Ilhan Ersahin, idealizador do Nublu
O Lower East Side é talvez um dos poucos redutos de Nova York que ainda têm aquele lado autêntico da cidade, que mistura arte urbana, verve musical e gente descoladíssima. Ao longo das décadas, o Lower East Side, foi reduto dos Beatniks, dos Ramones, dos Talking Heads, do Blondie e de Patty Smith.
Hoje, ainda existem lugares que guardam o mesmo charme das décadas anteriores. Ali na Avenida C, entre as ruas 5 e 6, fica o
Nublu, um bar absolutamente incrível com música excelente.
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Há oito anos, Ilhan Ersahin, um saxofonista turco, teve uma ideia simples e intuitiva: abrir um bar onde ele e seus amigos pudessem tocar boa música, com repertório eclético, no Lower East Side. Em entrevista exclusiva à LolaMag, Ilhan fala um pouco de sua trajetória, e de um disco que lançou pelo selo Nublu, que se chama Afternoons in Rio.
Lola O que faz do Nublu um lugar tão especial?
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Ilhan Acredito que é a mistura da vibe das pessoas que frequentam com os músicos que tocam. Meu critério de seleção para qual banda deve se apresentar lá é baseado puramente no som que a banda toca. Tem que ser autêntico, original, bacana, sem que seja algo comercial e batido.
Sua banda, a Wax Poetic, tem feito parte do começo da carreira de vários expoentes da música, como a cantora Norah Jones. Como foi este encontro?
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Naquela época, a cantora que estava na banda decidiu se mudar pra Londres, e eu estava em busca de uma nova vocalista. Um amigo tinha acabado de conhecer a Norah no Texas e comentou que ela estava se mudando para Nova York. No dia em que nos conhecemos, começamos a tocar. Depois de 30 segundos, perguntei: Norah, você está a fim de ser vocalista da minha banda?, e para a minha surpresa, ela disse que sim! Tocamos juntos por dois anos, até que o Blue Notte ofereceu a ela um contrato para carreira solo. Continuamos fazendo projetos juntos. Acabei de gravar um novo disco do Wax Poetic, em que ela canta em uma das faixas.
Você é um apaixonado pelo autêntico. Os discos das bandas que você lidera sempre têm pitadas de jazz e de ritmos regionais, que vão da música tradicional turca ao forró brasileiro. Como acontece esta fusão?
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Eu viajo bastante, tenho amigos músicos em todas as partes, que vão me apresentando a outros amigos músicos e as ideias começam a florescer. Entre um papo e outro, acontecem as parcerias. Acho que a música que faço tem uma liberdade sonora com a qual a maioria dos músicos se identifica. Acredito que a magia acontece no palco. Sou um aficcionado do momento, das situações e inesperadas combinações dos momentos que acontecem no palco, sem ensaio prévio. Adoro colaborações e ideias.
Vários dos seus projetos têm participação de artistas brasileiros. Por quê a música brasileira é tão apaixonante para você?
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Os músicos brasileiros são incríveis! São amigos muito especiais. Já fiz projetos e parcerias com o Otto, a Thalma de Freitas, a banda
Forró in the Dark, Bebel Gilberto, Céu, Nina Becker, Catatau, Junio Barreto, Alberto Consentino, Leo Monteiro, China, Kassin, Mamelo Soundsystem, Bnegão, Emília Carmona e os Skrotos. Todos eles têm uma vibe especial, de querer fazer um som bacana, de experimentar novas fusões.
Fale um pouco a respeito do seu disco, Afternoon in Rio (escute o disco aqui).
Minha ideia era convidar alguns amigos que tocassem standards de MPB para fazer um álbum um pouco mais
psicodélico. A ideia era que todos os músicos tocassem em um estúdio clássico no Rio, mas que pudessem criar algo que jamais tinha sido feito. Foi mixado em São Paulo pelo Kalil, em seu incrível estúdio chamado Tote. Ficou muito bacana, diferente e psicodélico!