Tudo que você precisa saber sobre o procedimento de vaporização uterina
Já ouviu falar da entrada de vapores na vagina? Conheça a técnica milenar que vem roubando a atenção das redes sociais
É inegável que vivemos na sociedade do autocuidado, e estamos sempre em busca do mais novo procedimento que vai elevar nossa sensação de bem-estar, tanto mental quanto físico, e a aposta da vez das redes sociais é a vaporização uterina. Algumas das nossas celebridades favoritas já revelaram participar deste procedimento, como é o caso de Kourtney Kardashian, que fazia vaporização com água de rosas nas partes íntimas durante o processo de tentativa de gravidez com seu atual marido Travis Barker, baterista da blink 182. Mas afinal, o que é a vaporização uterina e como pode o vapor ter algum tipo de efeito no nosso equilíbrio e bem-estar?
Para quem não está alinhado com as novas técnicas de autocuidado íntimo, o procedimento consiste na utilização de vapor de água com infusão de ervas na vagina, aquecendo o útero e a região da pelve. “A técnica de vaporização uterina é uma técnica bastante antiga e tradicional, especialmente entre as culturas do Oriente”, aponta Fernando Prado, médico ginecologista, obstetra e membro da Sociedade Europeia de Reprodução Humana.
Já Debora Rosa (@ginecologistanatural), ginecologista natural, explica que o procedimento se trata de uma forma de ginecologia natural, que busca honrar os conhecimentos de ancestrais como cerveiras, curandeiras, benzedeiras, da população indígena, das matriarcas e das abuelas, associando os conhecimentos milenares aos avanços da ciência. Por isso, desvendamos tudo que você precisa saber a respeito da vaporização das partes íntimas, com apoio, claro, de ginecologistas. Confira:
Os benefícios por trás da vaporização uterina
Apesar de muitos estarem conhecendo a técnica através das redes sociais – ou em programas de reality – os primeiros registros da técnica remontam à Grécia Antiga, quando acreditava-se que uma das causas da infertilidade feminina e de alguns transtornos psicológicos era a falta de umidade no útero, de forma que a vaporização era realizada para umidificar a região.
Claro, hoje em dia, a técnica não é reconhecida por muitos como a primeira opção para tratar problemas de infertilidade ou questões relacionadas ao aparelho reprodutivo feminino, graças aos avanços da ciência. Mas, mesmo assim, muitas mulheres ainda acreditam veemente nos poderes curativos que a tática pode trazer.
“É um momento que traz tantos insights, além de oferecer as propriedades medicinais para o corpo físico, a vaporização uterina também faz uma certa vasodilatação – o que é interessante para a libído das mulheres – além de aumentar a lubrificação natural da vagina. Se você usa planta anti-inflamatória, por exemplo, você irá se aproveitar dos efeitos da planta nos ligamentos pélvicos. Além disso, tem uma questão fitoenergética, podendo até trazer sonhos, é incrível”, reflete a ginecologista natural. A profissional ainda destaca que o procedimento é amplamente indicado para pacientes que sofrem com os sintomas de endometriose, infertilidade, tratamento secundário de miomas e, inclusive, para a alteração do fluxo menstrual.
Contraindicações para o procedimento
Os profissionais explicam que, na verdade, existem poucas contraindicações para a realização da vaporização uterina quando realizada de forma segura, mas, existem algumas mulheres que ainda deveriam evitar a prática. O cenário principal destacado no qual é recomendado que seja evitada a vaporização é em momentos de proliferação da candidíase no organismo, pois o ambiente quente se mostra favorável para a reprodução da cândida, então não podemos oferecer ainda mais calor.
“Mulheres que estão no período menstrual não são aconselhadas a fazer vaporização uterina, pois o calor pode aumentar o fluxo sanguíneo e acaba até levando a mais cólicas. Da mesma forma, se ela tiver alguma infecção ativa, algum corrimento, ou mesmo alguma doença sexualmente transmissível, alguma inflamação na pelve, a vaporização pode até atrapalhar e agravar essas condições”, alerta Fernando.
O ginecologista ainda aponta que mulheres que têm alguma doença ginecológica mais grave, como infecções sérias, câncer de vulva ou câncer de colo de útero, sem dúvida, a vaporização uterina é contraindicada. Preocupada com a possibilidade de riscos? Prado explica que, apesar de incomum, a prática pode trazer alteração do ambiente vaginal, mudando o pH e matando bactérias e alguns fungos necessários para a manutenção do equilíbrio da microbiota vaginal.
Como fazer a vaporização uterina?
Debora, especialista e professora de pós-graduação de ginecologia natural, conta que não há diversos segredos por trás da técnica ancestral, sendo necessário apenas um recipiente ou bacia feita de um material resistente ao calor. “Vamos colocar água fervendo e adicionar um pouquinho de erva das plantas, mais ou menos duas colheres de sopa. Claro, se você está começando, você pode realizar a vaporização com algumas plantas que podem virar chá numa rotina do dia a dia, como a camomila, o alecrim ou a artemisa”, começa Rosa para explicar a realização do procedimento.
Depois de ferver as plantas com a água, devemos colocar dentro do pote selecionado para realizar a vaporização, para posteriormente colocar no chão e agachar de cócoras durante 20 minutos, aproximadamente, para receber o vapor liberado na vulva, atingindo indiretamente o útero da pessoa que está praticando a técnica. Mas então, não tem glamourização por trás da vaporização? O ginecologista conta que, desde o surgimento da técnica na cultura oriental, o processo é comumente praticado desde o conforto e privacidade do lar, mas isso não significa que você não pode sentir um pouco de sofisticação durante o procedimento.
“Nas clínicas ou em spas existem algumas etapas para a vaporização uterina. A primeira etapa é semelhante a uma consulta médica, em que é feita uma investigação sobre possíveis doenças que a mulher pode ter, como cólica menstrual, infertilidade, infecção genital, corrimento de repetição, para direcionar o tipo de infusão que vai ser feito. Com isso, o terapeuta vai escolher quais são as ervas indicadas para aquela situação, e depende do tipo de queixa que a paciente teve”, acrescenta Prado para quem quer um pouco de glamour no processo.
Para a vaporização podem ser usadas algumas ervas anti-inflamatórias, antissépticas, algumas relaxantes também. Cada erva tem uma característica específica, propriedades específicas, que vão atuar de acordo com a queixa que a paciente apresenta
Quer deixar a experiência ainda mais relaxante? Experimente colocar uma música calma no fundo, além de uma luz indireta para gerar um ambiente calmo e confortável! Mas atenção, a prática ainda deve ser realizada com segurança, se assegurando de que a temperatura esteja controlada para não correr risco de queimaduras acidentais na região genital ou, inclusive, que você acabe caindo na bacia.
Pronta para se permitir o autoconhecimento?