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Histórias de relacionamentos fugazes, porém transformadores

Já dizia Vinicius de Moraes: "que seja infinito enquanto dure"

Por Liliane Prata Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 24 fev 2017, 13h27 - Publicado em 24 fev 2017, 10h02
 (GettyImages/)
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Dias, semanas ou um par de meses apenas. Não é preciso muito para que um romance torne-se uma experiência transformadora. A seguir, conheça histórias de mulheres que viveram a máxima “infinito enquanto dure” e mudaram para sempre.

Revolução dos sentidos

Ellen Maria Vasconcellos, 29 anos, editora de livros didáticos, de São Paulo

“Era meu último ano do curso de letras, em 2012, e consegui um intercâmbio para fazer três matérias em Guadalajara, no México. Ao visitar uma escola rural, conheci um professor, Paco, e me apaixonei perdidamente.

Ficava admirada ao vê-lo em ação. Com ele, aprendi que crianças são como esponjas – cada gota de aprendizado faz com que elas ‘inchem’. Os alunos dele, de 9 anos, ganhavam de mim no xadrez, faziam contas de matemática em velocidade invejável e sabiam ler e contar histórias com um talento incrível. Paco também me ensinou que amar é com o corpo todo.

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Foram apenas duas semanas e meia juntos, mas entendi que querer ser muito feliz e amar não exclui querer mudar o mundo, ser sério politicamente. A vida pode ser mais interessante e intensa, na verdade. Até hoje, carrego comigo essa força, seja no trabalho, nos meus estudos de pós-graduação na área de arte contemporânea, seja na minha vida afetiva. A alegria de Paco me revolucionou.”

Lembrança marcada na pele

Sula V., 50 anos, tradutora, do Rio de Janeiro

“Meu casamento, de 19 anos, estava ruim quando fui passar um tempo na França sozinha. No dia da viagem, um ex-namorado, que eu não via fazia 24 anos, me achou no Facebook e começamos a conversar.

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Ele estava em Portugal e acabou indo me visitar em Paris. O que aconteceu foi mágico: uma semana de paixão intensa, a ponto de fazermos uma mesma tatuagem. Essa experiência me fez perceber que eu estava viva, que era vibrante e dona de mim. Passei a me impor mais e a realizar minhas vontades. Quando voltei, meu marido descobriu e achei melhor não ficar nem com um, nem com outro. Aquele encontro alterou a minha rota! Renasci ali e, hoje, sou reflexo daquela mudança. Fiz uma nova tatuagem, a frase enjoy it (divirta–se, em inglês), para me lembrar de como quero viver.

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Hoje, danço em casa (como aquele ex fazia), sou muito mais exigente no quesito aproveitar a vida. Quero abraçar o mundo, viajar e nunca mais viver passivamente – isso, para mim, tornou-se sinônimo de morrer.”

Resgate da autoestima

Alice*, 28 anos, relações-públicas, de Belo Horizonte

“Em 2014, quando a Copa do Mundo começou, a expectativa das minhas amigas de conhecer homens de outros países era enorme. Eu tinha autoestima baixa e uma grande preocupação com meu peso; então, fiquei na minha. Eis que, um dia, saí para almoçar com elas e acabamos conversando com uma turma de estrangeiros. Um australiano, Aung, em particular, foi bem simpático comigo.

Quando o grupo dele viajou para o Rio de Janeiro, eu e minhas amigas decidimos ir também. Em um samba, na Lapa, eu e Aung nos beijamos. Rumamos para o apartamento onde eu estava hospedada. Foi nossa única noite. Na volta para casa, fiquei aos prantos. Aung foi a pessoa que me reabriu as portas para o mundo dos relacionamentos. Ele me fez entender que, independentemente do meu peso ou de qualquer defeito que eu achava que tinha, poderia ser desejável e, mais do que isso, poderia ser uma pessoa incrível para mim mesma.”

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Mais serenidade em cada atitude

Paula*, 31 anos, psicóloga, de Curitiba

“Morei por cinco meses na Bolívia em 2010 e lá, em um bar, conheci um inglês lindo e charmoso. O romance começou pouco depois, mas tinha data para terminar: em duas semanas ele partiria para a Austrália. Vivemos aqueles dias como namorados, fazendo tudo juntos. Foi pouco tempo, mas o suficiente para mudar muito em mim – desde minha maneira de conviver com outras pessoas até a de me relacionar sexualmente.

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A forma como eu demonstrava meus desejos e expunha meus pensamentos era absolutamente diferente da dele. Ele era elegante, fazia pausas, falava baixo e devagar. Eu era expansiva, falante e um tanto afobada. Aprendi bastante com esse jeito mais reservado dele. Aos poucos, percebi que, com um olhar, consigo demonstrar o que penso. Quando nos despedimos, foi dolorido. Às vezes, ainda nos falamos. Hoje, ele está com uma colombiana. Eu também estou namorando e sou feliz. Carrego as mudanças comigo.”

Liberdade de viver intensamente

Helena*, 28 anos, analista ambiental, de São Paulo

“Eu vinha saindo com caras que conhecia pelo Tinder quando dei match com um moço muito bonito. Rolou um papo ótimo e marcamos de nos encontrar na casa dele. Estava tensa por ir para a casa de um desconhecido, mas fui. Quando o vi despojado, de jeans e chinelos, com dois cachorros lindos, enlouqueci. O problema: ele estava arrumando as malas para voltar para o Sul.

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Tomamos vinho, papeamos, e começou a noite mais intensa da minha vida. Ótimo ouvinte, ele prestava atenção em tudo que eu dizia, tinha muitos assuntos interessantes. Parecia que nos conhecíamos havia anos. A gente transava, conversava, transava, conversava… Nunca tinha sentido aquilo por namorado nenhum! Na manhã seguinte, quando fui embora, eu era outra. Depois vieram outros, mas ele foi um divisor de águas. Sempre fui apegada e, agora, vivo o momento intensamente. Alguns homens até se assustam! Às vezes, nem me reconheço. Mudei e foi libertador.”

Caminho livre para o amor

Diana*, 36 anos, publicitária, de São Paulo

“Há dez anos, eu estava infeliz com o relacionamento que vivia, mas não enxergava saída. Ele pensava em ter filhos, queria preencher porta-retratos, e eu sentia que não era a hora, talvez nem a pessoa. Enquanto refletia sobre terminar ou não, conheci outro cara. E foi aí que percebi que sentia falta de coisas básicas na minha relação, como conexão e afinidades.

Aquela foi uma encruzilhada na minha vida. Estava diante de uma bifurcação: de um lado, o caminho me apontava para tentar mais – afinal, nenhum casal é feliz sempre, o que eu queria nãoexistia –, a pressão social era imensa; de outro, a clareza de que queria terminar. E foi essa paixão que me ajudou a seguir em frente. Ela durou apenas dois meses, mas foi uma história bonita.

Nós nos apaixonamos e nos ajudamos muito. Sofremos quando acabou. Hoje, anos depois, sobrou carinho e muita gratidão por ter vivido esse amor. Foi ele que me alertou para não abrir mão do que é importante para mim. Pouco tempo depois, solteira, conheci meu atual marido.”

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Paz interior

Marcela Falcão, 34 anos, cake designer, de Sydney, na Austrália

“Conheci uma pessoa com quem tive uma relação bem eventual: a gente se encontrava uma vez, passava um mês sem se ver e então se via novamente. A conexão foi imensa desde o primeiro encontro, mas ele era uma alma livre e estava sempre morando em um país diferente.

Muito crítico em relação à sociedade em que vivemos, ele me apresentou vários livros e assuntos que eu desconhecia. Fiquei muito mais crítica também, além de aprender sobre alimentação e meditação, que comecei a praticar por causa dele. Faz um ano que essa história aconteceu e não nos falamos desde então. Também não sei onde ele está morando. Mas medito e mantenho as leituras até hoje.”

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