Ela criou um teste que identifica metanol na hora – e virou destaque nacional
Finalista do Prêmio CLAUDIA 2025, na categoria Saúde e Inovação, desenvolveu um teste rápido e barato para identificar metanol em bebidas adulteradas
A trajetória de Larissa Modesto é um retrato da paixão pela ciência e pelo impacto que a pesquisa pode gerar na sociedade.
Graduada em Química pela USP, sua jornada no universo acadêmico se desdobrou em um caminho orgânico e não planejado, que a levou da indústria de sucos ao desenvolvimento de produtos em uma farmacêutica, com importante passagem pelo mestrado na Unesp. “Eu diria que os caminhos foram se abrindo”, conta Larissa sobre sua carreira.
Após uma experiência na indústria de controle de qualidade, ela sentiu falta da pesquisa e retornou à universidade, onde realizou o mestrado e, mais tarde, trabalhou brevemente na Embrapa.
Atualmente, ela atua na indústria, na área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) focada em métodos analíticos para insumos farmacêuticos.
O teste que mudou tudo
O projeto que a tornou notória foi um teste rápido para identificação de metanol em combustíveis e bebidas, que lhe rendeu a indicação para o Prêmio CLAUDIA 2025 na categoria Saúde e Inovação.
Sob demanda da Agência Nacional do Petróleo (ANP), seu orientador no mestrado, Danilo Flumignan, lançou o desafio.
Larissa, familiarizada com kits rápidos de detecção de substâncias e compostos químicos, abraçou a ideia imediatamente.
O método funciona por meio de uma sequência de três reações químicas na mesma amostra. A terceira reação é seletiva para colorir o produto da oxidação do metanol.
O teste agiliza o combate à falsificação de combustíveis e de bebidas alcoólicas, permitindo a tomada de decisão no local, como a interdição de um posto ou de um bar, sem a necessidade imediata de análise laboratorial.
Desde o início, a proposta era criar um teste de baixo custo, mais barato que a cromatografia gasosa, método padrão no setor.
Mulheres na ciência
Larissa tem orgulho de sua trajetória e do apoio de sua família, mas reconhece os desafios de ser mulher em sua área.
“Eu acho que a mulher tem que se provar mais. O homem já conquistou um espaço de autoridade e de liderança e que a mulher ainda tem que lutar para alcançar”.
Ela defende a argumentação como principal ferramenta para esse fim e celebra a presença crescente de mulheres no meio científico.
“É muito bom ter mais mulheres fazendo ciência, capazes de administrar várias demandas ao mesmo tempo, de ter pensamento crítico e de questionar, tanto formulando hipóteses como reivindicando direitos”, afirma.
Impacto e futuro do projeto
Em 2025, seu trabalho ganhou visibilidade devido ao aumento de casos de bebidas adulteradas com metanol, um cenário que ela lamenta.
“Eu fico triste pelo número de mortes que ocorreram até que uma ação fosse tomada para evitar essas adulterações”, diz a química.
Ainda que sejam eficazes e baratos, os testes rápidos desenvolvidos por Larissa precisam de um parceiro comercial que garanta produção e comercialização em larga escala.
A Agência de Inovação da Unesp está em contato com empresas, mas nenhuma proposta sólida surgiu até o momento.
Quem sabe em 2026…
O Prêmio CLAUDIA 2025
O Prêmio CLAUDIA chega a sua 25ª edição, celebrando mulheres que transformam o Brasil em diferentes áreas. A edição 2025 será realizada em 9 de dezembro, às 20h, no Roxy Dinner Show, Rio de Janeiro, e destaca finalistas que se tornaram referência em cultura, educação, negócios, direitos da mulher, saúde, inovação, sustentabilidade, trabalho social, influência digital e impacto do ano.
O júri desta edição reúne nomes influentes e plurais, como Zezé Motta, Maria da Penha, Luiza Helena Trajano, Ana Fontes e a jornalista Aline Midlej, além das representantes da Editora Abril: Karin Hueck (editora-chefe de CLAUDIA), Helena Galante (diretora de núcleo da Abril) e Andrea Abelleira (VP de Publishing da Editora Abril).
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