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Como agir quando a criança começa a falar

Dicas para pais de bebês de 18 a 24 meses, fase em que eles estão descobrindo a fala e começando a "conversar"

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 28 out 2016, 20h45 - Publicado em 19 out 2010, 22h00
Rita Trevisan
Rita Trevisan  (/)
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Nos primeiros anos de vida, o repertório da criança gira em torno de 50 palavras
Foto: Getty Images

Dos 18 aos 24 meses de vida de uma criança, suas frases ainda não têm mais do que três palavras – até os 2 anos, 50 palavras são o mínimo do vocabulário de uma criança, podendo o repertório chegar ao dobro. Mas quem convive com ela consegue entender perfeitamente o que ela está tentando dizer. “Nessa fase, deve-se ficar atenta e interpretar o contexto para compreender o significado de cada som emitido pelos pequenos. Quando fala ‘au-au’, por exemplo, o bebê pode estar apenas mostrando ou chamando um cachorro, mas, às vezes, ele quer dizer que o animal entrou na sala ou, ainda, que sente medo dele”, explica a psicóloga Cecília Guarnieri Batista.

Mesmo breves, essas primeiras tentativas de comunicação já permitem uma interação maior com a família e representam conquistas importantes, que devem ser comemoradas. Afinal, falar exige um grande esforço: é preciso articular os sons usando a língua, os lábios e todo o aparelho fonador, além de compreender o significado das palavras, conseguindo inseri-las nas situações adequadas. Por essa razão, o aprimoramento da fala é um excelente indício de que o desenvolvimento intelectual e psíquico da criança vai bem. “Para se expressar, o bebê tem de conjugar várias habilidades ao mesmo tempo, numa tarefa que, para a idade, não é nada simples”, afirma a fonoaudióloga Marisa Ruggieri Marone. 

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Para falar melhor

Os pais ajudam nesse processo à medida que permitem que o bebê participe ativamente da vida familiar. “A atenção que ele recebe faz toda a diferença. Além de conversar, é importante ouvir, já que a criança precisa de espaço para se expressar”, diz a fonoaudióloga Marilda Baggio Serrano Botega.

As brincadeiras também colaboram nesse aprendizado, trazendo a chance de ensinar novas palavras de um jeito lúdico. “É um bom momento para aumentar o vocabulário de sons com significados, introduzindo palavras que o filho ainda não conhece dentro de um contexto. Assim, a mãe aponta para uma bola ou a coloca nas mãos do bebê enquanto diz ‘bola’, transformando o conhecimento, antes abstrato, em algo concreto e que faz sentido para ele”, explica Marisa. É essa percepção de contexto que permitirá ao seu filho depois utilizar adequadamente cada novo termo aprendido.

Ouvir historinhas e pequenas poesias e ter contato com os sons e ritmos das músicas são outros recursos que facilitam o desempenho na hora de falar. Portanto, os brinquedos e os programas que exploram a musicalidade são bem-vindos. Só não substituem a interação face a face. “A linguagem se desenvolve mais e melhor por meio do diálogo com os adultos, especialmente com os pais”, ensina a pedagoga Adriana de Laplane. 

Quando procurar um especialista

Se a criança não arrisca as primeiras palavras até os 2 anos, talvez seja necessário buscar a opinião de um especialista, de preferência, um fonoaudiólogo. “Os pais só não devem tirar conclusões precipitadas. Algumas vezes, o bebê não interage com os adultos por meio da fala, mas é preciso observar como ele se comporta na convivência com outras crianças e também durante as brincadeiras. Falar pouco nem sempre é sinal de algum comprometimento emocional, psíquico, motor ou físico. Esse diagnóstico depende de uma avaliação global das habilidades da criança”, afirma Cecília.

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Caso não haja comprovação de atraso no desenvolvimento da fala, o primeiro alvo de investigação será a audição. “Até mesmo as otites de repetição podem levar a uma dificuldade maior na percepção dos sons”, explica Marilda. Na prática, o pequeno dá sinais desse tipo de problema quando não reage a sons fortes, não responde aos chamados ou grita em vez de falar.

Já quando a demora na articulação das primeiras frases chega a chamar a atenção de outras pessoas, vale a pena checar a quantas anda também o desenvolvimento da capacidade motora da criança. Se houver outros déficits significativos, o pediatra poderá avaliar a possibilidade de um distúrbio neurológico.”Há ainda bons motivos para procurar o médico quando a criança não consegue estabelecer contato visual com as pessoas e, nessa idade, ainda apresenta forte resistência diante de situações de interação social. Nesse caso, é preciso buscar uma avaliação profissional quanto antes”, aconselha Marilda. 

Guia rápido das primeiras palavras

Mesmo que saiba o que a criança está querendo, não se antecipe a ela. Dê-lhe tempo para elaborar a fala e pedir. O bebê que sempre é prontamente atendido demora mais para se comunicar. 

. Por outro lado, não demore muito para responder, principalmente se perceber que a criança está ficando aflita pela dificuldade de se expressar. 

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. É natural tentar se aproximar da fala do bebê afinando a voz e exagerando no uso de diminutivos. Mas evite formular as palavras de forma incorreta, repetindo os erros, até graciosos, que a criança comete. O ideal é que ela sempre escute o certo. 

. Corrigir demais, exigindo que o pequeno pronuncie todas as palavras com exatidão, é desestimulante. O excesso de críticas pode intimidar as tentativas dele de se comunicar.

. Lembre-se: o bebê que participa das conversas de família aprende a se comunicar cada vez melhor. Além de falar bastante com o pequeno, os pais devem saber ouvi-lo, abrindo espaço para que se expresse, sem completar as palavras por ele nem apressá-lo

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