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Como ajudar a criança que sente medo excessivo de ir à escola

Crise de choro, dores abdominais e de cabeça, vômitos... Seu filho costuma apresentar alguns desses sintomas antes de ir para a escola? Isso é sinal de fobia escolar. Saiba o que fazer para ajudá-lo a superar esse transtorno.

Por Aline Gomiero
Atualizado em 22 out 2016, 16h59 - Publicado em 5 ago 2014, 22h00
Getty Images
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As férias acabaram e chegou o primeiro dia de aula. O pequeno, que costumava acordar animado, despertou diferente. Recusou-se a tomar café-da-manhã e ficou emburrado na hora do banho. Pouco depois, resistiu a vestir o uniforme, jogou a mochila no chão e chorou antes de sair de casa. No trajeto para a escola, queixou-se de fortes dores abdominais. Nos dias seguintes, o quadro se agravou, com ânsia de vômito, suor excessivo e tremores. Cenas como essa se repetem em muitas famílias, mas, na maioria dos casos, os pais acreditam que não passam de manha ou frescura da criança para não ir ao colégio. O diagnóstico para este comportamento, no entanto, pode ser de fobia escolar.

 

Classificada como um transtorno de ansiedade, a fobia escolar está entre os distúrbios que mais afetam crianças e adolescentes e pode aparecer durante toda a vida escolar, embora seja notada com mais frequência na faixa etária que compreende os cinco e os dez anos de idade. Além do medo exacerbado de ir para a escola, ela pode acarretar outros problemas, como evasão escolar, repetência, ausência de socialização com os colegas e baixa autoestima.

De acordo com Elizabeth Polity, psicopedagoga e diretora do Colégio Winnicott, de São Paulo, especializado em atender crianças com dificuldades de aprendizagem, a fobia escolar é caracterizada como uma ansiedade incontrolável de separação, ou seja, dificuldade de se adaptar a um novo espaço sem a presença do vínculo familiar. “A criança pode ter receio de deixar a mãe ou a casa por ter fantasias de abandono ou destruição. Situações de estresse pós-traumático, como o divórcio dos pais, perdas de entes queridos e bullying também aparecem como causadores”, explica. O transtorno pode, ainda, estar associado a alguma mudança significativa na vida da criança, como troca de classe ou de escola e maior exigência acadêmica conforme o aluno avança de série.

Nestes períodos de grande transformação, o medo surge como um recurso de defesa e proteção para os pequenos. Porém, em excesso, pode se tornar patológico. A maior parte das crianças supera essa fase em, aproximadamente, uma semana. No entanto, apresentar algum tipo de insegurança e ansiedade em até quatro semanas ainda é considerado normal. Os pais devem ficar atentos se o temor do filho de ir para a escola se intensificar ou persistir por muito tempo — daí, pode, sim, ser indício de fobia.

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O problema é que, por não terem conhecimento deste distúrbio ou por não saberem como lidar com a situação, muitos pais acabam por forçar, castigar e impor que a criança vá à escola de qualquer maneira — o que pode provocar ainda mais sofrimento e angústia. “Vale lembrar que cada criança é única e precisa ser respeitada em sua singularidade, por isso a comunicação da família com a escola é fundamental em qualquer situação, para que juntas possam desenvolver um trabalho em prol do bem-estar da criança”, argumenta Luzia Aparecida da Silva, coordenadora pedagógica da Educação Infantil do Colégio Santa Amália, de São Paulo.

adaptação desses alunos no ambiente escolar deve ser feita de forma lenta e gradativa, seguindo o ritmo e a necessidade de cada um. O papel da escola é, aos poucos, mostrar ao aluno que ele possui habilidades e potencialidades, que os erros fazem parte do desenvolvimento e que o ambiente escolar e a aprendizagem podem ser muito prazerosos. “Se a ajuda familiar e da escola por meio de conversas e combinados não for suficiente, deve-se procurar um profissional, de preferência um terapeuta familiar, que vai abordar a questão no contexto relacional do problema. Terapia cognitivo-comportamental e um psiquiatra também podem ser úteis para o aluno”, esclarece a psicopedagoga Elizabeth Polity.

Dicas para ajudar seu filho a lidar com os sentimentos conflitantes que surgem na hora de ir para o colégio:

· Respeite os medos da criança. Não dê broncas ou grite quando ela chorar por não querer ir à escola.

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· Converse com seu filho sobre seus medos, passando-lhe a segurança de que precisa. Os pequenos sempre percebem a ansiedade e insegurança dos pais.

· Seja breve nas despedidas na escola. Nada de voltar para dar mais um beijinho ou falar algo que esqueceu. Isso aumenta o sofrimento.

· Não saia da escola escondido da criança. Sempre avise que vai sair e quando vai voltar para buscá-la.

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· Combine com a escola como irão avisar caso seu filho esteja muito desconfortável ou chorando demais. E confie! Se não ligaram, é porque está tudo bem.

· Esteja na porta da escola quando a criança estiver saindo da aula. Nunca chegue atrasada.

· Estimule a criança a praticar outras atividades fora da escola.

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· Analise se a escola está preparada para lidar com este tipo de situação.

· Fique sempre alerta: se os sinais de sofrimento não diminuírem, procure ajuda junto à escola.

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