Licença maternidade estendida? Isso já é possível em algumas empresas de tecnologia
Com ambientes predominantemente masculinos, empresas de tecnologia vêm dando grandes passos quando o assunto é maternidade
A Adobe é a mais nova gigante da tecnologia a anunciar aumento das licenças para maternidade e paternidade nos últimos dias. A companhia passa a oferecer 10 semanas de licença paga para o parto. Eles ainda concedem 16 semanas para os pais ou cuidadores primários. Mães que dão à luz podem combinar esses benefícios e obter até 26 semanas de afastamento remunerado – são mais de seis meses! As medidas passam a valer a partir de 1º de novembro, mesmo dia em que entram em vigência normas semelhantes na Microsoft.
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A surpresa vem da virada de chave nas organizações high-tech do Vale do Silício (conhecida por reunir as mais mais do mundo tecnológico), que levam a fama de serem territórios ultramasculinos. Até pouco tempo, os principais atrativos eram comida de graça e mesas de pingue-pongue para pausas durante o expediente. Ao que parece, reter talentos femininos tornou-se prioridade.
Recentemente, o Netflix adotou uma política de licenças ilimitadas de maternidade e paternidade para seus funcionários, sem qualquer redução salarial, durante todo o primeiro ano do bebê. A iniciativa também vale em casos de adoção, além de permitir que o assalariado trabalhe em tempo parcial nesse período caso precise de flexibilidade para cuidar da sua família. “As pessoas rendem melhor quando não precisam se preocupar com o que acontece em casa” afirmou Tawni Cranz, chefe de recrutamento da empresa.
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Indo pelo mesmo caminho, o Google ampliou as licenças concedidas a quem teve bebê. São 18 semanas para as mulheres e até 12 semanas para os homens. Os novos pais ainda contam com uma ajuda de custo de 500 dólares. Achou bom? No Instagram, esse extra para as despesas dos pequenos chega a 4 mil dólares, sem mencionar o auxílio-creche e a possibilidade de home-office. O prazo para voltar à ativa é de quatro meses, o mesmo tempo oferecido pelo Facebook.
As ações se destacam por garantirem muito além do que pregam as leis. Lá nos Estados Unidos, as empresas com mais de 50 funcionários são obrigadas a concederem apenas 3 meses de afastamento por maternidade e a remuneração no período não é obrigatória.
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Mas nem tudo são flores para as mulheres. Apesar de boas iniciativas vindas de instituições de um ramo considerado machista, é evidente que há muito o que se conquistar nas questões de gênero.
Em um levantamento realizado nas empresas de tecnologia pelo Glassdoor, site de empregos norte-americanos, um homem pode ganhar até 6 mil dólares a mais que uma mulher com o mesmo tempo de experiência na profissão. Inclusive, em algumas das instituições cheias de benefícios para os pais, como Google e Microsoft. No primeiro, a diferença salarial em um ano pode chegar a 25 mil dólares para profissionais do mesmo cargo. Já na Apple, apenas 30% dos funcionários são do sexo feminino, segundo o relatório Diversity.
Enquanto isso, no Brasil…
Em terras tupiniquins, a licença maternidade é um benefício previdenciário, que garante à mulher um afastamento de 120 dias com remuneração.
Além disso, a estabilidade é assegurada à gestante: ela não pode ser dispensada arbitrariamente ou sem justa causa a partir do momento da confirmação da gravidez e até 5 meses após o parto. De volta ao trabalho, a mamãe ainda pode ter pausas de meia hora destinadas à amamentação do bebê.
Já para os homens, a licença paternidade é de cinco dias, mas algumas cidades vêm tentando ampliar esse período. Niterói, no Rio de Janeiro, por exemplo, aprovou 30 dias de afastamento para pais que acabaram de ter filhos; entretanto a regra aprovada no ano passado só vale para funcionários públicos. Florianópolis, Porto Alegre, Manaus e Cuiabá também têm um período mais longo de licença paternidade para funcionários públicos, que varia entre 10 e 15 dias.