A história do casal de mulheres que amamenta junto os dois filhos
Melanie Graille, 30, e Marcela Tiboni, 37, se casaram em 2017 e realizaram o sonho de serem mães através da fertilização in vitro
Duas mães e dois filhos. Nenhum deles é adotivo e ambas os amamentam. Essa é a história da produtora Melanie Graille, de 30 anos, e da escritora Marcela Tiboni, 37, que se casaram em 2017 e decidiram que queriam ser mães. Através da fertilização in vitro e indução a amamentação, hoje elas criam um casal de gêmeos – a Iolanda e o Bernardo – e vivem intensamente a maternidade homoafetiva.
Marcela sempre quis ser mãe, desde quando era criança, mas seu sonho mudou quando conheceu Melanie. “Ela queria muito engravidar e nós conversamos muito sobre isso. O desejo dela era tão grande que eu abri mão da gravidez e deixei ela gerar o filho”, contou Marcela durante conversa com CLAUDIA.
Apesar de ter pensado em adoção, o casal decidiu que queria viver a maternidade por meio da gestação e concretizou o desejo com a fertilização in vitro – quando a fertilização do óvulo é feita em laboratório e, se a evolução for favorável, os pré-embriões são transferidos para o útero da mãe. No caso de Melanie e Marcela, o doador do sêmen foi anônimo.
“Quando fizemos o processo de fertilização in vitro, apenas dois embriões poderiam ser fertilizados e o processo era difícil [de dar resultado positivo]. Tinha uma pequena chance de um só bebê dar certo. Mas aí eu engravidei, eu fiz os exames e deu positivo”, relata Melanie.
Não apenas a fertilização deu certo, como o resultado chegou em dose dupla. Após passar por um grande susto ao sofrer um intenso sangramento, Melanie fez exame de ultrassom e descobriu que teria gêmeos. “Nós fomos para a consulta achando que não íamos mais ter um filho e saímos de lá sabendo que íamos ter dois”, relembra Melanie emocionada.
Duas mães que amamentam
Quando Melanie estava chegando aos sete meses de gestação, Marcela começou um tratamento para induzir a produção de leite em seu corpo. Assim, ela poderia participar efetivamente da amamentação dos gêmeos.
Ela conta que, sob orientação médica, passou a tomar anticoncepcional para parar de menstruar e, posteriormente, parou com o uso para tomar uma medicação que produz prolactina – hormônio que estimula a produção de leite pelas glândulas mamárias. “Eu não sabia que isso era possível, nem se iria funcionar”, relata Marcela. Seis meses após o nascimento de Iolanda e Bernardo, que atualmente têm oito meses, ela parou com o medicamento e passou a usar bomba para ordenha. “Agora eu nem preciso mais tomar o remédio porque a própria boca deles no bico do peito estimula a produção de leite”, completa.
Ao terem que amamentar em público, elas contam que as reações são as mais diversas, mas que não sentem vergonha. Para elas, é algo natural. “É muito engraçado, porque são gêmeos, então quando andamos na rua, todo mundo olha e fala ‘Nossa, que lindos, são gêmeos? Mas quem é a mãe?’ e quando falamos que são as duas, eles olham como se não entendessem”, revela Mel.
O casal afirma que nunca sofreu preconceito e que, quando acontece algum estranhamento, elas fazem questão de explicar as suas histórias e todo o processo pelo qual passaram. “Nós entendemos que é uma nova configuração social e, por isso, contamos a nossa história, para que as pessoas entendam e quebrem esse tabu existente”, explica.
Mama: um relato de maternidade homoafetiva
A história das duas mães inspirou Marcela a escrever um livro sobre o assunto: “Mama: um relato de maternidade homoafetiva”.
“Quando nós decidimos engravidar, não tínhamos informações e eu fui em uma livraria pedir um livro sobre esse tema e o vendedor me falou que não existia. Eu pensei que não existisse naquela loja apenas, mas descobri que realmente não ainda tinham escrito um livro sobre maternidade homoafetiva”, conta a escritora.
Essa situação motivou a mãe a dedicar horas para escrever o que ela e Melanie estavam passando durante a gestação. “Eu coloquei questões e dúvidas que eu tinha sobre maternidade, que eu só fui ter a resposta dois meses depois que os gêmeos nasceram”, revela.
Hoje, elas recebem diversos agradecimentos de mães por terem mostrado a realidade de duas mulheres que querem constituir uma família.
“Mama: um relato de maternidade homoafetiva”
Editora: Dita Livros
Pré-lançamento: 13 de junho, no Congresso Mame Bem, em Belo Horizonte.
Lançamento: 22 de junho, na Casa Plana, em São Paulo.
Preço: R$ 49,90
Disponível a partir do dia 17 de junho no site da Dita Livros.
Leia também: “A maternidade revolucionou minha militância”, conta Manuela d’Ávila
+ A tocante história da mulher que escolheu ficar cega pela filha
Vote e escolha as vencedoras do Prêmio CLAUDIA