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Marielle Franco: mulher, negra, mãe e cria da favela da Maré

Quem era a vereadora que foi brutalmente assassinada na noite de quarta-feira (14) no Rio de Janeiro.

Por Ligia Helena
Atualizado em 16 jan 2020, 16h59 - Publicado em 15 mar 2018, 12h30
 (Facebook/Reprodução)
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Mulher, negra, mãe e cria da favela da Maré”. Marielle Franco, a quinta vereadora mais votada no Rio de Janeiro nas eleições de 2016, gostava de se definir assim. Foi assassinada na noite de quarta-feira (14) no bairro do Estácio, na capital fluminense. Seu curto mandato como vereadora foi marcado pela luta por questões sociais. 

Ela era presidente da Comissão da Mulher na Câmara Municipal e recentemente fora nomeada relatora da comissão de representação que acompanharia, em Brasília, a intervenção federal na segurança pública no Estado do Rio de Janeiro. Mas, para essa segunda função, não teve tempo de fazer muito: depois de denunciar a violência policial em Acari, e de se questionar, como muitos de nós se questionam, sobre quantas pessoas ainda teriam de morrer para que essa guerra acabasse, ela mesma foi vítima. A polícia trabalha com a hipótese de execução como principal linha de investigação. 

Ela, que foi mãe aos 19 anos e teve de abandonar os estudos para criar a filha, se desdobrou para aos 23 anos começar um curso universitário, na PUC-Rio. Foi na universidade que Marielle começou seu ativismo, defendendo o direito do favelado à educação e à vida. Ela começou a fazer campanha para o então professor de história e atual deputado estadual Marcelo Freixo, de quem foi assessora parlamentar antes de se lançar em candidatura própria. Formou-se em Ciências Sociais e, posteriormente, tornou-se mestre em Administração Pública.

Marielle defendia que a revolução ou seria “feminista, classista e com o debate da negritude”, ou simplesmente não existiria. Um de seus objetivos era deixar a Câmara Municipal mais feminina, mais negra e mais favelada. Além disso, era bissexual* e defendia a causa LGBT. “Não pode ter só homens brancos ricos, que nunca tiveram medo de saltar num ponto de ônibus escuro ou que nunca tenham sido assediados”, ela disse em entrevista à revista Carta Capital.

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Marielle foi vereadora por apenas 437 dias. Para que a vida dessa mulher, negra, mãe e cria da favela da Maré não tenha sido em vão, é fundamental não se calar, não esquecer do que ela defendeu. Cobrar e acompanhar as investigações da morte de Marielle. Garantir que a memória dela esteja sempre presente. 

ERRAMOS: Anteriormente havíamos dito que Marielle era lésbica. Porém, no vídeo em que ela aparece na Casa das Pretas, momentos antes de falecer, Marielle afirma que era uma mulher bissexual – isso aparece no minuto final da gravação. No MdeMulher a gente acredita que é importantíssimo corrigir isso, em respeito a Marielle e a todas as mulheres bissexuais.

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