Assimetria craniana: como corrigir a cabeça torta do bebê
Entenda por que vícios de postura do bebê podem gerar deformidades no desenvolvimento do crânio e saiba o que é possível fazer no dia a dia para evitá-las.
Nas assimetrias mais severas, pode ser necessário o uso de uma órtese craniana, também chamada informalmente de capacetinho.
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Você já deve ter notado que, nos primeiros meses de vida, alguns bebês costumam ter um lado da cabecinha diferente do outro. Um estudo realizado pela Escola de Medicina de Harvard comprovou que 12% dos recém-nascidos realmente apresentam essa deformidade. No Brasil, isso significa que, entre os 2,9 milhões de bebês nascidos em 2008 (data do último levantamento do Ministério da Saúde), cerca de 350 mil tinham plagiocefalia posicional, mais conhecida como assimetria craniana. No momento em que é identificado, o problema pode assustar os pais, mas os especialistas afirmam que essa deformidade normalmente é causada por simples vícios de postura do bebê.
Segundo Gerd Schreen, especialista no assunto e fundador da CranialCare, em São Paulo, nos primeiros meses de vida o cérebro da criança se desenvolve numa velocidade muito grande e precisa rapidamente de mais espaço. “Ele literalmente empurra os ossos para fora. Se, nessa fase, ou mesmo ainda dentro do útero da mãe, houver um obstáculo em determinada região, essa parte crescerá menos que as demais, surgindo assim o achatamento da cabeça”, explica o médico. Se a gestação for gemelar, a incidência da assimetria chega a 54%. Há ocorrências também durante o parto, o encaixe precoce na pelve materna ou se houver pouco líquido amniótico durante a gravidez. “O que essas situações têm em comum? De alguma forma há uma limitação de espaço para que a cabeça do bebê possa crescer livremente.”
Se o problema for identificado logo no início – o tratamento deve ser feito entre os 3 e os 14 meses de vida do bebê -, poderá ser revertido facilmente.
Quando procurar um médico
Seu bebê também pode ter o chamado torcicolo congênito, uma condição de apoio muito mais intenso em um dos lados da cabeça. “Observe as fotos que tirou nos primeiros meses de vida. Se o bebê aparece sempre olhando para o mesmo lado nas fotos, deve-se procurar um especialista para verificar se não há um desequilíbrio de forças nos músculos do pescoço. O tratamento envolve geralmente fisioterapia motora para alongar e fortalecer os músculos cervicais e deve ser desenvolvido em paralelo ao tratamento da assimetria craniana”, orienta Gerd. Nas assimetrias mais severas, pode ser necessário o uso de uma órtese craniana, também chamada informalmente de capacetinho. “Ela é produzida sob medida e encosta nas regiões que não devem crescer mais. Com isso, impede o apoio onde há achatamento, moldando o crescimento natural do crânio. Normalmente, o problema se resolve em três ou quatro meses.”
Fique de olho
Algumas recomendações simples ajudam a identificar e a tratar a plagiocefalia posicional.
1. Observe o bebê de cima para baixo
Dessa forma, será mais fácil identificar se há alguma alteração no crânio. Geralmente, a orelha e a testa do lado achatado são “empurradas” um pouco para a frente. O rosto também pode ser afetado e apresentar uma bochecha mais cheia que a outra. Em alguns casos, toda a região de trás da cabeça fica achatada, elevando um pouco o topo e alargando-a.
2. Varie as posições em que ele fica
Alterne, sempre que possível, a posição em que o bebê costuma ficar para dormir, mamar ou sentar. Um estudo da Academia Americana de Pediatria orienta que o pequeno deve ficar de bruços por cerca de 30 a 60 minutos por dia para ajudar a evitar ou regredir as deformações cranianas, mas só enquanto estiver acordado.
3. Faça exercícios nele
Aproveite a troca de fraldas e coloque uma de suas mãos na parte de cima do peito da criança e com a outra movimente a cabecinha dela – com muito cuidado – para que o queixo encoste no ombro. Esse movimento deve ser feito para a direita e para a esquerda, com permanência de dez segundos.
4. Defina o local do berço
Ele deve ficar em uma posição onde o pequeno se sinta forçado a olhar no sentido contrário ao do achatamento na cabeça, para ver as pessoas que estão no quarto ou móbiles, por exemplo.
5. Cuidado com o bebê-conforto
Seu uso excessivo, assim como o do carrinho, pode desencadear o problema. “Há crianças que chegam a dormir a noite inteira neles e ficam encaixadas, sem mobilidade e apoiadas na mesma região da cabeça”, afirma Gerd.