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O desafio da individualidade no mercado de trabalho

Diretora de Diversidade da Riot Games conversou com CLAUDIA sobre presença feminina no mercado de trabalho, diversidade e inclusão.

Por Ana Claudia Paixão
Atualizado em 17 fev 2020, 11h20 - Publicado em 27 nov 2019, 20h02

Há muitos anos, Angela Roseboro, na época trabalhando em um banco, decidiu comprar um carro. Foi à loja, acompanhada pelo marido e escolheu o modelo, mas o vendedor não falava com ela, apenas o marido. “Eu pensei ‘eu tenho que fazer algo para que esse vendedor saiba que eu sou a pessoa com quem ele deve estar falando’, mesmo que meu marido estivesse explicando a ele que era EU quem estava comprando o carro”, relembra. “Eu quis sair da loja sem comprar porque o vendedor não me via como uma compradora”. Ela não conta se o carro foi comprado ou não, mas a vida de Roseboro mudou. A partir desse momento se dedicou a trabalhar na inclusão e diversidade no ambiente de trabalho e hoje é uma das mais reconhecidas especialistas no campo, sendo eleita essa semana a Mulher Poderosa do Ano, segundo a revista NY Moves, que defende os Direitos das Mulheres. “Quis fazer com que o mercado fosse acessível à mulheres e outras formas de diversidade porque não é questão de raça ou gênero mas sim como as pessoas pensam diferente. Somente diferentes perspectivas podem levar à inovação”, diz. “Se as pessoas não estão representadas elas não terão as mesmas oportunidades, nós temos que mudar isso”.

Atualmente liderando o departamento de inclusão e diversidade na Riot Games, Roseboro estava em uma companhia de tecnologia em São Francisco quando recebeu uma ligação da Riot, em Los Angeles. A empresa é responsável pelo League of Legends, entre outros jogos. Em um momento de muitas mudanças, a Riot sentiu que precisava mudar a política interna para ser mais inclusiva, mas Roseboro  levou quatro meses para aceitar o desafio. “Eu nunca joguei antes de me juntar à Riot”, ela confessou à CLAUDIA durante uma visita ao escritório de São Paulo. ‘É uma questão de geração, eu fui da que ‘brinque lá fora, leia e não jogue’. Hoje eu percebo o desenvolvimento de estratégias, de pensamentos que fazem parte dos jogos e hoje há bolsa de estudos, então sim, vá jogar”, ela brincou. “Eu aprendi que é necessário usar o raciocínio, o que nem sempre é demandado com o ‘vá brincar lá fora'”, avalia. As dúvidas se dissiparam quando Roseboro percebeu o empenho dos líderes na companhia em ter um impacto positivo tanto na vida dos funcionários quanto a dos usuários. 

Amigos ficaram surpresos com a decisão, afinal ela já tinha uma carreira sólida em liderar a implementação de diversidade e era Vice-Presidente na empresa em que estava. Quando chegou, viu que os roteiristas dos jogos tinham a idade de sua filha mais velha (28 anos) e logo foi apelidada de “mamãe Roseboro”. Rindo, ela diz que agradeceu ao fato de ter cedido às próprias filhas quando elas pediram para jogar videogames. “Foi uma maneira de trazer minhas filhas mais próximas e elas jogavam muito com o pai”, lembrou. As duas foram as únicas que ficaram animadíssimas com a oferta da mãe ir trabalhar na Riot Games. “Você TEM que ir, mamãe”, a mais velha insistiu. E Roseboro está feliz com a mudança.

Sobre inclusão, ela é apaixonada pelo tema. “Frequentemente os empregos são conseguidos através de indicações e as pessoas indicam pessoas que conhecem ou se parecem com elas. Meu trabalho é  ajudar a equilibrar as oportunidades”, comenta. “É de encontrar os talentos e depois de encontrá-los ter a certeza que terão espaço para crescer. Ninguém quer conseguir ou perder um trabalho porque é uma coisa, mas sim ser visto como os indivíduos que somos. Para me entender é preciso me reconhecer como sou”.

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“Mudança não é orgânica e não importa o quanto a gente seja exposto à diferenças. Precisamos sempre trabalhar para estarmos abertos”, ela diz.  ‘É um desafio de termos liberdade de expressão mas ao mesmo tempo não ofender a ninguém”.

Dentre os vários desafios no papel de encontrar o equilíbrio, Angela tem um conselho às mulheres: “Mesmo sendo a única na mesa, se você está na mesa, esteja na mesa e não se sinta obrigada a pedir desculpas ou se justificar. Seja você mesma”, diz.

Mas não é apenas sobre mulheres, Roseboro dá uma dica para gestores: “Não é para tratar todos igualmente é preciso conhecer cada um para entender como lidar com cada indivíduo.  Há nuances em cada pessoa. Diversidade não tem que ser aceita, mas entendida, é uma grande oportunidade. Conversa é essencial”, ela aconselha. “Podemos discordar sem ser desagradáveis. É possível ambos os lados podem estar certos, não é um mundo de “ou” mas sim de “e””diz.

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