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As mulheres que estão transformando o universo dos podcasts

Conversamos com Camila Fremder, do "É Nóia Minha?", e Natália Sousa, do "Para dar nome às coisas", sobre seus podcasts

Por Lorraine Moreira
5 Maio 2024, 10h57

A voz é delas. Desde que o consumo de podcasts cresceu no Brasil, cada vez mais mulheres produzem e consomem programas sobre saúde mental no Spotify. Conversamos com Camila Fremder, do É Nóia Minha?, e Natália Souza, do Para dar nome às coisas, sobre a trajetória delas, além de Camila Justo, porta-voz do streaming de música, sobre a participação feminina nesse meio.

Natália Sousa, do Para dar nome às coisas

Para dar nome as coisas
Natália Sousa apresenta “Para dar nome às coisas” (@natyops/Instagram)

Todo mundo tem um sonho, e o de Natália Sousa era contar histórias. “Aos 7 anos, escrevia livros e os levava até a cozinha para mostrar para a minha mãe. Ela parava tudo o que estava fazendo para escutar. Hoje, enquanto mulher adulta, sei o significado disso”, conta.

Se a mãe foi a primeira plateia de Natália, o pai foi quem a deixou espiar como seria seu futuro. “Ele é um exímio comunicador. Não teve a oportunidade de estudar formalmente, mas é daquelas pessoas que começam a contar uma história e todo mundo para para ouvir. Queria ser assim.” 

Não restou outra opção: entrou na faculdade de jornalismo e começou a trabalhar com comunicação. Foi sua sensibilidade, porém, a responsável por transformar seu futuro. “Meus pais sempre se emocionaram com tudo e me deram a permissão para sentir. Entendi que as coisas que nos marcam são aquelas que nos emocionam.” Essa bagagem a levou a repensar a maneira como mostramos nossas fragilidades nas redes sociais.

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À época, um amigo de infância a convidou para criar um podcast. “Topei com a condição de não fazer naquele lugar de estar em cima do palco com a plateia assistindo. Queria que soasse como uma mesa de bar, em que as pessoas falam sobre o que atravessa as vidas delas”, relembra.

Não demorou muito para que o Para dar nome às coisas fosse reconhecido e as transformações aparecessem ‒ não só na vida dos ouvintes, mas na de Natália também. Exemplo disso foi a gravação de um episódio sobre coragem.

“Sempre fui corajosa nos primeiros impulsos. Se alguém me chamasse para algo, provavelmente eu diria sim, mas a chance de recuar era muito grande”, contextualiza. “Uma amiga minha sempre me convidava para ir ao forró e um dia eu falei ‘vamos no forró’. Ela disse que eu sempre falava que ia e, no final, acabava cancelando. Pensei e entendi que tinha a ver com o medo. O medo de não ser boa, de não ser perfeita”, reflete.

“Escrevi o roteiro muito tocada pelo que minha amiga falou e pensei em quantas experiências tinha perdido por não me permitir falhar nas primeiras vezes. Naquele podcast, fiz um acordo comigo mesma de não buscar a perfeição. O meu negócio seria, a partir daquele dia, me tornar uma pessoa corajosa”, conta ela, que resolveu a questão na produção do material.

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Ela não imaginava a proporção que teria, mas hoje agradece a todos que escutam esse trabalho. “Quando as pessoas me dizem que algum podcast tocou elas, sempre respondo que isso só aconteceu porque houve um encontro. É porque era elas e porque era eu”, diz emocionada. Neste ano, ela vai publicar um livro. Ainda fez indicações de outros podcasts: “Conselhos que você pediu, Não Inviabilize e AFETOS por Gabi Oliveira“.

Camila Fremder, do É Nóia Minha?

É nóia minha
Camila Fremder apresenta “É nóia minha?” (@cafremder/Instagram)

Camila Fremder nunca foi a criança fixada por uma única profissão ‒ estava muito ocupada sonhando em ser tudo: astronauta, arqueóloga, baterista. “Quando fiquei um pouco mais velha, entendi o que significava o trabalho e que precisava ganhar dinheiro. Sou prática, então escolhi a publicidade, porque meu pai trabalhava na área. A escrita chegou por eu ir bem em redação e gostar muito de contar histórias.”

Ela fez pós-graduação em roteiro, publicou livros, escreveu para um blog e, quando seu editor da Companhia das Letras sugeriu um podcast, topou. Surgia assim o É Nóia Minha?.

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“Ele tem uma função de humanizar as nóias das pessoas. Tudo aquilo que pensamos secretamente e nos julgamos por ter pensando é tema do podcast. Também tem um quadro mais sério, possui um lado informativo”.

Na primeira gravação, Camila se apaixonou pelo formato. “Saí da gravação querendo muito que desse certo”. E deu: o sucesso chegou, mas não só. “Ele me ajudou a entender, resolver e me conformar com as coisas”, conta.

Ser vulnerável e aproveitar o que aprendeu na escrita fizeram muita diferença. A publicidade também foi fundamental. “Me ajudou a elaborar a área comercial do podcast.”

Camila reconhece a importância de abrir espaço para assuntos que informam mais do que entretém. “Os criadores de conteúdo e as marcas subestimam o interesse das pessoas por assuntos sérios. Existe um mercado muito grande para debater temas que pensaram que não fossem dar tanto retorno”, opina.

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A comunicadora ainda traz conselhos aos interessados em produzir um podcast. “Procure um nicho em que você é bom, porque podemos gostar de consumir algo, mas não necessariamente fazer algo legal com aquilo. Também estruture seu programa, pense na frequência e no que você vai oferecer, por exemplo. O mercado é muito competitivo e seu primeiro episódio já vai comunicar o que acontecerá no seu programa. Mudar depois fica mais difícil.”

Ela acredita que existe um lado bastante positivo na “podosfera”. “Há uma irmandade entre a gente. Entendemos que crescemos juntos, algo que não senti em outras áreas da comunicação em que trabalhei”, aponta. Bela Reis e Déia Freitas são algumas das que oferecem isso a ela.

A participação feminina nos podcasts

Em 2009, apenas 11% dos produtores e ouvintes de podcasts eram do gênero feminino, segundo a Associação Brasileira de Podcasters. Dez anos depois, o número aumentou para 27%. A diferença é grande, não há como negar, mas existe uma evolução em razão do esforço desse grupo para transformar essa realidade.

“Com a informação sobre os problemas que atingem as mulheres chegando até elas, mais pessoas procuram conteúdos sobre suas questões. Esse fenômeno aumenta o número de ouvintes e estimula a criação de novos programas”, diz Camila Justo, porta-voz do Spotify.

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Não à toa, o gênero “Ombro Amigo”, que traz reflexões sobre autoconhecimento e saúde mental, é um dos mais consumidor por elas, segundo Camila.

Existe muita responsabilidade por parte das mulheres que dominam o gênero, assim como a plataforma supervisiona os conteúdos que chegam por lá. “Precisamos cuidar da audiência com responsabilidade”, pontua a porta-voz. O resultado? Trabalhos importantíssimos, como o de Natália e Camila.

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