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Extinção das abelhas pode definir o futuro da alimentação

Neste Dia Mundial das Abelhas, especialistas falam da importância desses insetos, responsáveis por cerca de 70% da polinização das plantas no planeta

Por Marina Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
20 Maio 2023, 08h01

Você certamente já ouviu falar que as abelhas desempenham um papel crucial no equilíbrio do ecossistema. Mas sabe o motivo disso acontecer e desses insetos serem tão importantes?

Isso acontece porque, além da produção de mel, elas são essenciais para a proteção das florestas e para a agricultura, sendo responsáveis por cerca de 70% da polinização das plantas no planeta.

Entretanto, apesar de sua importância, as abelhas muitas vezes são estereotipadas como perigosas devido aos ferrões. O curioso é que, no Brasil, existem cerca de 300 espécies de abelhas sem ferrão.

Abelhas da Mbee
A abelha Apis é apenas uma das muitas espécies de abelhas que trabalham no meio ambiente (Foto: Mbee/Divulgação)

O mais preocupante é que, segundo uma análise feita pela Universidade de São Paulo (USP), divulgada em 2017, a população de abelhas e outros polinizadores pode diminuir em 13% até 2050 – o que afeta diretamente a reprodução de plantas e, em consequência, a produção de alimentos.

Academia do Mel

Foi para desmitificar as abelhas que a Mbee, marca pioneira na comercialização de mel e na preservação de abelhas nativas, criou a Academia do Mel. A iniciativa promove a conscientização sobre a importância das abelhas, a brasilidade, o meio ambiente, produtos artesanais e a sustentabilidade.

Em comemoração ao Dia Mundial das Abelhas, neste 20 de maio, Eugênio Basile, sócio-fundador da Mbee ao lado de Márcia Basile, conversou com CLAUDIA para tirar algumas dúvidas sobre o assunto. Confira:

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– Qual o objetivo de vocês com a criação da Academia do Mel?

A Academia do Mel da Mbee é um espaço múltiplo. Quando criamos, pensamos em ter um espaço onde pudéssemos discutir todos esses assuntos e enaltecer a importância das abelhas e sua relação com a gastronomia e com o meio ambiente, a importância do pequeno produtor e da relação de tudo isso com a sustentabilidade. Nós acreditamos que a educação e a distribuição do conhecimento são a forma de preservarmos as abelhas e aumentarmos o consumo de mel, fechando um ciclo virtuoso, com aumento de consumo resultando em aumento de abelhas. A Márcia Basile (sócia da Mbee) tem uma frase muito bacana que diz que “reter conhecimento é tóxico, conhecimento a gente tem que dividir com as pessoas”.

– Cada vez mais se fala da importância das abelhas para o ecossistema, mas poderiam explicar como isso se dá na prática?

Quando falamos em abelha, a gente só pensa na abelha Apis e ela é apenas uma das muitas espécies de abelhas que trabalham no meio ambiente. De forma bem resumida, precisamos dividi-las em dois mundos distintos: as abelhas Apis ajudando muito na nossa agricultura e as abelhas nativas ajudando a manter as nossas florestas vivas e em pé. As abelhas Apis não dão conta das nossas florestas, assim como as abelhas nativas não dão conta da nossa agricultura. Então, são dois mundos distintos que se completam.

Mel da Mbee
A alimentação da abelha está estritamente ligada ao terroir e não somente à florada (Foto: Mbee/Divulgação)

 

“Quando o assunto é mel brasileiro não existe o singular, nosso mel é plural.”

Eugênio Basile, da Mbee

– As abelhas com ferrão são as mais comuns?

Culturalmente, a gente aprendeu a só reconhecer as abelhas com ferrão e desaprendeu sobre as abelhas sem ferrão que estavam e estão sempre aqui. As sem ferrão são tão comuns quanto as abelhas com ferrão. Por exemplo, na cidade de São Paulo, é mais fácil a gente encontrar abelha Jataí do que abelha Apis. Numa região de vegetação nativa, a gente vai ter mais abelha nativa do que abelha com ferrão. Então, é muito mais um problema cultural do que de ocorrência.

– É fácil de identificar uma abelha sem ferrão?

Algumas abelhas nativas são muito fáceis de serem reconhecidas, principalmente as maiores. Entre as pequenas, a Jataí, por exemplo, é uma abelha que é fácil de ser reconhecida, mas muitas delas são confundidas com moscas ou com a própria mosca varejeira, no caso da abelha euglossa, a abelha da orquídea. O que falta é realmente um pouco de educação para as pessoas poderem identificar melhor essas abelhinhas.

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– Quais elementos interferem no sabor do mel? Envolve apenas a alimentação da abelha ou tem outros fatores?

Claro que a alimentação da abelha influencia no sabor do mel, mas ela está estritamente ligada ao terroir e não somente à florada. De novo, aqui temos um problema cultural, pois nós importamos a cultura da Europa, que só identifica o sabor do mel pela florada, quando a gente tem muitos outros elementos. O mel nativo tem um outro fator que influencia muito no sabor, que é o desenvolvimento do sabor nos potes de mel, diferente do mel de Apis. Então, além do que a abelha comeu, as leveduras, os microrganismos no pote de cera do mel das abelhas nativas vão ter uma importância muito grande no sabor final do mel.

Por isso, essa riqueza tão grande. O Brasil é o país mais diverso do mundo e tem a maior variedade e os melhores meles do mundo. E nós brasileiros, infelizmente, não sabemos e não reconhecemos isso. 

– O sabor do mel brasileiro tem algum elemento específico que o caracterize muito? Ou varia muito, dependendo de cada região?

Se o mel tem o sabor do local onde foi produzido, e se o Brasil é um país tão diverso e múltiplo, não faz sentido pensarmos no sabor do mel do Brasil. Por isso, a gente fala meles e cada lugar vai ter um sabor. Mas o que mais importa nisso tudo em relação a comparação a outros países é que os meles das abelhas nativas que fermentam. E quando pensamos em mel fermentado, estamos introduzindo outras coisas além da fermentação, principalmente acidez, menos dulçor e mais unidade, produzindo meles bastante distintos em relação ao padrão mundial que se tem.

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– Como as pessoas comuns podem auxiliar na preservação das abelhas?

Temos algumas maneiras diversas de pensarmos na preservação das abelhas, uma muito simples consumindo mel. Quando consumimos mel, estamos ajudando a preservar as abelhas, o meio ambiente e também estamos ajudando na produção de alimentos. Outra maneira de ajudar a preservação é conhecermos, entendermos e principalmente perdemos o medo. Como é que vamos cuidar de um ser pelo qual nos sentimos ameaçados e que nos dá medo? Então, conhecer é fundamental para que a gente as entenda, admire, e em seguida, preserve.

– Como identificar um mel de qualidade?

São muitos meles de qualidade no Brasil e a maioria das pessoas conhece somente aqueles que se encontram no supermercado. Isso vale não somente para o mel, mas para praticamente toda a cadeia de alimentos. Nossa dica é: conheça e escolha o seu produtor. Esta é a melhor forma de você ter um produto de qualidade, que carrega atrás de si o tripé da sustentabilidade; aquele que fomenta os âmbitos social, ambiental e econômico. É muito importante para nós que os pequenos produtores, aqueles que valorizam as abelhas, que as preservam, que cuidam do meio ambiente, sejam valorizados.

O favo produzido pelas abelhas da Mbee
O favo produzido pelas abelhas da Mbee (Foto: Mbee/Divulgação)

COMO PARTICIPAR DA ACADEMIA DO MEL?

Quinzenalmente, a Mbee abre a filial em São Paulo para apresentar ao público o mundo das abelhas, oferecendo um passeio pelo Brasil por meio de meles surpreendentes, com direito à análise sensorial guiada e outras informações sobre a temática.

“A Academia é como chamamos o espaço físico dedicado às abelhas, mas também um espaço com degustação dos desconhecidos meles de abelhas nativas brasileiras junto com queijos nacionais, hidromel de jataí e outros produtos artesanais que variam conforme a edição”, explicam os fundadores da marca.

Serviço:
Academia do Mel Mbee
Endereço: Av. Queiroz Filho, 1.700 – Casa 38 – Vila Hamburguesa – São Paulo/SP
Inscrições com Rose: (11) 93319-1254
Informações gerais: eugenio@mbee.com.br

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Os encontros acontecem quinzenalmente, na filial da marca localizada em São Paulo. Para participar, basta entrar em contato pelo WhatsApp no (11) 93319-1254 e se informar sobre as datas dos próximos eventos.

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