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Devo comprar um tablet para o meu filho?

O uso do aparelho é recomendado? Dois especialistas opinam sobre a questão que ainda deixa os pais divididos

Por Vanessa de Sá (colaboradora)
Atualizado em 27 out 2016, 19h14 - Publicado em 19 nov 2015, 09h58
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Sim

A tecnologia veio para ficar e cada vez mais faz parte do nosso dia a dia. As crianças, diferentemente da maioria de nós, adultos, que conhecemos o mundo antes da era digital, vivem um tempo em que o virtual já faz parte das interações. E esse universo será muito visitado pelos pequeninos ao longo de sua vida. Nada melhor do que começar a fazer uso de seus recursos com um bom aprendizado, proporcionado pelos pais. Os tablets trazem em si a facilidade de operação e, se usados com alguma moderação, podem ser grandes aliados do ensino das crianças. Com o aplicativo certo, as brincadeiras se tornam espaço para adquirir conhecimento de forma estimulante e interativa. Além disso, a familiarização com o uso da tecnologia se faz importante para o futuro. Quando o contato começa cedo, entender como as coisas funcionam se torna mais natural e seu uso, intuitivo. O equipamento também pode ser uma opção para preencher o tempo em grandes esperas, viagens ou mesmo quando a criança não possui alternativas para o lazer. É claro que ele não substitui o contato com familiares e amigos e não deve ser a única fonte de distração da meninada. Crianças pequenas sempre precisam de supervisão, e, com o uso de aplicativos que acessam a internet, esse cuidado deve ser mantido. Ele também pode ser utilizado para ensinar regras sociais, de convivência e cuidados com estranhos. Quando bem utilizado, o tablet pode ser um dispositivo que traz bastante diversão e conhecimento para a criança, além de funcionar como um espaço para brincadeiras em conjunto com os pais no dia a dia cada vez mais corrido da vida moderna. Luciana Ruffo é psicóloga do Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática (NPPI) da PUC São Paulo e professora do curso virtual de psicologia e informática da PUC-COGEAE

Não

Há dois tipos de uso: sem e com internet. No primeiro caso, a criança será atraída para ver filmes, brincar com apps de jogos ou tirar fotos e manipular o álbum. As imagens já vêm prontas e se sucedem com bastante rapidez. Assim, a criança não pode se concentrar, o que prejudica o desenvolvimento e a imaginação. Compare a atenção dedicada a essas atividades com a concentração ao ouvir uma história ou ao brincar com bonecos. Com o aparelhinho nas mãos, a criança perde a chance de estimular sua sensibilidade social e a compaixão. Usando um tablet, ela fica estática, mexe apenas os dedos. Os olhos mal se movem! Uma criança precisa se movimentar muito, para desenvolver sua musculatura e coordenação motora. As consequências da falta de atividade incluem sobrepeso e doenças como diabetes. O uso com internet acrescenta dois novos problemas: o perigo dos predadores (a criança, ingênua, não percebe que está dando informações sobre si e a família) e o risco de dependência. Como base de comparação, já está provado cientificamente que quanto mais cedo se inicia o uso de cigarro e álcool, maior a chance de dependência na idade adulta. Ora, nos Estados Unidos, em 2006, 12,5% da população era viciada em internet, o dobro dos alcoólatras! Finalmente, quero chamar a atenção para dois aspectos. Muitos pais dão tablets e smartphones para seus filhos para distraí-los e ocupá-los. Isso é abdicar da responsabilidade de educá-los e produz inúmeros problemas psicológicos devido à falta de contato. Os pais também pensam que os pequenos devem se familiarizar com a tecnologia. Isso é uma falácia total, pois ela muda rapidamente e seu uso está se tornando cada vez mais fácil e intuitivo. Valdemar W. Setzer é professor titular aposentado do Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística da USP

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