Os 10 melhores tapas na cara do machismo em 2016
Uma retrospectiva que nos enche de orgulho!
2016 trouxe notícias alarmantes: ser menina no Brasil, por exemplo, é muito pior do que no Paquistão, um dos países mais horríveis do mundo para as mulheres. Neste ano, assistimos chocados ao caso do estupro coletivo no Rio de Janeiro e, mais recentemente, ao abuso e assassinato da jovem argentina Lucía Perez.
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Felizmente, em contrapartida, coisas MUITO boas também aconteceram às mulheres. Momentos que foram verdadeiros tapas na cara do machismo, por mais pequenos que alguns possam parecer. Por causa deles, ainda é possível ter fé e acreditar em um mundo igualitário.
Abaixo, a partir das matérias publicadas no MdeMulher nos últimos 12 meses, selecionamos 10 dos mais expressivos.
A vitória de Dayse no “Masterchef Profissionais”
Marcada pelo machismo escancarado dos participantes, a primeira edição do “Masterchef Profissionais” terminou coroando Dayse Paparoto. A vitória, muito comemorada nas redes sociais, foi uma resposta para todos aqueles que diminuíram o talento da chef ao longo da competição. E que resposta!
A decisão do STF sobre aborto
Em julgamento inédito, os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiram, por maioria, que o aborto até o terceiro mês de gravidez NÃO pode ser considerado crime – independente do motivo que leve a mulher a interromper a gravidez. Sim, apesar de tratar de um caso isolado, um processo de Duques de Caxias, no Rio de Janeiro, a decisão abre precedente para que juízes deem sentenças equivalentes em outros processos sobre o aborto. Apesar da prática continuar como um crime no país, é um grande avanço pois, pela primeira vez, o Supremo descriminalizou a interrupção voluntária da gestação.
Os novos emojis
Reconhecendo a igualdade de gêneros, em 2016, os emojis agora trazem, vejam só, mulheres nas mais diversas profissões. Já não era sem tempo!
As Olimpíadas do Rio de Janeiro
Jogue como uma garota, lute como uma garota, nade como uma garota, salte como uma garota! Sim, os jogos olímpicos tiveram diversos momentos sexistas, como quando a ginasta Alexa Moreno foi vítima de comentários maldosos em relação ao corpo dela, mas é impossível negar como as mulheres dominaram e brilharam demais na edição carioca do evento.
Além de ser a Olimpíada com o maior número de atletas assumidamente lésbicas e gays da história (com o dobro do número computado em Londres), foram os jogos com maior participação feminina da história – 45% das atletas eram mulheres -, um motivo de celebração, sim, já que a tão sonhada equidade parece mais próxima.
E elas arrastaram a torcida como nunca! Seja a onipresença da maravilhosa Flavinha Saraiva ou as brasileiras lacrando no futebol feminino – mesmo com aquela triste eliminação na semi -, sejam as estrangeiras, como Simone Biles mostrando que não existem limites para o que uma mulher pode fazer. Deixou saudade! #OlimpíadasdasMulheres
Rafaela Silva
Negra, periférica e lésbica, a judoca conquistou o primeiro ouro para o Brasil nos jogos Olímpicos 2016. Com uma trajetória de vida nada menos do que inspiradora, a vitória dela representou um tapa na cara do machismo, racismo e do preconceito praticados contra ela durante toda a vida. Lute como uma garota, assim como Rafaela!
Quando uma mãe transformou o filho em “lavador de louça” oficial da casa
A microempresária Gracy Izaú, 31 anos, não costumava pedir ajuda dos filhos – um de de 13 e outro de 8 anos – nas tarefas doméstica. Até que foi surpreendida por um comentário machista do mais velho e resolveu mudar essa situação.
“Meu filho de 13 anos disse para mim hoje que lavar louça é coisa de mulher, e que homem não tem obrigação de fazer serviços domésticos. Sendo assim, a partir de hoje ele será responsável por lavar a louça todos os dias, e como hoje estou inspirada, o mais novo também ganhou a tarefinha dele, vai retirar a mesa de todas as refeições. Sei que minhas noras me agradecerão no futuro”, publicou ela em post viral do Facebook. Um lindo exemplo a ser seguido, não?
A resposta inspiradora de Jennifer Aniston para quem critica o fato dela não ter filhos
Jennifer Aniston é uma mulher de sucesso, famosa, rica, casada com o também ator Justin Theroux, e que, por decisão unicamente dela, decidiu não ter filhos. O quê? Como assim? Sim, ELA decidiu não engravidar e, por isso, foi criticada durante toda a vida.
Porém, em 2016, cansou. Cansou dos boatos, cansou da especulação, cansou do corpo dela estar sempre em um microscópio e cansou do fato de o mundo achar que tem algum direito em relação as escolhas dela. Em um longo e inspirador desabafo, publicado no Huffington Post, escreveu:
“A enorme quantidade de recursos gastos pela imprensa tentando simplesmente descobrir se estou ou não estou grávida aponta para a perpetuação desta noção de que as mulheres são de alguma forma incompletas, sem sucesso, ou infelizes, se não estão casadas e com filhos. Neste último período de notícias sobre minha vida pessoal, houve fuzilamentos em massa, incêndios florestais, as principais decisões do Supremo Tribunal. […] Estamos completas com ou sem uma companhia, com ou sem um filho. Nós começamos a decidir por nós mesmas, o que é belo quando se trata de nossos corpos. Essa decisão é nossa, e só nossa. Vamos tomar essa decisão por nós e para que as jovens mulheres neste mundo olhem para nós como exemplos. Nós não precisamos ser casadas ou mães para sermos completas. Nós começamos a determinar nosso próprio ‘feliz para sempre’”.
E as respostas de várias outras famosas
2016 foi ano no qual as famosas não se calaram. Muito pelo contrário, reconheceram o privilégio delas como pessoas públicas capazes de influenciar milhões de fãs, e não abaixaram a cabeça para ninguém.
Responderam quem criticou o corpo delas, abriram o jogo sobre a cultura do estupro, denunciaram atos de racismo, abusos e assédios, denunciaram agressões, questionaram padrões, questionaram o sexismo na indústria do entretenimento, questionaram como são tratadas quando envelhecem e como são retratadas pela imprensa, falaram abertamente sobre doenças mentais, ficaram do lado umas das outras e fizeram a gente acreditar que 2017 tem tudo para ser muito melhor.
“Lemonade”
Quando o álbum visual de Beyoncé, “Lemonade”, lançado no início do ano, saiu foi um estouro. Todo mundo só falou disso, e não era para menos: importante, o trabalho trazia uma poderosa mensagem que misturava luta contra o racismo, feminismo e moda.
Pode parecer pouco, mas, talvez, a estrela seja a pessoa mais famosa do mundo e, bem, quando a pessoa mais poderosa do mundo do entretenimento decide tocar em temas polêmicos, pode ter certeza que ela está causando algum tipo de revolução. Uma revolução cultural, que vai fazer as pessoas pensarem, questionarem e, quem sabe, se desprenderem de preconceitos. Ao defender o orgulho dos traços negros e do cabelo afro, Bey está dizendo para várias outras garotas negras que, provavelmente já sentiram vergonha da cor da pele delas, é ok elas serem do jeito que são. Mais do que isso, a artista convocou todas as mulheres a se unirem e, principalmente, a se politizarem.
O resultado disso a curto prazo na cultura pop? Vários outros cantores seguiram o exemplo e lançaram trabalhos igualmente importantes e políticos, como é o caso de Solange, irmã de Beyoncé, no disco “A Seat at the Table”, Chance the Rapper, Frank Ocean e Noname.
De uma vez só, Beyoncé deu um tapa na cara do machismo e outro na do racismo. Que mulher!
O “Machistômetro”
Criado pela deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB/RS), o machistômetro é uma cartilha informativa sobre os tipos (e “graus”) de violência contra a mulher. No panfleto, atitudes como fazer piadas diminuindo mulheres, humilhar em público, destruir bens pessoais e a intimidação são consideradas, sim, uma forma de violência. A ideia da deputada é difundir esse conhecimento e permitir que as mulheres possam procurar ajuda quando necessário, identificando as agressões em seus parceiros, amigos, colegas de trabalho e até entre familiares. Notável!