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Meninas de Sinhá: transformação por meio da arte em BH

Grupo criado na capital mineira promove mudanças na vida das participantes há mais de duas décadas

Por Abril Branded Content
Atualizado em 17 jan 2020, 11h52 - Publicado em 30 nov 2017, 10h00
Projeto nascido no Alto Vera Cruz já chegou até à Polônia (Zbyszek Warzynski/Meninas de Sinhá/Divulgação)
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Quem vê a alegria contagiante e as saias rodadas das Meninas de Sinhá em diversos festivais culturais pelo estado afora pode não perceber, mas o grupo é uma das maiores referências da transformação social por meio da arte em Belo Horizonte.  O #hellocidades, projeto de Motorola que incentiva um novo olhar sobre as cidades, apresenta aqui algumas das várias histórias de superação dessas meninas-mulheres da terceira idade. Muitas delas carregam trajetórias de vidas difíceis. Mas, hoje, veem o mundo com olhos mais leves e ajudam outras pessoas a se conectarem com a alegria.

A origem de toda essa alegria vem de momentos de dor. Há 21 anos, senhoras da comunidade do bairro Alto Vera Cruz, Região Leste de Belo Horizonte, se reuniram num espaço onde compartilhavam casos e vivenciavam experiências diferentes das que tinham em casa. A ideia foi de Valdete da Silva Cordeiro, carinhosamente chamada por todos de Dona Valdete.

Em entrevistas e apresentações públicas, Dona Valdete — que faleceu em 2014, aos 75 anos, — declarou que decidiu criar o grupo após observar as senhoras do bairro saindo dos postos de saúde carregadas de remédios para diversas doenças, como depressão e hipertensão. Nas reuniões, além de conversas, as mulheres faziam exercícios de expressão corporal, canto e dança. Em 2006, transformaram-se em grupo musical com a gravação do álbum “Tá caindo fulô”, em que cantam as cantigas que animavam os encontros e mudavam para melhor as vidas das integrantes.

Hoje, durante os ensaios, a conversa e a descontração dão o tom. Entre uma cantiga e outra, ouvem-se causos da família, dos amigos e muitas risadas. Umas são mais faladoras, outras se mostram ansiosas para a hora do lanche (um café bem mineiro com biscoitos), e outro grupo puxa a concentração de volta para o treino. O grupo de senhoras na faixa dos 70 anos tem energia de dar inveja em muita turma de criança.

No ensaio que acompanhamos, uma das mais animadas era Maria Geralda de Paula. No auge dos seus 79 anos e com as unhas compridas pintadas de azul claro, era ela quem comandava um pequeno xequerê, um tipo de chocalho feito por ela mesma. Com as Meninas de Sinhá, ela já conheceu até a Polônia. Mas é dos ensaios, em Belo Horizonte, que ela gosta mais. “Elas são como minha segunda família, e quando junta é uma alegria só”, diz.

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Maria Geralda é uma das mais antigas do grupo. “Foi minha filha que insistiu para eu participar, eu ‘tava’ muito triste, não queria sair de casa nem falar com ninguém, mas em 15 dias eu já era outra, com a auto estima lá em cima”, conta ela, que é uma menina de Sinhá há 20 anos.

Arte e brincadeira para transformar

O que começou como uma prosa sem compromisso acabou por se aproximar do universo da arte por meio de cantigas folclóricas e de roda. O caráter lúdico foi o que ajudou muitas meninas a vencerem a tristeza e a depressão. “Eu hoje vivo a infância que eu nunca tive”, conta, emocionada, Joana D’Arc Coutinho, de 56 anos. Ela entrou no grupo há cerca de 13 anos, quando enfrentava uma depressão e problemas com álcool. Hoje, dedica boa parte de seu tempo a retribuir o apoio que teve das outras mulheres do grupo.

Joana conta que começou a trabalhar ainda criança e mal conhecia outras regiões de Belo Horizonte além do Alto Vera Cruz. Graças ao Meninas de Sinhá, já visitou diversas cidades e estados brasileiros e até andou de avião, uma experiência que foi uma superação por si só. “No começo, eu entrei em pânico, ficava só lembrando dos Mamonas Assassinas! Mas, na segunda vez, eu já ‘tava’ acostumada e queria até que durasse mais”, lembra Joana.

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Namoro e parceria

Para que o grupo possa transmitir toda a alegria ao público, é preciso muita disciplina. A responsável por cobrar atenção e presença nos ensaios é a atual presidente do grupo, Maria Gonçalves Santos, de 79 anos. Ela se juntou às outras meninas em 2001, a convite de Dona Valdete.

“É uma honra muito grande presidir o grupo. Aqui, eu aprendi a ter mais paciência e a lidar com as pessoas de uma forma mais calma”, conta Maria. Ela confessa que costumava ter um temperamento bem forte. E explica que, para fazer parte do Meninas de Sinhá, qualquer candidata deve demonstrar interesse no propósito do grupo, que realiza diversas apresentações solidárias.

Segundo ela, as candidatas devem “namorar” o grupo por um tempo. É preciso participar dos ensaios, identificar-se com as outras participantes e “mostrar que tem vontade mesmo de participar”, como diz a presidente. Quem passou por esse processo recentemente foi outra Maria. Maria da Conceição Paulo, de apelido Pretinha, 73 anos, é integrante do Meninas de Sinhá há pouco mais de dois anos. Ela conta que “paquerava” o grupo desde que tinha 66 anos e, sempre que podia, ia aos ensaios e encontro das meninas.

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Hoje, o que ela mais gosta no grupo são as apresentações gratuitas que fazem nos diversos asilos da capital mineira. “É muito gratificante perceber como [os idosos] ficam felizes ao nos receber. Ali você vê o seu amanhã. Eu gosto de compartilhar alegria. É bom para eles e, para mim, é melhor ainda”, diz Pretinha.

Agora que você já conhece um pouco mais sobre as Meninas de Sinhá, que tal se jogar na cidade para ver de perto as apresentações? Confira a agenda do grupo e não deixe de compartilhar as fotos com a hashtag #hellocidades. Reconecte-se com BH em hellomoto.com.br.

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