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Leonora Bardini, a mulher que manda na programação da Globo

Responsável por comandar a programação da TV Globo, ela faz tudo sem abrir mão dos treinos na praia, dos mergulhos no mar e das visitas à família em Goiânia

Por Ana Claudia Paixão
Atualizado em 7 Maio 2020, 15h25 - Publicado em 10 abr 2020, 11h00

No mês passado, a TV Globo tomou a decisão inédita de suspender as gravações de novelas. Também tirou do ar a programação matinal com Ana Maria Braga e Fátima Bernardes. O canal visava manter, por pelo menos 11 horas seguidas, os jornalistas ao vivo cobrindo a crise global causada pela pandemia do novo coronavírus. É uma mudança radical para a maior emissora do país. Mas necessária. Por trás da resolução está a goiana Leonora Bardini, diretora de programação. Ela é a primeira mulher a ocupar o cargo, assumido há dois anos. “É minha responsabilidade manter a TV no ar 24 horas por dia com a maior relevância possível. O que vemos hoje é radical, algo que nunca aconteceu antes”, explica ela em entrevista a CLAUDIA.

Leonora é dessas figuras ocultas que impactam tanto o nosso dia a dia. Ela escolhe tudo o que vai ao ar e que, muitas vezes, mantém você colada ao monitor – inclusive filmes da Sessão da Tarde e as séries noturnas. Não é todo mundo que pode dizer que mexe com a rotina de 100 milhões de espectadores brasileiros, não é mesmo? Comandando uma equipe de 120 pessoas, acontece de ser acionada no meio da noite; afinal, o mundo não para. “Levo numa boa porque gosto muito do que faço”, explica ela, que cursava comunicação em Goiânia quando embarcou para três meses de estágio em Milão, na Itália, como diretora regional da Aiesec, o maior movimento de liderança jovem do mundo. Viajar sempre foi, desde cedo, uma paixão para ela. Tanto é que Leo, como os amigos a chamam, já viveu em sete cidades, inclusive fora do país.

Quando Leonora ia completar 15 anos, a mãe, a dentista Maria Eugênia Bardini, quis fazer uma festa tradicional. Mas não teve como convencer a menina, que pediu, no lugar do baile de debutante, um intercâmbio na Austrália. O presente veio um ano depois – aos 16 anos, a estudante fez sua primeira viagem de avião direto para o outro lado do mundo. Nunca mais parou.

Leonora Bardini
(Sergio Zalis/Globo/CLAUDIA)

Ao se formar na faculdade, Leonora conseguiu um estágio em uma indústria de cigarros no Rio de Janeiro. Em pouco menos de três anos, com uma passagem por Curitiba, ela já era gerente de marketing da mesma empresa em Santa Cruz do Sul, a 140 quilômetros de Porto Alegre. Ficar por muito tempo em um só lugar não combina com essa aquariana, nascida em 2 de fevereiro, dia de Iemanjá. Mesmo em ascensão na empresa, fez a ousada escolha de participar do programa de trainee da TV Globo. A decisão acarretou mais uma transferência de cidade, já que ela foi destacada para o departamento de programação em São Paulo. “Sempre investi muito na minha carreira. Mudo de área, casa, cidade ou empresa se for necessário”, diz ela. “Já estava num cargo de gestão quando resolvi tentar na Globo. Mas dei um passo para trás apostando que traria mais coisas boas para o futuro”, lembra. Deu certo, como bem se vê hoje.

Na época da transição, ela tatuou: “Vou mostrando como sou/E vou sendo como posso/Jogando meu corpo no mundo/ Andando por todos os cantos”. O trecho da música Mistério do Planeta, dos Novos Baianos, era uma comemoração às tantas empreitadas e aventuras. “Meus móveis até que resistiram bem a essas andanças”, diverte-se. Depois de seis anos na Globo, ela parece estar mais ancorada. Serena, é reconhecida pelos funcionários como alguém que nunca eleva o tom de voz e está sempre com um sorriso no rosto.

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“Acredito na liderança colaborativa, em dar espaço para as pessoas poderem se desenvolver. Eu só cresci na carreira porque formei outros profissionais enquanto isso. Construí sempre uma equipe forte para que, quando surgisse uma oportunidade, eu pudesse ser movimentada. Assim, teria quem assumisse o meu lugar”, explica. Mesmo trabalhando em uma área com predominância masculina por todos esses anos, nunca se sentiu inferiorizada por ser mulher ou mais jovem. Credita isso a essa característica aberta, à disposição de ouvir os outros sempre e de saber que pode aprender todos os dias.

Leonora Bardini
(Sergio Zalis/Globo/CLAUDIA)

Longe dos estúdios

A rápida ascensão e tamanha responsabilidade aos 30 anos nos levam a deduzir que Leonora dedica muito mais horas ao trabalho do que à vida pessoal. Não é verdade. Desde que se mudou para o Rio, preserva, como se fosse algo sagrado, os mergulhos no mar nos fins de semana. “Sou de Goiânia, isso faz falta pra gente lá”, explica. É comprometida também com os exercícios matinais diários na praia do Leblon, Zona Sul carioca. “Na minha rotina de trabalho, preciso estar sempre disponível, porque a TV está no ar 24 horas por dia, sete dias por semana. Mas eu saio, vou ao teatro, ao cinema e, se o telefone tocar, atendo. Não abro mão de fazer as coisas”, afirma. Isso inclui curtir os blocos de Carnaval, ir a shows, encontrar os amigos nos bares. Leonora ama tanto uma festa que caiu na folia carnavalesca não só no Rio mas também em São Paulo. E fez questão de ir fantasiada. “Dividi meus horários para poder estar a par da cobertura no canal e também para brincar um pouco. Senão, não vale a pena”, comenta.

Mesmo sendo, como ela mesma diz, uma cidadã do mundo, preserva raízes familiares. Faz visitas frequentes a sua cidade natal. “Além de todo meu esforço, de tudo que fui aprendendo e construindo, eu sei que o que tenho veio de um lugar de muito privilégio”, faz questão de ressaltar. “Ter uma família que pôde possibilitar meu acesso a muitas coisas e à informação é um dos fatores que me permitiram chegar até aqui”, reconhece. Quando está em Goiânia, ela é a Lola, seu apelido desde criança. Frequenta os mesmos bares que ia há dez anos, encontra os mesmos amigos da infância. “Nada mudou”, afirma.

Leonora Bardini
(Sergio Zalis/Globo/CLAUDIA)

São as pessoas que a conheceram ainda menina que mais se orgulham da trajetória de sucesso dela. Sua fã número 1 é a mãe. Foi para ela que Leonora contou primeiro da promoção. “Ela se animou tanto nos grupos da família no WhatsApp que mandou para mim mesma a notícia”, diz, rindo. Desde que Leonora fez as fotos e a entrevista para CLAUDIA, Maria Eugênia não para de perguntar a data de publicação. “Você tem que me contar essas coisas com antecedência para que eu avise todo mundo”, ela pediu à filha, ansiosa.

No dia em que nos encontramos com Leonora, no estúdio carioca onde fica o cenário do jornal matinal Bom Dia Brasil, sua agenda estava atipicamente tranquila – ninguém previa ainda a profundidade da crise da pandemia. Ela precisou responder apenas a um rápido WhatsApp e a um telefonema. Pendências resolvidas, continuou falando sobre sua mais recente obsessão em casa. “Sou mãe de planta”, brinca. “Não sabia que dava tanto trabalho cuidar delas. E tenho ciúmes das minhas, apenas eu posso regá-las. É minha terapia”, afirma, dando uma piscadinha.

Nos últimos dias, essa válvula de escape tem sido mais do que importante, mas Leonora não reclama do clima pesado. “Tem sido um grande aprendizado para mim, assim como para todos nós. Sairemos mais fortes desta crise. Eu acredito nisso”, escreveu poucos dias antes da publicação desta edição, mostrando que mantém sua característica serenidade.

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