Mulher estuda e trabalha mais, mas ainda ganha menos que homem, diz IBGE
O ganho médio feminino foi 20,5% menor que o masculino no quarto trimestre de 2018
Um estudo divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, confirmou uma realidade revoltante: as mulheres continuam em desvantagem no mercado de trabalho.
O estudo especial foi feito com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), cujos dados se referem ao quarto trimestre de 2018 e consideram pessoas entre 25 e 49 anos. O ganho médio feminino foi 20,5% menor que o masculino no período.
Dois fatores ajudam a entender a disparidade. As mulheres trabalham formalmente menos horas (37h54min) que os homens (42h42min) e recebem valores menores (R$ 13) que seus pares masculinos (R$ 14,20) por hora trabalhada.
Contudo, a diferença de carga horária não reflete a verdadeira situação feminina, já que, em geral, elas também se ocupam de afazeres domésticos, cumprindo jornadas duplas – ou triplas.
“Mesmo com trabalhos em tempo parcial, a mulher ainda trabalha mais. Combinando-se as horas de trabalhos remunerados com as de cuidados e afazeres, a mulher trabalha, em média, 54,4 horas semanais, contra 51,4 dos homens”, explica Barbara Cobo, coordenadora de População e Indicadores Sociais do IBGE.
O Instituto observou que o envelhecimento também exerce influência no cenário.
Assim, as mulheres na faixa etária dos 40 aos 49 anos recebiam 74,9% dos rendimentos dos homens da mesma idade. Entre a porção mais jovem, o valor equivalia a 86,9%.
Maior escolarização
O estudo também aponta que, enquanto a porcentagem de homens no mercado de trabalho que possuem Ensino Superior era de 18,4%, as mulheres representavam cerca de 22%.
A maior presença feminina em ocupações de nível de instrução mais elevado, curiosamente, não diminuiu a desigualdade salarial. Ao contrário, em áreas como medicina e advocacia, a diferença era de 28,2% e 27,4% menor, respectivamente.
Diferenças entre pretas, pardas e brancas
Ainda de acordo com o levantamento, quando se trata de recorte de cor, mulheres pretas ou pardas recebiam, em média, 19,1% a menos que os homens do mesmo grupo. Já entre a população branca, a diferença era de 23,8% a menos.
“Essa desigualdade menor entre rendimentos de pretos e pardos pode estar relacionada ao fato dessa população ter maior participação em ocupações que frequentemente são remunerados pelo salário mínimo. Esse comportamento foi observado em toda a série histórica”, diz a agência IGBE de Notícias.
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