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Ju Romano fala sobre a importância de amar o próprio corpo

Blogueira conta a CLAUDIA sua batalha para aceitar a própria beleza e encontrar a felicidade

Por Da Redação
Atualizado em 30 out 2017, 09h00 - Publicado em 30 out 2017, 09h00
 (João Bertholini/CLAUDIA)
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Seja quem for a mulher que cada uma escolher ser, CLAUDIA está pronta para dividir esse caminho com elas. A gente quer estar com você, leitora, nesta trilha pela igualdade de direitos e oportunidades. Nenhuma de nós está mais sozinha. E, juntas, somos muito mais fortes e chegaremos muito mais longe.

Nós somos as mulheres que não mais esperam pela bênção da sociedade para reivindicar o que é nosso. E nós sabemos que, não importa qual seja nosso desejo, não importa qual seja nossa escolha, nós temos direito.

Inspire-se na história de Juliana Romano, jornalista e blogueira, 28 anos, de São Paulo.

#EuTenhoDireito de ter o corpo que eu quiser

A primeira vez que percebi como meu corpo era diferente foi aos 12 anos, em uma excursão do colégio. As meninas usavam blusinhas justas e eu estava de camiseta larga. Eu não era gorda, mas tinha coxas grossas, barriga. Os meninos me olhavam de modo diferente, não demonstravam interesse. Eu me comparava com as pessoas e não encontrava nenhuma parecida. Amava folhear revistas de moda, mas só via os corpos de manequim. Na adolescência, a sensação de não pertencimento é perigosa.

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Comecei uma guerra contra o mundo, me fechei, passei a ser agressiva. Aos 14 anos, parei de comer. O objetivo da minha vida era ser magra. Às vezes, me alimentava de um gomo de mexerica o dia todo. Fugia da minha família, disfarçava. Aos 15, voltei a comer, mas vomitava. Fui bulímica até os 19 anos. Entrei em roupas 36 e nada mudou. Não fui mais feliz.

Hoje entendo que quem gosta do próprio corpo cuida dele, não se submete a comportamentos extremos para ter resultados a qualquer custo. Minha autoestima era tão baixa que entrei em um relacionamento abusivo e tive de ir para a terapia. Ao mesmo tempo, comecei a faculdade e meu mundo se expandiu. Eu me questionava: ‘Por que me esforço tanto para agradar aos outros? Por que me importo com o que pensam de mim?’.

Foi um processo de desconstrução que continua. Não teve um ponto de virada. Não acordei um dia e me achei linda, mas me aceitei gradualmente. Eu falava que odiava praia, mas na verdade não estava confortável com meu corpo para expô-lo. Em um fim de semana de calor, resolvi ir para o litoral. Para jogar bola, tirei a camiseta e o short. Lá estava eu, correndo de biquíni, com as pelancas balançando e alegre.

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Cheguei a uma revelação incrível. Meu corpo não é julgado porque sou gorda ou porque fujo do padrão imposto socialmente, mas por ser mulher e pelo fato de as pessoas pensarem que nossos corpos são públicos, que podem opinar sobre eles. Visto tamanho 50. Desenvolvi uma força de guerreira para encarar o mundo gordofóbico. Quando alguém me olha de modo esquisito, acredito que é porque sou bonita ou pelo fato de estar bem vestida.

No auge da crise, criei um blog para compartilhar essas descobertas. São quase dez anos escrevendo. Recebo mensagens de leitoras, ajudo, respondo. Se eu mudar uma vida por dia, tirar uma mulher dessa prisão psicológica causada pela luta contra o corpo, já valeu. Hoje não existe situação em que não me sinta confortável com meu corpo. E acredito que mudar o ambiente à nossa volta é importante.

Não ando com pessoas que minam minha autoestima ou me fazem sentir culpa pelo que como. Apesar de ainda estar longe do ideal, a realidade é mais acolhedora, tem representatividade. Gordas, negras, gays, todas aparecem lado a lado em páginas de revista, blogs de moda, anúncios de maquiagem.”

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