Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Super Black Friday: Assine a partir de 5,99

“Estamos juntos! Isso é o que o meu sorriso diz a ele o dia inteiro”

Em depoimento emocionante, a estilista Raquell Guimarães, finalista do Prêmio Claudia 2015, divide a história da adoção do seu filho Bebeto

Por Redação CLAUDIA
Atualizado em 28 out 2016, 20h47 - Publicado em 7 jan 2016, 10h53
Divulgação
Divulgação (/)
Continua após publicidade

“Sou mãe pela terceira vez. Em dezembro, esse mês meio mágico em que alguns homens ainda preservam o espírito das luzes, recebi um anjo. 
Agora sou mãe de três filhos homens. 
Amigos, a adoção é um ato de amor sim, mas além de amor pra dar, é preciso uma dose cavalar de generosidade e coragem. 
Tomei três caixas dágua dos três e trouxe um lindo menino autista pra casa.


Meu mais novo (e mais velho) filho, ficou órfão de pai, mãe e irmãos. É duro. É corte fundo na carne sem anestesia. Não é história pra caber em post de facebook, é enredo para ópera em três atos. Mas agora ele tem tudo outra vez: Pai, mãe, irmãos, cães, gatos e casa. 
 Ontem estivemos pela primeira vez na casa em que ele morava, alguns objetos o fizeram chorar muito, foi bem triste. Ele foi reunindo algumas coisas e me dando, por fim quis que eu usasse uns sapatos que foram de sua mãe. Tudo isso na mímica e sem palavras. Ele fala apenas “sim”, “não” e “mãe”. 
Ele é especial. Além de um pé no autismo ele tem uma lesão cerebral que o limita em algumas coisas. Mas ele sabe amar. Isso, pra mim, é o que basta. Quem sabe amar sabe viver, sobreviver e ser feliz. O amor dele vem de um coração muito sincero, devastado pela morte de todos os seus, perdido com a perda das referências quase todas.
 Mas agora estamos juntos! Isso é o que o meu sorriso diz a ele o dia inteiro.

Neste momento estamos na praça de alimentação de um shopping center onde vim fazer um enxoval pra ele. Algumas pessoas olham com pena e outras com preconceito. A maioria não nos nota porque a maioria não sabe enxergar o outro. 
As que olham com pena ficam excessivamente simpáticas e beiram o ridículo e as que olham com preconceito querem logo que eu saia da frente delas só porque ele chupa picolé sem a coordenação motora necessária para comer Sushi com a rainha da Inglaterra…. Ah, mas eu o beijo e penso: Meu filho amado, você acaba de me ajudar a dar um salto na busca do sentido da existência humana. Se a gente não vem aqui servir e amar nosso próximo, a gente pode ir embora pois está apenas roubando tempo da vida e água do planeta.

Obrigada, meu marido Marco Antônio Lage, companheiro de TODAS as horas, parceiro nos sonhos, nas lutas, nos desafios. Aquele que corre comigo pra me abrigar da tempestade e me traz o mar quando o sol está quente. Aquele que sabe ser um pai perfeito para a família que nem em meus maiores sonhos eu poderia achar que merecia. Aquele que quando me vê exausta compreende meu cansaço e me revigora dizendo que sou a melhor mãe do mundo. Agora sou mãe de três e você pai de cinco. Viva o nosso Bebeto, que voltou a sorrir porque se sente acolhido e amado.

Conheça o trabalho de Raquell Guimarães, a estilista que levou a arte de tecer e costurar para um presídio masculino em Minas Gerais.

Em um canto de Minas Gerais, mãos atentas e precisas tecem fios de lã com agulhas de tricô ou crochê. Assim, ocupam o tempo e espantam maus pensamentos. A cena seria absolutamente comum não fossem por alguns detalhes. Os artesãos são homens, presos no Complexo Penitenciário Público-Privado de Ribeirão das Neves, a 40 quilômetros de Belo Horizonte. “Mulheres conversariam, mas nós fazemos silêncio para não perder a concentração nem errar a contagem dos pontos”, explica Tiago Duarte de Almeida, 26 anos, condenado por tráfico e porte de armas. Ele e seus colegas de ateliê fazem parte da equipe da estilista Raquell Guimarães.

Continua após a publicidade

Foi graças à contratação de condenados que a mineira conseguiu alavancar sua marca, a Doiselles. Hoje, uma peça custa em média 800 reais. Blusas, coletes e cachecóis são vendidos em países como Japão, França e Estados Unidos. Criada entre a fazenda da família e as tecelagens do pai e do avô, Raquell cursou moda enquanto trabalhava como aeromoça. Recém-formada, abandonou a aviação e montou um ateliê de tricô em Juiz de Fora, sua cidade natal, onde tricotava com a mãe e a avó. Depois de apresentar sua produção para a Associação Brasileira da Indústria Têxtil, em 2008, foi chamada a participar de uma feira em Paris, na qual fechou vários pedidos. Na volta, deu-se conta de que não dispunha de mão de obra para tantas entregas. Tentou solucionar a questão contratando donas de casa. “O problema era que, como cada uma trabalhava na própria residência, ficava difícil seguir um padrão de acabamento”, conta a estilista. Foi então que Raquell teve a ideia de empregar detentas do presídio local. Em uma conversa com a administração da penitenciária, conseguiu permissão, mas havia uma ressalva: ela só poderia usar mão de obra masculina – para aproveitar um ateliê já montado no presídio para a manufatura de tapetes. O desafio foi aceito, mas havia outro obstáculo pela frente. Ela teria de se responsabilizar pela entrada de agulhas na cadeia. “Pedi para falar pessoalmente com eles e levei duas agulhas comigo. Queria sentir o clima.”

No ano passado, Raquell transferiu o ateliê para o presídio de Ribeirão das Neves, mais próximo de Belo Horizonte, onde ela vive agora. Lá trabalham 30 homens. “Minha mãe já me pediu para ensiná-la a tricotar quando eu sair daqui”, conta Almeida, que está a cinco meses de ser libertado. Cada três dias de trabalho rende ao detento um dia a menos na cadeia e recebem três quartos de um salário mínimo por mês para usar em liberdade. “Raquell devolveu sensibilidade a mãos violentas”, diz o psicólogo Genilson Ribeiro, gerente de atendimento do complexo.

Raquell Guimarães foi finalista do Prêmio CLAUDIA 2015 na categoria Negócios.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

SUPER BLACK FRIDAY

Digital Completo

Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 3,99/mês
SUPER BLACK FRIDAY

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
De: R$ 26,90/mês
A partir de R$ 9,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$47,88, equivalente a R$3,99/mês.