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Megan Rapinoe: a craque dos EUA que é tão inspiradora quanto polêmica

Conheça a atleta que é odiada por Donald Trump e que deu muito o que falar na Copa do Mundo Feminina.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 15 jan 2020, 13h38 - Publicado em 5 jul 2019, 12h52

“Eu não vou à merda da Casa Branca”. Essa foi uma das frases de Megan Rapinoe, a capitã da Seleção dos Estados Unidos na Copa do Mundo Feminina 2019, em protesto a Donald Trump durante uma entrevista ao site Eight by Eight. Além de jogar muita bola em campo, o posicionamento forte da atleta contra o presidente estadunidense tem feito com que ela ganhe muito destaque nas mídias.

Nascida em 5 de julho de 1985, a craque completa 34 anos nessa sexta-feira e pode ser que ganhe um baita presente nesse domingo (7). Os EUA jogam a final da Copa contra a Holanda e são as favoritas ao título mais uma vez.

Veterana do futebol, Megan vem cravando seu posicionamento político desde muito antes do Mundial na França. Em 2011, ela participou da sua primeira edição da Copa e, em 2012, levou o ouro olímpico para casa, assumindo-se lésbica no mesmo ano. Três anos depois, ajudou os EUA a conquistar a taça na Copa de 2015. Hoje, Megan é capitã da Seleção Americana.

Por se destacar em campo e defender ferrenhamente os direitos LGBT, ela se tornou uma das maiores referências de representatividade homossexual dentre os atletas americanos. Atualmente, namora a jogadora de basquete Sue Bird – que tem “apenas” quatro ouros olímpicos e já venceu três campeonatos mundiais. As duas são um verdadeiro power couple do esporte. 

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Sempre lutando contra a LGBTfobia, Megan vem fazendo manifestos contra Trump, um presidente que tem se apoiado constantemente no preconceito contra minorias para conquistar o lado conservador da sociedade. Por isso, além da declaração sobre não comparecer à Casa Branca caso o EUA vença a Copa, a jogadora se recusa a cantar o hino nacional do país nas partidas do time no campeonato. A primeira vez em que isso aconteceu foi no dia 11 de junho, quando o time entrou em campo contra a Tailândia e venceu por 13 a 0, na primeira partida do grupo F.

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No dia seguinte a declaração no site Eight by Eight, 26 de junho, Trump usou o Twitter para responder ao que Megan havia dito na entrevista. Em tom arrogante, o presidente dos Estados Unidos disse que a jogadora jamais deveria desrespeitar o Estado porque ele estava apoiando fortemente o futebol estadunidense. Só que a questão que fica é: como isso é possível se as mulheres continuam a ganhar menos do que homens dentro e fora do campo?

“… na história do nosso país (em que o índice de pobreza é o melhor dos últimos tempos), ligas e times adoram vir até a Casa Branca. Eu sou um grande fã da equipe americana e do futebol feminino, mas Megan deve ganhar antes de falar! Termine o trabalho! Nós ainda não convidamos Megan ou a equipe, mas agora estou convidando a EQUIPE, ganhando ou perdendo. Megan nunca deveria desrespeitar nosso país, a Casa Branca ou nossa bandeira, especialmente porque muito tem sido feito por ela e pela equipe. Tenha orgulho da bandeira que você veste. Os EUA estão indo muito bem!”. 

O Mundial deste ano não é a primeira disputa em que Megan mostra abertamente apoio à minorias. Em 2016, a jogadora se ajoelhou quando o hino nacional estadunidense começou a tocar antes de uma partida do time. A atitude foi em apoio a Colin Kaepernick, o quarterback do San Francisco 49ers. Para quem não se sabe, ele também se ajoelhou durante o hino, só que em uma partida da NFL, a liga esportiva profissional de futebol americano dos Estados Unidos, em 2017. O motivo era parecido com o de Megan: o jogador estava protestando contra o racismo que ganhava cada vez mais destaque durante a disputa de Trump e Hillary Clinton pelo poder. O caso ganhou tanto destaque que Rihanna se negou a participar do Super Bowl 2019 em consideração ao jogador. 

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Essa sensibilidade de Megan com a luta de outros grupos prejudicados socialmente foi exaltada pela namorada Sue, em uma coluna no “The Players’ Tribune”, plataforma em que o conteúdo é produzido por atletas profissionais. O título da matéria já mostra o posicionamento da jogadora de basquete a respeito do que a parceira tem vivido: “Então a droga do presidente odeia a minha namorada”. 

“Eu acho que a sensibilidade de Megan é o que a leva a lutar pelos outros. Eu acho que é o que a levou a se ajoelhar. A Megan é o que você está vendo nesta Copa? É uma versão ainda mais forte daquela em que se ajoelhou, para início de conversa”, enfatizou.

(Richard Heathcote / Staff/Getty Images)

Sue também criticou diretamente o que Trump publicou sobre a sua namorada e como os veículos de comunicação têm ajudado a construir uma imagem horrível de Meghan, esquecendo completamente que os protestos são em busca de mais direitos para as mulheres, em especial as LGBTs. “Isso é um pouco engraçado, mas sério? Sério mesmo? Esse cara? É tipo: meu, sério que você não tem nada melhor demandando sua atenção? Seria ridículo ao ponto de rir se não fosse tão grosseiro. (E se suas legislações e políticas não estivessem arruinando a vida de tantas pessoas inocentes). E eu acho que o que é legitimamente assustador é como não são apenas seus tweets”.

Na Copa do Mundo, a postura de Megan fora de campo também chama a atenção. A jornalista Renata Mendonça, do Dibradoras, revelou que a jogadora fez questão de dar prioridade para as suas perguntas depois de ver que vários homens estavam lhe interrompendo em uma coletiva de imprensa. “Em determinado momento, na quinta vez que eu tentava perguntar, Rapinoe parou de responder os homens que falavam em cima. Olhou fixamente para mim e fez um gesto positivo com a cabeça, pedindo para que eu falasse. O repórter do meu lado começou a perguntar em cima, e a americana o repreendeu com os olhos, voltou-se novamente para mim e pediu que eu perguntasse”.

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Ainda que as atitudes de Megan possam parecer rudes para algumas pessoas, é importante lembrar que a sociedade não é empática com as mulheres. A luta tem sido árdua e a sororidade é exatamente sobre isso: saber o lugar privilegiado que cada um de nós ocupa e ajudar outras mulheres a chegarem lá.  

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