Como proteger o bebê na praia
Veja como evitar ameaças que vão de bicho geográfico a queimaduras
Lembre-se de aplicar o filtro solar no seu pequeno cerca de 20 minutos antes de sair de casa
Foto: Getty Images
Se você planeja passar o início do ano na praia, resolva já suas dúvidas sobre a melhor maneira de proteger o bebê do sol, das picadas de inseto e de outras ameaças que podem transformar a diversão em tensão.
Sol: pode ou não pode?
Sim e não. Um banho de sol diário, de cinco a dez minutos, é importante para estimular a produção natural de vitamina D pelo organismo, indispensável à fixação do cálcio nos ossos. Os raios solares têm também ação bactericida, acelerando a cura de pequenas infecções de pele (impetigo) e de lesões causadas por picadas de insetos (prurido). A questão é o horário dessa exposição. É comum achar que basta evitar o sol mais intenso, das 10 às 16 horas, para livrar o bebê de qualquer ameaça. Mas isso só vale em relação aos raios UVB, causadores de queimadura e vermelhidão. A radiação UVA, ligada ao envelhecimento precoce e ao câncer de pele, já é intensa às 8 horas. Por isso, é melhor seu filho tomar sol antes disso e, mesmo assim, de maneira indireta: sob guarda-sol e usando chapéu e camiseta com proteção solar. Aos poucos, o tempo de exposição pode aumentar, conforme a orientação do seu pediatra.
Filtro solar não resolve?
A criança é mais suscetível ao desenvolvimento de alergias. Além disso, a pele dela é muito fina e os rins ainda são imaturos, o que a faz absorver mais facilmente as substâncias químicas dos filtros e, ao mesmo tempo, ter menos capacidade de eliminá-las pela urina. Portanto, não é recomendável usar filtro solar até os 6 meses. Depois, seu filho já pode contar com essa proteção. Mas, para que ela funcione, lembre-se de aplicar o filtro cerca de 20 minutos antes de sair de casa, para que o produto penetre na pele, e de reaplicar a cada duas horas, após mergulhos ou se o bebê transpirar demais. Essa recomendação vale para qualquer atividade ao ar livre. A partir do sétimo mês, a proteção solar deve ser um hábito, embora ainda seja indicada uma pequena exposição sem nenhum produto no início da manhã, para estimular a vitamina D.
Como escolho um produto adequado?
Os filtros físicos ou inorgânicos formam uma barreira na pele e têm a vantagem de serem menos absorvidos pelo organismo. O inconveniente é que são mais difíceis de espalhar e deixam a pele esbranquiçada. A pasta d’água e os bloqueadores à base de dióxido de titânio, de óxido de zinco e de tinosorb estão nessa categoria – consulte o rótulo. Os mais comuns, porém, são os filtros químicos e alguns que misturam princípios químicos e inorgânicos. Na hora de escolher, lembre que um fator de proteção (FPS) muito alto não eleva a segurança na mesma proporção e aumenta o risco de alergias. O FPS está ligado apenas ao tempo de exposição para que a pele comece a ficar vermelha. Para bebês, prefira um filtro com FPS 30. Certifique-se também de que o produto proteja contra os raios UVA, procurando a sigla PPD. Finalmente, evite fórmulas com corantes e fragrâncias e confira a data de validade, pois os ativos perdem o efeito com o passar do tempo e com a exposição ao ar. Por isso, se tem um produto comprado no ano passado e que já foi aberto, descarte-o, mesmo que ainda esteja na validade.
E se ele tiver uma queimadura?
Se seu filho estiver avermelhado, tire-o imediatamente do sol. Em casa, misture 3 colheres (sopa) de amido de milho em meia banheira de água e dê um banho rápido nele, sem enxaguar. Essa mistura refresca a pele e diminui o risco de brotoejas (aqueles pontinhos vermelhos causados pelo entupimento das glândulas sudoríparas). Enxugue-o com uma fralda ou toalha macia. Em seguida, aplique pasta d’água ou loção infantil à base de calamina. Loções hidratantes, porém, só devem ser usadas após a fase crítica, que dura cerca de 24 horas. Ofereça bastante água ao longo do dia e opte por refeições leves, de preferência com muitas frutas.
Repelente de inseto pode?
Depende do produto e da idade do bebê. Até o sexto mês, restrinja-se às telas e mosquiteiros, optando por modelos que venham impregnados com o inseticida permetrina. Do segundo semestre até os 2 anos, você já pode usar repelentes tópicos especiais para bebês à base do ativo IR 3535. Os com DET, mais comuns, só estão liberados para maiores de 3 anos. Independentemente da idade, não use os que vêm combinados com filtro solar, pois é preciso reaplicá-lo várias vezes, aumentando o risco de toxicidade. Os repelentes podem ser usados, no máximo, duas vezes ao dia.
Brincar na areia está liberado?
A areia úmida à beira-mar é a mais indicada para as brincadeiras com baldinhos e castelos, pois a água salgada elimina os germes. A areia fofa fica contaminada, inclusive pelo bicho geográfico, eliminado pela urina e pelas fezes dos animais que circulam pela praia. Mas não deixe a criança sentar nua na areia e, quando estiver na parte seca, instale-a sempre sobre uma toalha, banquinho ou esteira. Outro cuidado importante é com as águas-vivas. Em alguns pontos do litoral, elas chegam até a orla e causam queimaduras graves. Caso sua criança toque acidentalmente em uma água-viva, não mexa no ferimento. Apenas lave-o rapidamente com água salgada ou soro fisiológico gelado e leve o bebê para o pronto-socorro. Não use água doce nem quente para limpar a área, pois isso faria os cistos que a água-viva deposita na pele se romperem e liberarem uma substância venenosa.
Qual é a melhor alimentação na praia?
Para evitar que o bebê se desidrate, elimine frituras e adote uma dieta à base de muitas frutas e hortaliças de cor amarela ou vermelha, que abastecem o organismo de vitaminas A e D. Mamão, cenoura, abóbora, manga e tomate são boas escolhas. Aumente também o oferecimento de água, sucos e chás, mesmo que seu filho não peça. Já para evitar intoxicação alimentar a saída é caprichar na higiene. Lave cuidadosamente suas mãos e as da criança antes de alimentá-la. Nunca ofereça ao pequeno nem água nem alimentos comprados de ambulantes ou em quiosques e restaurantes de higiene duvidosa. Se o bebê tiver diarreia, ofereça soro e ligue para o pediatra ou procure o pronto-socorro local.
Consultores: André Braz, dermatologista, do Rio de Janeiro; Carmem Durazzo, dermatologista, de São Paulo; Leila Mussa Gazi, dermatologista de Três Lagoas (MS); Pedro Takanori, pediatra, infectologista e coordenador clínico do Instituto da Criança de São Paulo
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