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As histórias de 6 pais que se revelaram gays após o nascimento dos filhos

Estes homens saíram do armário e reforçaram seu papel mais importante: a paternidade

Por Silvio Carvalho
Atualizado em 21 jan 2020, 20h13 - Publicado em 29 jul 2015, 12h55

A visão tradicional de família se transformou e abriu espaço para uma definição que privilegia o amor, independentemente de gênero, sangue ou orientação sexual de seus membros. Para exemplificar relações sólidas, reinventadas e construídas com base no amor, o MdeMulher mostra as histórias de seis pais gays que têm muito a celebrar no próximo dia 9 de agosto.

Davi Valle, do Rio de Janeiro

Tinha o desejo de ser pai desde a adolescência. Durante a gravidez ficava grudado nela, cantando, contando histórias”. As palavras de Davi Vale, 32, deixam claro que existe uma relação profunda de afeto e cumplicidade entre ele e sua filha Lia, de 9 anos. 

Arquivo pessoal
Arquivo pessoal ()

Nascido em uma família tradicional, Davi preferiu manter sua sexualidade em segredo até os 29 anos. Na época da faculdade, conheceu a mãe de Lia e se casou. Sua filha tinha 5 anos quando o casal se separou e Davi decidiu ter uma conversa com ela. Um dos pontos mais delicados foi mostrar que as pessoas devem ser amadas, independentemente de serem homens ou mulheres. 

Lembro-me da pergunta que Lia fez depois dessa conversa: – Então posso namorar uma menina? Minha resposta foi que desde que houvesse amor, qual o problema?

Hoje, Davi é casado com Rodrigo. Até então, Lia não tinha conhecido nenhum namorado do pai. Enquanto pensava numa forma de apresentar Rodrigo formalmente, foi surpreendido pela filha. “Estávamos em um hotel e, enquanto tomava banho, ela ficou jogando no meu celular, mas também mexeu no meu WhatsApp e leu uma conversa. Quando saí, ela me questionou o que significava aquilo e eu disse que estava namorando um cara bem legal e que gostava muito dele. A resposta dela foi a mais inacreditável possível:  Ah, tá! Me passa o biscoito? Obviamente, fiquei sem reação, mas não passei o biscoito. Ela estava de castigo por bisbilhotar mensagens alheias”.

Arquivo pessoal
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Com apenas 9 anos, Lia surpreende pelo posicionamento e determinação. Na festa do Dia dos Pais do ano passado, levou a questão da diversidade sexual para ser discutida na escola. “Foi bem emocionante, o Rodrigo, que está sempre presente na criação da menina, chorou muito!” , conta Davi, orgulhoso da filha.

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Leonardo Pasini, do Rio Grande do Sul

Nascido em Sarandi, cidade com 25 mil habitantes, no interior do Rio Grande do Sul, Leonardo Pasini, 39, sempre soube de sua homossexualidade, mas reprimiu seus sentimentos por anos. Em meio à fase de confusão, se relacionou com uma mulher e ela engravidou. A mãe de sua filha Kauana se casou e o padrasto da menina não a deixava ver o pai. 

Arquivo pessoal
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Quando a filha tinha 13 anos, um namorado de Leonardo publicou nas redes sociais sobre a relação dos dois. Com medo da reação da filha, ele decidiu contar tudo.

Abri o jogo. Para minha surpresa, ela simplesmente respondeu: Você está preocupado com isso, pai? Você não precisa se preocupar com o que os outros vão falar!

Com o tempo, a mãe de Kauana permitiu que ela fosse morar com o pai. Aos 20 anos, ela se casou e teve uma filha. Para as pessoas que vivem uma situação parecida, Leonardo tem um recado: “Olho pra trás e vejo a estrada que percorri. Batalhei muito pra conquistar respeito e aceitação. Passei 20 anos tentando ser feliz, me preocupando com a opinião das pessoas e fui surpreendido com a aceitação delas. Muitas vezes, desenvolvemos um certo tipo de medo e adiamos nossa felicidade. Não se pode adiar”.

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A filha Kauana se orgulha da relação que construíram. “Meu pai tem o melhor e maior coração desse mundo. No coração gigante dele só não cabe coisa ruim. Que pessoa maravilhosa eu tenho como pai. Dono de virtudes que não tem pra vender por aí! Espero que eu consiga herdar seu caráter, sua generosidade, sua calma, sua força de vontade e seu amor pela vida.”

 

Juarez Souza, do Espírito Santo

Juarez de Souza, 44, sempre teve consciência de sua sexualidade, mas demorou muito para aceitá-la. Mesmo depois de perceber que sua opção sexual não era um problema, continuou namorando mulheres e, aos 25 anos, conheceu a mãe do seu filho.

A relação durou 8 anos. Depois da separação, Juarez veio para São Paulo e reconstruiu sua vida. Quando o filho Thieres completou 9 anos, decidiu contar a verdade. “A mãe, que era evangélica, foi contra, pois achava que minha influência poderia fazer com que ele se tornasse gay. Insisti, pois não queria que meu filho se sentisse traído”.

Arquivo pessoal
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“Eu disse: Filho, papai tem uma coisa muito importante pra falar com você. É serio, mas preciso contar com sua compreensão, amor e carinho. O papai é gay. Depois de alguns instantes calado, ele respondeu: Você é um pai igual aos outros. Sempre será meu pai e vou sempre te amar. Choramos muito e o segredo acabou”.

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Edgard Leite, de São Paulo

Edgard Leite, 49, teve um relacionamento com a mãe de Diego durante 2 anos.  Após este período, o casamento se desgastou e eles se separaram. Edgard se mudou para São Paulo e aqui conheceu Juan, seu atual companheiro.

Aos 16 anos, Diego veio morar com o pai, que já morava com o namorado há algum tempo. A questão da sexualidade nunca esteve em pauta e não foi necessária uma conversa mais séria para explicar a orientação do pai, nem sua relação afetiva com Juan. A aceitação do adolescente foi imediata. “Nunca tive nenhum problema. Estou muito feliz com a escolha dele”, conta Diego, agora com 29 anos.

Arquivo pessoal
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Para que uma família seja feliz é preciso amor e crescimento verdadeiro. Foi isso que Edgard ensinou para seu filho e Diego, que também compartilha do mesmo pensamento e agradece ao pai: “Muito obrigado por todos os momentos, por dividir sua vida comigo! Você é muito importante. A questão sexual nunca foi um problema, pelo contrário, me fez crescer muito mais. Você é motivo de orgulho pra mim”.

 

Bill Santos, de São Paulo

Aos 21 anos, Bill Santos assumiu sua homossexualidade depois de um casamento de dois anos com a mãe de sua filha. “Como nasci numa família muito conservadora, fui praticamente forçado a me casar com uma mulher. Depois de dois anos casado, percebi que nasci homossexual e decidi terminar o relacionamento”.

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Sua filha foi criada por ele e seu então companheiro. O convívio de Bianca com o padrasto sempre foi saudável. Após 9 anos, o casal se separou, mas a amizade e o carinho permanecem. Hoje, Bianca tem 18 anos e ainda mantém contato com o ex-padrasto.

Minha filha sabe respeitar as diferenças de gêneros sexuais

Arquivo pessoal
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Bill luta pelos direitos dos LGBTs e acredita que todo o espaço dado à discussão, principalmente nas redes sociais, é muito importante para que as pessoas quebrem preconceitos e para que a violência seja combatida. Quando questionado se acredita que exista diferença na criação de um filho por um pai gay, Bill é enfático: “Se tiver alguma diferença é para melhor, pois como sofremos preconceitos criamos nossos filhos para respeitarem o próximo, independente de origem, etnia, religião, identidade de gênero e orientação sexual”.

 

Oswaldo Braga, de Minas Gerais

Até os 30 anos, Oswaldo tinha vivido esporádicas experiências homossexuais, sempre carregadas de culpa e apreensão. Dos 23 aos 27 anos, foi casado com uma mulher e teve dois filhos homens. “A saída do armário se deu quando eu me apaixonei pelo meu atual marido, Marco Trajano. Meus filhos tinham 18 e 15 anos. Decidido a me revelar, convidei-os para comer uma pizza e contei que era gay. Eles não esperavam. Ficaram, de certa forma, chocados. O mais novo não conteve umas lágrimas; o mais velho se indignou”.

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“O que me impulsionou – e ainda orienta minhas decisões – é que a vida da gente não é uma novela onde se descobrem coisas no último capítulo. Querendo ou não, meus filhos têm um pai gay e o exemplo de honestidade e coerência supera os eventuais problemas de uma homossexualidade revelada”.

Por não compreender sua orientação, o filho mais velho de Oswaldo preferiu manter-se afastado. Já o caçula, Gabriel tem um relacionamento próximo do pai. “Moramos juntos há pouco mais de um ano. Isso tudo fez com que nos aproximássemos muito, sempre com muito amor, carinho e intensidade. Eu entrando no universo dele, e ele no meu, compartilhando experiências, tocando violão juntos, temos uma relação muito boa”.

Arquivo pessoal
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“Meu pai é um exemplo para mim por toda a sua luta, tudo que fez para garantir os direitos LGBTTs. Se algum dia pensou que não seria meu herói se enganou, pois continua sendo e sempre será!”, afirma Gabriel.

            

 

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