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O sexo do futuro: o sextech já está entre nós

Robôs, impressão 3D, vibradores e realidade virtual devem mudar muito a forma como nos relacionamos

Por Lorraine Moreira
26 Maio 2023, 11h09

Em 2045, pelo menos 10% dos jovens fará sexo com robôs, segundo o relatório Future of Sex. A velha história flertar-beijar-para-só-então-transar vai sofrer alterações, tudo porque a conexão entre sexo e tecnologia, conhecida como sextech, permitirá experimentar novos universos íntimos através da inteligência artificial e da robótica. Máquinas humanóides, réplicas de genitais de outros seres humanos impressas em 3D e masturbação do seu par à distância são só a ponta do iceberg.

Esse cenário pode até parecer Black Mirror demais para nós, mortais, mas a tecnologia já mostrou para o que veio, inclusive nesse ramo. “Mulheres e homens utilizam sex toys sozinhos e com seus parceiros. Os produtos tecnológicos servem tanto para criar novos repertórios entre casais quanto para descobrir sua própria sexualidade, especialmente no caso do sexo feminino”, diz Laura Magri, fundadora da sex shop Nuasis. Ao que tudo indica, isso só tende a crescer: o sextech será três vezes maior daqui a 20 anos, ainda de acordo com o documento. As décadas passadas desafiaram tabus da sociedade, mas, hoje, testemunhamos uma nova transformação — entre quatro paredes — graças a esses avanços.

O mais tecnológico que podemos encontrar por aí são os robôs pensados exclusivamente para práticas sexuais, e eles estão disponíveis no mercado. Capaz de falar, memorizar fetiches e até realizar sexo a três, Harmony, a primeira máquina erótica, pode ser adquirida pelo preço de R$ 73 mil. E ela não é a única. Outras empresas também foram criadas para oferecer esse tipo de produto, a custos que variam de acordo com o poder aquisitivo dos clientes.

Normalmente, eles são feitos de silicone, mas a ciência tem explorado componentes que dão a percepção de encostar em uma mulher real e usado sensores térmicos capazes de reagir ao toque. Se tudo isso parece um pouco surreal demais (não deixa de ser), segundo o estudo, no futuro, humanos que fazem sexo quase exclusivamente com máquinas vão ser mais comuns. E, veja, eles já têm nome: são os digisexuais.

Ok, vamos respirar profundo, 1, 2, 3… Falar de avanços tecnológicos no mercado erótico não significa sempre resultar em coisas eticamente questionáveis. Podemos, por exemplo, celebrar a quantidade de vibradores, acessórios, aplicativos e até mesmo almofadas vibratórias de alta qualidade que já podem ser comprados no Brasil. Graças a eles, milhares de mulheres encontram uma forma alternativa e independente de se satisfazer, segundo Camila Gentile, sexóloga e proprietária da Exclusiva. Os benefícios não param por aí: “Pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida conseguem ter uma experiência sexual mais satisfatória, pois, agora, existem itens direcionados para elas”.

Sexo do futuro
Existem robôs voltados exclusivamente à prática erótica disponíveis no mercado. (Reprodução/Reprodução)

Além disso, eles também unem pessoas. “As atualizações tecnológicas, especialmente as que contam com conectividade e interatividade, têm aproximado uns dos outros. Parceiros que moram longe, por exemplo, conseguem se satisfazer mesmo sem estar perto”, completa Camila. Os mais inovadores contam com vibração personalizada, possibilidade de conexão com músicas e controle via bluetooth.

Dizer adeus às barreiras físicas não é novidade, socialmente falando. Cartas, fotos e telefonemas de cunho sexual sempre existiram, mas para os casais que vivem, hoje, contextos de relacionamento à distância (mesmo que por um curto período de tempo) a brincadeira ganhou novo fôlego. “Vibradores interativos e masturbadores inteligentes ajudam na satisfação mútua”, pontua Camila. “Também já existem aparelhos capazes de aproximar nossos lábios, através de sensores de força, e as almofadas aptas a reproduzir as vibrações do seu parceiro”, lembra Laura.

O sexting, prática de enviar mensagens com conteúdo erótico, também vai avançar. A realidade virtual permitirá que as pessoas mantenham relações sexuais dentro de softwares, segundo o relatório. Participar de jogos sexuais online, recriar cenários eróticos interativos e aventuras sexuais também vão ser possíveis.

Traçando limites para o sextech

Sexo e tecnologia
Prática sexual com tecnologia vai aumentar no futuro. (Reprodução/Reprodução)

“O sexo reduz o estresse, aumenta a sensação de bem-estar, ao liberar endorfina, o que também melhora o sistema imunológico, e ainda mantém os níveis de estrogênio e progesterona equilibrados, diminuindo a chance de doença cardíaca”, diz Laura Morán, sexóloga e psicóloga. Também atua na prevenção de ansiedade e depressão, além de aproximar as pessoas, acrescenta. Com tanta importância, é normal que fiquemos preocupados com as transformações que devem surgir nos próximos anos, não só sobre a possível perda de alguns benefícios, mas também no aspecto moral e ético do assunto.

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Sobre a primeira parte, a ciência ainda estuda os riscos, e não tem todas as respostas para as dúvidas. Mas, em relação a segunda, para conter perigos, como o possível aumento do vício em sexo ou a diminuição da conexão emocional entre as pessoas, em 2015 foi lançado a CARS – Campaign Against Sex Robots (Campanha Contra Robôs Sexuais, em tradução livre), lembrada pela sexóloga. Além de falar sobre os riscos de normalizar as relações com máquinas, a campanha citou a desumanização feminina e a possibilidade de conexões desiguais de gênero, que reduzem o corpo da mulher aos seus órgãos íntimos. Graças a ela, um movimento mundial para uma abordagem mais igualitária na robótica, computação, IA e tecnologias futuras está sendo pensado. O grande desafio a ser enfrentado, inclusive segundo a CARS, é a legislação sobre esse tema.

Em grandes sites de compras e marketplace, por exemplo, bonecos infantis são encontrados nas mesmas lojas de produtos para a prática de BDSM. Sem contar as imagens de mulheres publicadas no Only Fans, site dedicado a conteúdo adulto, desenvolvidas por inteligência artificial. Baseadas na ideia de “perfeição”, são corpos brancos, magros, com peitos e bundas grandes, e traços faciais europeus. “Embora as fotos pareçam inofensivas, elas reforçam um padrão e podem causar problemas de autoestima nas mulheres reais, caso elas tentem se encaixar nisso”, comenta a psicóloga e sexóloga Naiara Mariotto. “Buscar a perfeição, muitas vezes, pode ser avassalador e desmotivante, porque não conseguimos alcançar um lugar de ausência de defeitos.” Somos seres humanos, vale lembrar.

Ao imaginar um futuro para a sexualidade que vislumbre mais liberdade e alegria, ao invés de aprisionamento e fuga dos relacionamentos, Laura Magri deseja mais conexão. “O mundo online é um ambiente muito controlado, e as pessoas precisam de emoção, inclusive no sexo. A gente tem que corrigir a rota, às vezes desligar um pouco da tecnologia, às vezes usá-la, sem achar que os seres humanos não são mais necessários.”

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