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Amazônia: vá além do óbvio com dicas de quem conhece bem a região

Cenário do romance 'Dois Irmãos', que virou minissérie da Globo, a Amazônia encanta pela variedade de paisagens e pela história, mas ainda é pouco explorada

Por Isabella D'Ercole Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 28 fev 2017, 08h40 - Publicado em 28 fev 2017, 08h40
BRAZIL - MAY 05: Aerial view of an Amazon River tributary, Amazon rainforest (Amazonia), Brazil. (Photo by DeAgostini/Getty Images) (Getty Images/)
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PRATO CHEIO

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(Divulgação)

O chef catarinense Felipe Schaedler mudou-se com a família para Manaus quando tinha 15 anos, em 2002. Encantado com os sabores e costumes locais, em 2009 abriu o Banzeiro, restaurante mais premiado da região, especializado em comida típica.

Para os mais aventureiros na mesa, ele sugere uma experiência gastronômica logo no começo da viagem. “Chegando a Manaus pelo aeroporto, é parada obrigatória a barraca da dona Rosa, na avenida que leva à cidade. Ali, é possível provar frutos raros, com produção pequena. Já experimentei cacau do Peru, que é adocicado e pouco ácido; bananas bem miúdas, que só vi por aqui; e marimari, cujo sabor lembra o do biscoito champanhe.”

Outro destino que o chef indica é Parintins, a 369 quilômetros da capital. “A cidade fica muito perto da fronteira com o Pará, o que provoca uma mistura de sabores dos dois estados”, diz. Lá, Schaedler, 30 anos, recomenda saborear o pato no tucupi, mais suave do que o manauara, e também o açaí, servido não como sobremesa, mas salgado e como caldo junto com peixes.

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O ideal é visitar a região durante o Festival de Parintins, festa folclórica realizada no último fim de semana de junho que celebra a disputa entre os bois Caprichoso e Garantido. Nessa época, há também desfiles exaltando a cultura local.

 

CAMINHO CERTO

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(Fabrício Nunes)

“Sempre recomendo que o primeiro passeio do turista em Manaus seja o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia”, diz a cantora manauara Márcia Siqueira. O local reúne exposições sobre a fauna e a flora, mas também a respeito da história local. “Aprende-se sobre tradições, cultura e economia”, afirma.

Ela sugere caminhar a seguir pelo centro antigo da capital, que foi restaurado recentemente. As ruas de pedra levam às avenidas mais importantes da época do ciclo da borracha (início dos anos 1900). “Não deixe de visitar o Palácio da Justiça e o casarão que abriga o Museu Casa Eduardo Ribeiro, governador responsável pelas grandes obras da cidade”, prossegue ela.

O trajeto culmina no Largo São Sebastião, onde está o Teatro Amazonas, símbolo da riqueza adquirida com o látex. A construção completou 120 anos em 2016. “O prédio é aberto a visitações guiadas, mas vale também assistir a um espetáculo durante o Festival de Ópera, conhecido internacionalmente, que costuma acontecer em maio.”

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Para encerrar, Siqueira indica dois dos tradicionais bares dos arredores: o do Armando, português famoso na cidade, abriga ensaios da Banda da Bica, que desfila em um bloco de rua no Carnaval; e o Caldeira tem programação diária com samba e chorinho.

 

RITMO LOCAL

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(Acervo pessoal)

Aos sábados ou domingos pela manhã, é tradição para Sérgio Andrade, diretor de cinema, caminhar pela orla de Manaus até Ponta Negra e tomar café da manhã no Mercado Municipal. Ele recomenda o combinado típico, que inclui tapioca com queijo coalho e tucumã, fruta comum na região.

“Os manauaras também gostam do X-caboquinho, que troca a tapioca por pão francês, e é servido em lanchonetes nas estradas próximas à cidade”, afirma. Se possível, escolha um estabelecimento na BR-174 e já emende um roteiro de carro. Por ela se vai até Presidente Figueiredo, município a 130 quilômetros da capital com mais de 100 cachoeiras. O ideal é passar pelo menos um fim de semana ali para visitar várias delas.

“Imperdível também é a viagem até Maués, especialmente se feita de barco, para conhecer profundamente a Amazônia”, recomenda. O trajeto demora cerca de 20 horas, mas é uma oportunidade de ver de perto igarapés e igapós e de navegar pelos rios Negro e Amazonas. Em certos dias, avistam-se animais como botos e jacarés. “É uma experiência muito nativa. Você pode dormir em uma rede no convés ou alugar um camarote com beliche”, diz o cineasta, cuja família é de Maués.

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A cidade, conhecida como a terra do guaraná, oferece ainda passeios às plantações do fruto amazônico. De julho a setembro, quando ocorre a vazante e o nível do rio baixa, surgem diversas praias de areia branca com água quente.

 

PARA MENORES

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(Acervo pessoal)

Mãe de Maria Clara, 4, a fotógrafa Karla Vieira garante que há passeios de sobra para fazer com as crianças. De carro, a meia hora de Manaus, fica Iranduba, município com duas praias de rio famosas entre os amazonenses: a do Japonês e Açutuba. Em ambas, paga-se uma taxa de entrada (entre 10 e 15 reais) por veículo.

A infraestrutura é completa: há restaurantes, banheiros e equipamentos para prática esportiva disponíveis para aluguel. “Na hora do almoço, uma boa pedida é o tambaqui, peixe comum na região, com baião de dois, farofa e vinagrete. O prato alimenta facilmente quatro pessoas”, afirma a manauara. A diversão é certa também na visita à comunidade do Tupé, à qual se chega após 30 minutos de lancha, saindo da Marina do Davi, em Manaus. “Lá fica a tribo indígena dessana e, por um valor em torno de 50 reais, é possível participar de um ritual com os índios”, explica.

Quem quiser prolongar a estadia pode dormir por uma noite na oca dos visitantes – só precisa levar uma rede. Por fim, a pouco mais de uma hora da capital, a Eco Forest Adventure oferece pacotes para praticar canoagem, rapel ou arco e flecha em meio à mata com supervisão de bombeiros e engenheiros ambientais.

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