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Mauricio de Sousa: “Sempre soube que meu sonho daria certo”

O desenhista e empresário lança sua biografia, na qual revela fatos inéditos de sua vida e a história por trás da Turma da Mônica, que ele criou em 1970

Por Isabella D'Ercole Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
21 jun 2017, 14h49

O paulista Mauricio de Sousa já perdeu as contas de quantas vezes ouviu de fãs: “Aprendi a ler com a Turma da Mônica”. Só no dia desta foto, em maio, mais da metade da equipe disse a frase ao desenhista, criador da história das crianças do bairro do Limoeiro, em São Paulo. Com seu jeito doce habitual, ele responde a todos: “Fico feliz em ouvir isso, porque escrevi para você”.

O galpão de 3 mil metros quadrados na Lapa, para o qual o estúdio mudou em janeiro, leva qualquer um de volta à infância. Logo na portaria está o Bidu de verdade, um scottish terrier de pelo preto e ar desconfiado. Ele já é o terceiro da família Sousa, sempre com o mesmo nome do cão do Franjinha nos quadrinhos. Entre as relíquias ali reunidas estão os primeiros desenhos – recusados por muitos editores antes da fama –, jogos e até versões das historinhas em espanhol e japonês.

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“Sou teimoso e sempre soube que meu sonho daria certo. Só não imaginava que chegaria a esse tamanho”, disse. Sousa queria ser desenhista desde criança, como conta logo no início de Mauricio de Sousa: A História Que Não Está no Gibi, lançado pela Sextante (49,90 reais).

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Os percalços, contudo, são pouco conhecidos do público. Nas mais de 300 páginas, ele revela que, aos 18 anos, foi preso injustamente porque o chefe do escritório de cobranças onde trabalhava vinha dando um golpe nos clientes. Relembra o surgimento da mais emblemática das personagens, a Mônica: “Estava em casa tentando trabalhar quando ouvi minhas três filhas – Mariangela, Mônica e Magali – discutindo. Ia dar uma bronca, mas me veio a ideia de transformar a mais briguenta em desenho”.

Hoje, aos 81 anos, três casamentos, dez filhos, 12 netos e três bisnetos depois, Sousa ainda sai para trabalhar todos os dias. Ele mesmo aprova os roteiros e olha os desenhos. Mas mantém por perto os herdeiros, que, acredita, vão levar o negócio por muitas outras gerações. Mônica (a segunda filha) dirige a parte executiva, Marina (sétima) fica na criação e Mauro (oitavo) é responsável pelos shows. No encontro com CLAUDIA, o autor adiantou episódios da biografia e refletiu sobre sua carreira.

CLAUDIA: Em julho o senhor completa 58 anos de carreira. Em uma retrospectiva, o que foi mais difícil?

Mauricio de Sousa: Não acho que tenha um momento simbolicamente difícil, mas o mais marcante com certeza foi o lançamento da Turma da Mônica Jovem. Ouvi até que estava matando a turminha. As pessoas ameaçaram não comprar. Mas isso não me assustou. Confio na minha intuição, porque ela funcionou até hoje. E acertei: é nosso maior sucesso editorial e chegou neste ano até ao Japão.

CLAUDIA:  Como explica o sucesso dos personagens por tantos anos?

Mauricio de Sousa: Não só na Turma da Mônica Jovem, mas em todas as nossas revistas, fazemos atualizações frequentes, ainda mais hoje, no mundo da internet. Revemos discursos, atitudes. Lá no começo, por exemplo, o Nhô Lau atirava no Chico Bento com uma espingarda de sal. Isso não tem mais graça.

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CLAUDIA: Arrisca uma previsão para os quadrinhos no mundo digital?

Mauricio de Sousa: Ouvi muitas vezes que o papel ia acabar, mas sabia que era besteira. E hoje está cientificamente comprovado que a leitura em papel permite que a criança grave melhor a mensagem. Mas sei que não posso abrir mão do digital. É a oportunidade de atingirmos o restante do mundo sem a barreira da língua, como na série do YouTube Turma da Mônica Toy, um sucesso mesmo sem falas. O digital é um galho na nossa imensa árvore, mas não deixaria a origem de lado por ele.

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CLAUDIA: São mais de 150 produtos licenciados. Não teme comprometer a credibilidade da Turma?

Mauricio de Sousa: Na primeira vez em que recebemos uma proposta, minha equipe quis recusar. Argumentei que um contrato bem formulado nos asseguraria. Assim, tivemos o sucesso da parceria entre os molhos de tomate Cica e o Jotalhão. Por isso, não acredito no fim da publicidade infantil. Se bem regulamentada, funciona.

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CLAUDIA: Seus filhos foram inspiração para personagens. Nunca teve medo de expô-los?

Mauricio de Sousa: Cuidei para que eles não se transformassem no personagem. Então, deixava claro que eram apenas alguns traços em comum. A Mônica mesmo só foi saber que era um quadrinho, 5 anos depois, lá pelos 7.

CLAUDIA: Era um sonho ter uma família grande?

Mauricio de Sousa: Não, mas também nunca evitei. Pensava: tenho condições de cuidar e educar. Por que não colocar umas crianças legais neste mundo?

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