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Mulheres Tentantes sofrem com pressão e ansiedade para engravidar

Comentários desagradáveis e a ansiedade pela concepção afetam esse grupo

Por Lorraine Moreira
Atualizado em 7 Maio 2024, 14h03 - Publicado em 7 Maio 2024, 10h00
Gravidez tentativas
As mulheres tentantes podem ter sua saúde mental impactada pela pressão e ansiedade para engravidar (Daniel Reche/Pexels)
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Entre as mulheres que tentam engravidar, o grande medo é a não concepção. As “mulheres tentantes” – pessoas que buscam conceber uma criança – podem sofrer com a incerteza da gravidez e com comentários desnecessários (para não dizer agressivos) por anos. A expectativa que não se concretiza junto da pressão externa são capazes de causar estresse, ansiedade e levar até a problemas graves de saúde mental.

Não à toa, mulheres com dificuldades para engravidar apresentam cerca de 25% a mais de sintomas depressivos em comparação à mulheres sem essas dificuldades, segundo dados divulgados em 2023 pela Organização Mundial da Saúde. 

Esse fenômeno é reflexo do sentimentos de culpa e estresse alimentados pelos pitacos externos – “Quando vem o bebê?”, “se não puder ter filho, é só adotar um”, “vai ser no tempo de Deus”, “talvez você tenha algum problema”, são exemplos de comentários que elas escutam rotineiramente.

O que pode impactar a concepção de uma gravidez?

Quando o assunto é fertilidade feminina, fatores como a idade e doenças ou alterações, como endometriose, mioma e síndrome de ovário policísticos, têm influência. 

Quem sabe bem disso é Valeria Vanzelli Globo, regional controller. “Tinha 37 anos quando comecei a tentar engravidar. Além da idade, tem a questão de que precisei fazer cirurgias para engravidar. Primeiro, operei da endometriose e, depois, tirei um cisto. Tudo isso demorou muito tempo entre o diagnóstico e a efetivação da operação.” 

Depois dos 35 anos, as chances de engravidar começam a cair, porque a qualidade e a quantidade dos óvulos é reduzida. No entanto, boa parte dos casais espera a estabilidade financeira para tentar a concepção, o que geralmente vem depois dos 30 anos. 

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Outro ponto é a endometriose, doença inflamatória que afeta 176 milhões de mulheres em todo o mundo, sendo mais de sete milhões somente no Brasil. “Ela se relaciona com a fertilidade, porque essas células se espalham pelo aparelho reprodutivo, dificultando desde a fertilização do óvulo até a implantação do embrião”, explica Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita. 

A endometriose ocorre quando as células do endométrio, o tecido que reveste a parede interna do útero, em vez de serem eliminadas durante a menstruação, caem no interior do abdômen dos órgãos e tecidos internos.

O número de mulheres com endometriose atualmente pode ser maior do que o relatado, pois, até hoje, os sintomas da doença são negligenciados, levando a um cenário de subdiagnóstico.

A fertilidade não é só da mulher, é bom lembrar. “Mesmo que um fator capaz de causar infertilidade seja identificado, muitas vezes há associação de alterações masculinas também”, pontua Fernanda Santos Belém, médica ginecologista e obstetra da Clínica Sartor. A consulta com o urologista deve ser procurada.

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O acompanhamento multiprofissional, contando inclusive com psicólogos, é fundamental. Cada mulher, família e contexto social reage de maneira diferente à situação, precisando do apoio de especialistas diversos para lidar com os diferentes sentimentos.

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A reprodução assistida ainda é uma opção cara para a maioria das mulheres (lucas mendes/Pexels)

Reprodução assistida: quando se torna uma opção?

Quando as tentativas de concepção natural não geram a gravidez, a reprodução assistida é uma possibilidade. Valeria e seu marido, por exemplo, tentaram a concepção de forma natural por muito tempo, mas sem sucesso.

“Resolvi fazer fertilização in vitro, pois percebi que era a última alternativa. Comecei com meus óvulos. Fiz dois ciclos para retirada deles e destas tentativas sobraram somente 3 óvulos bons”, lembra ela. 

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Na primeira tentativa, transferiu dois óvulos, resultando em um embrião que posteriormente não desenvolveu o batimento cardíaco. “O outro embrião também não deu certo. Já tinha feito dois ciclos com meus óvulos e descobri logo depois que entraria em menopausa.” Ela realizou, então, a ovorecepção, com óvulos de doadoras. “Engravidei na primeira tentativa”. Seu filho, Kauê, tem 6 meses.

“A escolha do tratamento depende de diversos fatores. Pode ser preciso causar alterações no estilo de vida, como adequação de atividade física e dieta, até tratamentos como a inseminação intrauterina e a fertilização intrauterina”, pontua a médica.

“O nascimento dele representou um presente, depois de muitos anos tentando, cirurgias, muito dinheiro investido”, destaca Valeria, que ainda tem três óvulos congelados caso decida gestar novamente. Os recursos financeiros, vale destacar, são um ponto importante na conversa: chegam a ultrapassar os R$70 mil. As constantes tentativas também são parte de um processo desgastante para parte das mulheres.

Quando é hora de buscar ajuda?

Quando a mulher possui até 35 anos de idade, pode esperar até um ano tentando engravidar naturalmente. Caso tenha mais que isso, pode procurar um médico depois de seis meses de tentativas. Antes, porém, é importante estar atenta ao próprio corpo. 

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“Em caso de ciclos irregulares, menstruação excessiva e cólicas muito fortes, é importante procurar um ginecologista o quanto antes. Além disso, no início das tentativas é fundamental ter um ginecologista para a consulta pré-concepcional”, destaca a especialista.

Como se preparar para uma gravidez saudável antes de conceber?

Manter hábitos saudáveis na dieta, atividade física, cessar tabagismo e iniciar tratamentos de doenças caso haja são necessários. Além de passar em consultas e contar com uma equipe de saúde.

“Hábitos de vida saudável aumentam muito as chances de uma gestação saudável, mas nunca são garantias”, reforça Fernanda.

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