os filhos da responsabilidade de fazer a lição de casa. “Defino um horário para estudar, monitoro nos primeiros anos e, conforme vão crescendo, lembro da importância do estudo contínuo, para não ter de ficar revisando toda a matéria em véspera de prova. Mas sempre reforçando que a tarefa escolar é uma responsabilidade deles”, resume.

Segundo Amanda Ripley, os pais cujos filhos se dão bem na escola estimulam os estudantes a serem persistentes e impõem limites claros e definidos, mostrando que as regras não estão sujeitas a negociação. São afetuosos e compreensivos, próximos dos filhos, mas, à medida que ascrianças vão ficando mais velhas, lhes dão liberdade para efetuar descobertas e arriscar-se a fazer as próprias escolhas.

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Nunca é demais lembrar que a palavra educar vem do latim educere e significa, literalmente, “conduzir para fora”, isto é, preparar para o mundo. Essa é a nossa principal tarefa como pais e mães.

5 passos para organizar a tarefa

  1. Informe-se com a escola Pergunte em que dias são enviadas, prazo de entrega e como é feito o acompanhamento quando a tarefa volta para a sala de aula.
  2. Defina um horário fixo Pode ser depois do banho, por exemplo. Com o tempo, a própria criança vai saber que é hora de fazer a lição. Combine também um horário para conferir que a tarefa foi feita e para a criança tirar dúvidas.
  3. Organize o espaço de estudo Reserve um local silencioso e iluminado e providencie os materiais (lápis, cola, tesoura), ajudando seu filho a organizá–los. O ambiente deve ser livre de distrações (TV, games, celulares).
  4.  Ajude-a a organizar a mochila Deixe que a criança guarde o material. Em geral, aos 5-6 anos a criança já pode assumir sozinha suas tarefas com alguma supervisão.
  5. Não corrija, faça-o entender o que foi pedido.Nunca dê bronca ou faça por ele.
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